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Seleção Brasileira

19 anos de um show

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Eu tinha 14, nunca tinha visto a seleção ser campeã do mundo. Pra mim era um sonho, uma lenda contada pelos meus pais e avós que eu não via a hora de conferir.

A idéia do povo todo nas ruas, a festa, nós em primeiro. Apaixonado pela seleção e pelo Brasil por criação, não aceitava bem a idéia de “não ir a Copa”. Mas naquele domingo, há exatos 19 anos, a chance era real.

O time do Parreira jogava mal pra caralho. Dava medo assistir. Teimoso, fraquinho desde sempre, não levava pra seleção o melhor jogador do mundo. Jogavam Muller e Bebeto, ótimos, mas dois preparadores, não necessariamente os definidores que precisávamos.

No último jogo das eliminatórias o  Brasil tinha que empatar com o Uruguai em casa. Uma derrota e estavamos fora da Copa.

Futebol é foda.

Muller se machucou, e a notícia veio: “Romário é chamado para o jogo decisivo”.

Aquele baixinho sempre foi escroto. Da sua estréia no Vasco, quando queria o lugar de Dinamite, ao dia do tetra, sempre se garantiu, prometeu e fez.

Chegou com o planeta nas costas. O cara que poderia salvar o Brasil, agora, pode. E se não salvar, acaba com toda a propaganda feita pelo próprio, que sempre se enxergou como solução.

Lá estava Romário, outros 10, 100 mil na arquibancada, 200 milhões na tv, nenhuma unha inteira em todo pais.

Eu assisti na casa de um tio. Chato pra cacete, já foi dizendo que o semblante era de medo, que iriamos perder.  Eu, que na época ainda ouvia os mais velhos, fiquei gelado. Me segurei no sofá e vamos ver o tal Romário.

As apostas eram como hoje. “Ele não vai aguentar”. “Vão marcar demais”. “Vai tremer”.

E no primeiro toque na bola ele mete um chapéu no uruguaio e leva o Maracanã abaixo. Eu, da casa do tio, já ficava em pé. E ali, do lado do sofá, assisti aos 90 minutos sem me sentar.

Meu pai andava de um lado pra outro, meu tio bebia o que colocassem no copo. Ninguém olhava mais nada, só a tv. No intervalo, silêncio. Zero a zero, seleção que não era a que o povo queria, mas era a nossa.

Voltamos para os 45 minutos decisivos e os jornalistas começam a falar em 1950, em Uruguai, zica, Maracanã…. “Não pode ser. Hoje, não! Eu não vou, além de esperar pra ver o Brasil campeão, amargar a seleção fora da Copa”, pensava.

E lá foi o tal Romário. Em 2 lances, dar alegria e alívio a 200 milhões.  Maracanã aos pés de um baixinho que sequer era convocado pelo teimoso treinador pragmático que mais tarde seria consagrado pelo mesmo.

De cabeça, driblando o goleiro, aviãozinho no gramado, uma alegria sem fim.

Era o primeiro passo pro caneco. Veio no drama, na crise, no dia em que muitos esperavam pra dizer: “Eu avisei que ia dar merda”, ele disse, sozinho: “Eu avisei que era só me chamar”.

Aí passam 19 anos, Romário fez mil, eu sou jornalista e vejo a seleção indo pra Copa desacreditada esperando uma reviravolta como aquela.  De cá, tenho meus motivos pra dizer: “Eu avisei, Mano!”.

Mas não consigo. Aprendi com um garoto de 14 anos que a seleção pode ser a rara oportunidade de dividir alegria com parentes e amigos que não torcem pelo seu time. Que surge ali, pelo futebol, mais orgulho do seu país. E que memórias como essa não são pequenas o suficiente pra tentar racionalizar minha paixão.

Hoje tem! E se “eu avisei” ou não, pouco importa.  Sigo, 19 anos depois, esperando outro “Romário” pra nos salvar.

abs,
RicaPerrone

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Futebol

“Incontestável” tem 13 letras

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Poxa, professor! Dia 5? Achei que seria num dia 13. Mas tendo um ano apenas 12 meses talvez janeiro seja o que vem depois do 12… e faz sentido.

Há quase 10 anos eu fui um privilegiado. Saindo do Maracanã após nossa última partida redentora – a vitória sobre a Espanha – Zagallo passou em direção ao carro no estacionamento do estádio. Um grupo de torcedores o viu, gritou, ele respondeu com um gesto.

E ali na saída do Maracanã nós gritamos em coro o nome do velho lobo enquanto ele nos agradecia um raro momento de juízo do brasileiro diante de um dos seus maiores orgulhos.

Foi a única vez que vi uma homenagem espontânea em massa que deveria ser diária para quem tanto nos deu.

Num país vencedor Zagallo não andaria na rua. Num país que venera o fracasso e que rejeita o que deveria nos inspirar ele morreu sem ter nada do que merecia.

Se o futebol fosse um homem se chamaria Edson. Mas seu sobrenome seria Zagallo.

Se o futebol virasse um livro ele estaria na capa.

Se não fosse Zagallo eu nem sei dizer se seríamos pentacampeões do mundo.

Hoje a CBF demitiu o treinador. Claro que foi um ato político tosco da atual gestão, mas romantizando, parecia que o cargo tinha que estar vago pra ele poder partir. Afinal, sabemos, os treinadores da seleção sempre foram apenas substitutos do Zagallo. O cargo sempre foi dele.

Um ano depois do Pelé. Parece que o futebol está gritando na nossa cara de joelhos pedindo ajuda. Nos tiraram a coroa, agora a espada.

Quem somos nós, afinal? Sem a coroa não temos poder, sem a espada não temos como lutar. Quem vai nos defender do iminente fim do império?

Não serão os bobos da corte. Aqueles que durante décadas usaram seus microfones pra menosprezar Zagallos enquanto tentavam ensinar futebol para seus verdadeiros donos.

Hoje é Felipão, Luxemburgo, amanhã será com Ronaldo, Romário, Zico, tanto faz. O Brasil não suporta vencedores. A nossa imprensa tem ódio de quem vence.

Zagallo foi patriota, militar, amava a seleção, defendia nosso futebol, acreditava no nosso jeito de jogar, tinha orgulho do Brasil e, portanto, devia ser devidamente preservado de seus merecidos aplausos. O Choquei existe há décadas, amigo. Só muda de nome, mídia e dono.

Hoje ele se foi com suas recentes internações em nota de rodapé. Não porque não importava, mas porque colocar Zagallo na capa dói. É como se a imprensa brasileira tivesse que ir ao velório de quem ajudou a matar.

Mas ainda que tenham feito uma força inacreditável, covarde e coletiva para não lhe dar os devidos créditos, os fatos ainda que deturpados não podem ser mudados.

Desculpa, Zagallo. Falo sem procuração mas sei que falo pelos bons.

E agora que venham as homenagens à la Brasil. Sempre com o corpo frio, a memória curta e a cara de pau.

Obrigado, professor! Se existir como você tanto acreditava, que Deus te dê o que nós não fomos honestos pra te dar.

Rica Perrone

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Futebol

Nunca esteve certo

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O impulso jornalistico sempre te joga pra manchete que gera clique, que gera fama, que gera dinheiro. É compreensível. Mas no futebol existe uma coisa que qualquer idiota com 2 meses de estágio percebe: falta assinar.

E assinar, irmão, no futebol, é a única coisa que realmente fecha um negócio.

Basta um telefonema. Pronto, mudou. Proposta maior. Ele vai.

Ancelotti nunca esteve acertado com a CBF. Ele ouviu a CBF e disse que, quando fosse renovar com o Real Madrid, daria prioridade pra proposta da CBF por se tratar da seleção.

E aqui vão dois jogos. O da mídia de levar a informação vinda da CBF, que vai te pautar conforme o que convém pra ela, e o do treinador em deixar isso vazar pra ganhar aumento.

Porra, juvenil!

Claro que o Real ia oferecer o aumento. E é claro que ele usaria a maior seleção do mundo pra renovar o contrato dele.

A CBF do Ednaldo foi a mais absurda CBF de todas.

Mas e agora? Agora o Mourinho recebeu uma ligação. Se foi da CBF anterior ou da que vem aí, honestamente não sei e não farei sensacionalismo na manchete pra te prender. Mas se for da nova pode haver algo.

Diniz? Ou você dá 4 anos pra ele ou não dá nada. Todo mundo sabe que demora pra funcionar. E portanto ou você o garante o cargo ou nem começa.

Hoje quem se fode é o Flu, que monta o time de 24 sem saber o seu treinador. E pior: sem ter pra quem perguntar, porque nem presidente a CBF tem.

Haja mico.

Rica Perrone

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Seleção Brasileira

Eles precisam entender

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Hoje é terça-feira e nós vamos receber a Argentina no Maracanã. A seleção patina, estranha os novos métodos, disputa uma eliminatória que não tem risco de ficar fora.

O treinador sequer é o permanente.

Estive com alguns jogadores da seleção informalmente essa semana no Rio e tentei dizer algo pra eles que me parece superficial em vossas cabeças: Brasil x Argentina não é um jogo de eliminatória.

Talvez por serem amigos, jogarem juntos na Europa, sei lá eu os motivos certos, mas aquela rivalidade que existe em nós anda distante deles. E então, meus caros, nada restará em nós que não seja esperar 4 anos pra julgar tudo como lixo ou ouro.

A seleção existe o tempo todo. De 4 em 4 anos jogamos o maior torneio, não o único. E pra sermos quem somos temos que ser protagonistas em todos eles.

As convocações de jogadores com 10 partidas de titular há décadas nos desvaloriza. Mas a CBF não entende isso. O distanciamento do torcedor é natural, os jogadores sequer jogaram no Brasil em muitos casos.

Mas será que tem alguém ali pra explicar pra eles que é Brasil x Argentina? Que a gente não quer abraços antes do jogo, sorrisos e uma atuação bonita? Só queremos ganhar.

Temos que ganhar.

Pela Copa América perdida, a Copa que eles conquistaram com ajuda de arbitragem (pra variar) e principalmente porque nós não perdemos jogos grandes em casa. Somos a maior camisa de futebol do planeta. Só que pra honra-la é preciso mais do que técnica. Precisa de sangue.

E a seleção, embora conquiste resultados, seja consistente, tenha bons jogadores e resultados, não tem sangue nos olhos.

Pra ganhar da Argentina precisa bater mais do que eles. Intimidar mais do que eles. Irrita-los mais do que nos irritam com seu anti jogo.

É preciso não ter pena do tornozelo do Messi. É um tornozelo como qualquer outro. Ou alguém duvida que eles pisariam no do Neymar?

Hoje nós vamos testa-los de vez. Se estão ali pelo treinador, pelo status ou pela seleção. E se algum jogador não suportar jogar contra a Argentina, que seja desconvocado no ônibus de volta.

Essa seleção é boa, mas reza demais e briga de menos.

Hoje é dia de mostrar quem são. Porque nós ainda não sabemos.

Existe uma geração de imbecis virtuais que torcem pela argentina e estão doidos pra gritar o nome do Messi no Maracanã. Se isso acontecer será pior do que o 7×1.

E depende de vocês se vamos rir deles ou ver os juvenis aplaudi-los.

Não é só um jogo de eliminatória.

Vençam!

RicaPerrone

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