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Flamengo

O auto-nó tático

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Você já viu treinador dar nó tático no adversário. Mas, as vezes, vemos também o treinador dar nó nele mesmo. Casos, em 2010, de Andrade e Rogério, que seguiram linhas parecidas em busca de um mesmo objetivo e tiveram um resultado bem semelhante.

O Flamengo começou o ano buscando manter o time de 2009 e mexer apenas em algumas peças. Mas, não fez.  Não procurou um Airton, e sem ele, o time precisou mudar a forma de jogar. Aí vieram diversas formações, nenhuma funcionou.

Mais recentemente, o Flamengo andou testando 3 tipos de time. E todos eles caem na mesmíssima besteira.

Olha os próximos 2 desenhos, pensa no que você tem visto em campo e me diga se encontra o problema.

Note que interessante: Ambos tem os dois atacantes fixos na frente. Ambos buscam o jogo pelos laterais, e os dois acabam povoando o meio-campo para compensar a subida do Léo e do Juan.

Eu uso 3 volantes, dois laterais ofensivos e 2 caras na frente. O meu meia, que poderia e deveria servir pra cadenciar o jogo e buscar jogada, é um corredor carregador de bola. Não vai armar nada, nem ficar prendendo organizando a jogada.

E aí a coisa fica interessante.

Quando o Bruno pega a bola, ele faz 2 coisas: Ou ele enfia a bica pro Adriano brigar de cabeça pra ver se ele domina, dribla 3, dá chapéu, baixa o Pelé e resolve, ou então sai com o Léo ou o Juan.

Nas duas opções, o objetivo simples e claro é pegar a bola, abrir e cruzar pro Adriano pelo alto. Se não for pelo meio, no máximo, tentam ir a linha de fundo. Mas basicamente pra isso.

E aí, meus caros, fica simples explicar.

Se a saida de bola é 100% pelas alas, todas elas em velocidade, sempre buscando o centroavante, o posicionamento é natural. O centroavante vai pra área. O meia único vai encostar no lado que o lateral estiver carregando, e os volantes vão ficar igual bestas assistindo o jogo porque a bola simplesmente não passa por ali.

Nisso, morre o Kleberson. Independente da sua fase ruim, a sua principal característica sempre foi ser o cara que pega a bola da defesa e dá o primeiro passe ao ataque. Tocando e dando opção para um novo recuo. Com este time acelerado do Flamengo, não existe como o Kleberson fazer nem uma coisa, nem outra.

Aí a bola não chega. Bate o desespero no Adriano e ele volta para buscar. Quando volta, deixa o Love na área. E o time continua cruzando. Só que ai, cruza pro mais baixo. Resultado: Piora.

Você devolve a bola rapidamente pro adversário, já que toda jogada do Flamengo é muito aguda. Assim sendo, toma gols. Não prendendo a bola, os volantes não chegam na frente e nunca podem abandonar lá atrás. Ficam sendo meros cães de guarda.

O time se torna previsível e dependente em quase 100% de uma jogada do Adriano. E é natural que a jogada individual mais dificil seja do cara mais marcado do time. De um meia, há espaço pra chegar de frente e brilhar. De um atacante, nem tanto.

A bola está sempre nos pés do meia, e muito menos no do atacante. Se a jogada não passa pelo meia e vai direto ao atacante, a tendencia é perder mais e mais a bola.

Sugestao? Coisa simples:

Vai ter 2 alas ofensivos? Vai, não tem como ser diferente. Então, ao invés de povoar o meio pra não fazer uso deles, coloque 3 zagueiros, deixe o Leo e o Juan soltos pra armar o time.

Os dois volantes ficarão ali, mas podem sair pra apoiar. E poderão sair se o Pet for este meia, porque ele pára, prende e espera os caras chegarem. O Michael não sabe fazer isso, logo, a bola vai e volta.

Time com laterais suicidas não pode ignorar o 352. Pode, se usar 3 volantes. Mas só tem essa escolha se na frente dos 3 tiver alguém que prenda e cadencie o jogo, caso contrário, ela vai e volta, e os caras não fazem parte do setor ofensivo, apenas da destruição de jogada.

O Flamengo 2010 não se achou ainda, e tem tudo pra se achar. O time é muito forte, mas considero o bom treinador aquele que faz melhor uso do que tem, não aquele que pede pelo que não tem apenas.

Se os alas são ponto forte no Flamengo, use-os. Para usa-los, 3 zagueiros ou 3 volantes.

Se os 3 volantes não vão conseguir fazer parte do jogo pela velocidade da partida, então use 3 zagueiros e solte um deles.

Assim, faz a conta que eu mais gosto de fazer quando vejo um time e vou sugerir ou imaginar formação tática:

Quantos ótimos zagueiros você tem? Quantos ótimos meias? Quantos ótimos atacantes? E assim, forme um time com o máximo de ótimos jogadores que conseguir.

Léo, Juan, Adriano e Love são acima da média nas suas funções. Se é fundamental fazer bom uso deles, adapte a formação a eles, não eles a formação.

Pegar, abrir e cruzar pro Adriano funciona as vezes. Mas… só isso não dá.

abs,
RicaPerrone

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Atlético MG

Saldo de compra e venda dos últimos 10 anos

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Nos últimos 10 anos os grandes clubes do Brasil alternaram momentos. Alguns em profunda crise, outros nadando em ouro, mas todos ainda tendo nas receitas de jovens uma grande parte do seu faturamento.

E portanto, considerando as temporadas 14/15 até a 23/24, fizemos um balanço de acordo com os dados do Transfermark sobre o fluxo de compra e venda de jogadores de cada um dos 12 grandes.

Claro que existem salários, luvas, “compras” sem repasse ao ex-clube por fim de contrato. Mas aqui consta apenas o que é valor final e oficial.

Quanto seu clube comprou e vendeu nos últimos 10 anos?

Algumas curiosidades sobre:

  • O Fluxo de compra e venda do Grêmio, somado a resultados, nos últimos 10 anos é muito bom.
  • O Fluminense segue vendendo suas jóias e comprando pouco tendo recentemente conquistado títulos em 2023.
  • O Flamengo é uma máquina de ganhar e gastar.
  • O Botafogo tem uma divisão de base terrível. Não gera quase nada ao clube.
  • O investimento do Vasco foi quase todo feito em 22/23.
  • A temporada de maior gasto foi a do Flamengo de 19/20, com 250 milhões em contratações.
  • A maior janela de vendas também foi do Flamengo em 18/19 com 483 milhões de reais.
  • Nenhum dos 12 grandes comprou mais do que vendeu no saldo dos últimos 10 anos.

Rica Perrone

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Flamengo

Filipe Luis: meu calado favorito

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Era 2014. Eu escrevi ou falei alguma coisa sobre o tal do Filipe Luis lateral da seleção. Meu telefone tocou já tarde da noite e era uma mensagem de um amigo empresário do futebol que me dizia “eu concordo com 90% do que você escreve, mas sobre o Filipe você está errado”.

Eu havia dito que ele era um lateral muito burocrático. Que era muito bom jogador mas que eu tinha dúvidas da capacidade ofensiva dele.

Só que esse amigo é amigo também do Simeone. E ele me explicou que não era uma opção. O Simeone jamais daria liberdade naquele time pro lateral dele criar ou ficar indo a linha de fundo. Que o Filipe jogava muito dentro do que permitiam.

Ok, ouvi, guardei. Ele acabou não indo pra Copa, seguiu na Europa, saiu e voltou pro Atlético e nunca consegui ve-lo jogando com mais liberadade pra mudar de idéia até ele chegar ao Flamengo.

Um dia, já em 2023, um dirigente do meu SPFC me perguntou: “O que voce acha do Filipe Luis? Ta velho?”.

Respondi que não. Que caberia na zaga ou na lateral do Tricolor ainda. Hoje sei que a oferta foi feita, mas ele não aceitou. Tirando esse erro brutal de sua carreira que foi não ter jogado no SPFC, Filipe fez tudo certo.

Tão certo que é até constrangedor avalia-lo. Onde ficam os “poréns”?

Final de 2022 Filipe e eu conversamos pelo whatsapp e ele me disse algo que me deixou ainda mais seu fã. Falavamos sobre a Copa, a chance dele talvez estar nela, e eu brinquei que ele poderia ser chamado pra ser auxiliar do Tite. Ele me disse que se chamassem pra carregar as redes de bola no treino ele iria só pra estar com a seleção na Copa.

Cara, isso é muito foda. Ele falou isso em off, não pra ir pro ar e parecer interessado. Ele realmente abriria mão de tudo pra estar lá e ajudar a seleção. E eu ainda brinquei com ele (falando a verdade) que também pararia a carreira se me levassem pra empurrar as malas dos jogadores, meramente pra estar ali.

No final deste ano ele me ligou e combinamos de almoçar. Não o conhecia pessoalmente, só a relação comentarista/comentado mesmo. E em algumas horas eu conheci alguém que era exatamente como eu jurava que seria. Sereno, educado, cabeça boa, focado. Outro patamar, como eles gostam de dizer.

E por algum motivo que não me lembro qual, chegamos numa discussão sobre “poder”. E no meio disso eu falei pra ele que o “poder” é um equívoco, porque ele só te mata aos poucos em troca de ego. O “poder” que importa é outro. É o “poder” olhar seus filhos orgulhosos de você. “Poder” ver orgulho nos seus pais por quem você se tornou. “Poder” vencer sem ter prejudicado em ninguém.

E caraca, Filipe. Como tu é “poderoso”, irmão.

Quandos “podem” contar o que você conta? Quantos “podem” dar a sua família o que você dá pra sua? Quantos “podem” dizer que venceram na vida sem sombra de dúvida ou espaço pra interpretações?

Eu vou sentir muita falta daquele lateral meio calado, “burocrático” do Simeone e bem mais criativo do Jesus. Vou te dizer até que você não é um dos meus preferidos, pois óbviamente eu vou preferir um passado do futebol mais técnico e lento. Mas você foi o primeiro lateral brasileiro que hoje o mundo considera o ideal.

Você é a virada de chave. O lateral que joga, mas que marca. Alto, que cabeceia se precisar, que vira zagueiro, vira ponta e que não depende de dribles mágicos pra se tornar fundamental.

É o futebol de hoje. E por pioneirismo ou vocação, você foi o primeiro a entende-lo.

Boa sorte, Filipe! E muito obrigado por tanto.

Agora descansa que pelo jeito vou passar os próximos 20 anos discutindo se você escalou bem ou mal, se mexeu certo e se deve permanecer ou ser demitido. Porque é óbvio que você será protagonista no que quer que seja.

RicaPerrone

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Flamengo

Flamengo vive entre o alívio e a dor

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Não há prazer na Gávea. O que o Flamengo se transformou nos últimos anos é um projeto muito improvável de se tornar o Bayern do Brasil e conquistar todos os títulos meramente por obrigação de mantê-los.

O torcedor mais novo comprou o barulho. Acreditou na ideia e agora sofre com qualquer coisa que há poucos anos seria considerado um “resultado normal”.

A mídia embala, os influenciadores inflamam, e o Flamengo virou um clube que só alterna entre o alívio e a dor, excluindo o prazer.

Que graça existe na glória se ela for rotina? Se é glória, não é comum.

Entendo que o investimento é alto. Mas entendo o suficiente de futebol pra saber que onde se compra resultado com garantias é na Europa. Aqui, berço de craques, nunca se sabe se o que você comprou o rival não vai lançar da base. Ou se o treinador vai surtar, se o jogador vai cheirar, se o grupo vai rachar.

Aqui são outros 500. E mesmo que seja 2 mil, 500 ainda mudam resultados.

O Flamengo evita perder títulos. E isso é um absurdo tão grande que eu chego a sentir pena do que virou torcer pro Flamengo.

Hoje fala-se em “salvar o ano”. Ok, então ser campeão brasileiro é salvar o ano e não conquistar algo incrível? Que merda que deve ser viver na cabeça desse torcedor. Ele busca a glória como alívio e qualquer insucesso como tragédia. Não há gozo. Só dor e alívio.

Se o Flamengo ganhar o Brasileiro – e pode – será incrível! Não uma “salvada” no ano ruim.

Desde quando não ganhar a Libertadores é vexame? Como você, torcedor não acéfalo, compra esse discurso sensacionalista vazio de quem quer te pegar no calor da derrota pra vender clique?

Você está indo buscar um título enorme em cima de um rival. Se isso te soa como “salvar o ano” ou aliviar o que deu errado, você morreu pro futebol. A soma da arrogância de parte da diretoria do Flamengo com a soberba natural da torcida e a validação midiática do absurdo transformaram o Flamengo numa máquina de memes.

Porque não dá pra ser só grande e disputar títulos? Quem evita perder algo que não lhe pertence? Porque é tratado assim todo campeonato que o Flamengo disputa?

A Flapress sempre fez mal ao Flamengo. Hoje ela está somada a alguns influenciadores que não carregam a obrigação da isenção mas inflamam ainda mais a torcida nas horas de derrotas comuns.

Que sentido tem terminar o ano brigando por um título e ao invés de euforia só se fala em “salvar ano”?

Quem dera meus anos todos fossem salvos com um título brasileiro.

Desfrutem. Ser Flamengo não pode ser um peso, mas sim um prazer.

Vê-lo brilhar, lembra? Então…

RicaPerrone

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