Era uma vez um time derrotado. Um time que tinha seu craque machucado, fazendo esforço pra jogar a Copa e que era um dos que perdeu 82, onde o futebol brasileiro perdeu a Copa e a identidade.
Naquele jogo, contra a França, estava 1×1.
Aos 30 minutos do segundo tempo Zico entra em campo, ainda machucado, para tentar salvar. E como craque que era, mete uma bola perfeita para Branco, que sofre penalti. Frio, baleado e pressionado, Zico pede a bola e cobra.
Ele perde o penalti, e um país cai nas suas costas. Mas ele pediu a bola e bateu.
Zidane, na Copa da França, chamou a responsabilidade em todos os jogos que precisou e resolveu, pressionado, em casa, diante de milhões.
O mesmo Zidane, em 2006, já parando a carreira, pega o Brasil e acaba com o jogo, dando até chapéu no nosso craque.
Ronaldo, em 2002, quando já havia sido decretado morto pro futebol, pede a bola e faz 8 gols na Copa, se tornando artilheiro absoluto da história da competição.
Romário, em 94, pede pra ir, promete e o tetra, vai lá e busca.
Baggio, em 94, contundido, leva seu time até a final chamando a responsabilidade nas prorrogações.
Hoje, nesta leva de jogadores mimados e que são tratados como Deuses, são raros os que conseguem, errando ou acertando, pedir a bola e chamar o jogo.
Gerrard faz isso em seu clube. Drogba faz isso, Forlan está fazendo. Mas são raros.
E mesmo que estes não tenham a qualidade técnica de alguns craques brasileiros, se tornam mais importantes em seus clubes e seleções.
A nossa geração é de baixa qualidade, de pouca personalidade e nenhuma coragem.
Nosso capitão, o sujeito que tenta sem medo de errar, é beque.
O último campeão brasileiro teve um cara que chamou pra ele e resolveu, e era gringo.
Os que ainda jogam e podiam fazer isso, casos de Adriano e Ronaldo, não quiseram ir pra Copa do mundo.
Nossa geração tem meias habilidosos, que somem quando precisam. Tem atacantes de alto nível, que não pedem a bola. Temos zagueiros, volantes, goleiros… mas lá na frente, onde o endeusamento é maior e mais rápido, parecem todos irmãos.
Jogadores sem personalidade, cheios de marra e cheios de gols de video-game. Sabe aqueles no Getafe? Então. Porque quando a coisa esquenta, talvez com medo de errar e se tornarem Zicos na mente dos menos criteriosos, preferem a omissão.
Joga na bunda do técnico, devem pensar. Afinal, hoje em dia, é sempre na bunda do técnico.
Cristiano Ronaldo é o retrato dessa geração. Corre, dribla, joga muito! Mas sua preocupação é só pessoal. Foda-se o time, foda-se tudo. O que importa é se estou bonito, na moda, ou na mídia.
Quando colocamos 100% das coisas sempre nas costas de treinadores, damos mais e mais motivos para estes caras serem covardes e apáticos quando precisamos.
Não, o Robinho não tem culpa de não ter nascido líder. Kaká idem. Menos ainda Elano e Luis Fabiano.
Culpados somos nós, que endeusamos cedo, que tiramos deles qualquer responsabilidade e que jogamos tudo nas costas de quem fica no banco, sentado, só pedindo pra eles fazerem.
Invertemos valores.
Ou alguém acha que o Andrade teve algum mérito magico naquele titulo? Claro que não. O mérito maior foi do grupo, que fechou e esteve afim de chamar a responsabilidade. Méritos do Pet, do Adriano, e também do Andrade, que deixou seu ego ser menor do que o do time, o que hoje é raro.
Nossa geração é formada por jogadores altos, rapidos, fortes, quase europeus. E isso é reflexo do nosso tipo de cobrança, pois vemos apenas o resultado.
O Brasil fez uma boa Copa, até jogar 45 minutos inaceitáveis.
E não foi tático, técnico. Foi emocional. Tomamos o gol e paramos de dar um baile que estavamos dando no primeiro tempo. Ali, pesou a falta de alguém pra pedir a bola, levantar a mão e mandar parar o jogo. Orientar, gritar, etc.
E o Dunga ia criar este sujeito?
Ele não existe! Há tempos não existe.
É hora de repensar muita coisa no nosso futebol, entre elas, esta super-proteção aos craques de video-game que adoram meter 20 gols por campeonato, mas que somem no jogo decisivo.
É preciso formar homens, não apenas grandes jogadores.
abs,
RicaPerrone