Oscar, menino que esconderam numa bolha, era “o novo Zico”. Trataram tão bem que um dia ele acreditou que era gênio e, antes da hora, se rebelou e saiu. Na justiça, porta dos fundos, feio demais. De novo por trocados, tudo se acertou.
No dia que o são Paulo é “oficialmente anunciado pela imprensa” (ja viu isso? Nem eu…) como destino de Ganso, outro investimento complicado, um sinal de alerta vem do gramado do Morumbi.
Lucas, o garoto de 20 anos, menos de 3 anos como profissional, já rico, já na Europa, já na seleção, já vendido, mete o pé em todas as divididas, corre por 10 e, grato com quem lhe deu espaço pra tudo isso, resolve o jogo no Morumbi.
Grande merda ganhar da Portuguesa. Não é essa a questão.
O interessante é ver o São Paulo, diante de 2 investimentos furados, perto de uma terceira tentativa, ter em sua realidade um exemplo do que funcionou em 100% e, ainda assim, pensar em investir parte desse retorno em algo que não parece tão certo.
Ganso é craque. O quanto está arrebentado, não sei. Mas deve estar um pouco, já que vive no departamento médico. Há mais de 2 anos não joga nada, recebeu a mesma oferta do Neymar, recusou, se considera mais valioso, talvez.
Ingrato, quer sair falando em “falta de valorização”. Repito: Ele recebeu a mesma valorização do melhor jogador brasileiro e um dos 3 melhores do mundo. Recusou e, machucado, sem entrar em campo, se disse desvalorizado.
Agora sai, não porque o clube quer, mas porque forçou a saída. Sai reclamando, fazendo acordo com investidor, fatiado como pizza, já partindo pra um negócio de milhões que não dará nem 40% de retorno ao comprador.
O SPFC gasta 20, leva 40%. 60% fica com um grupo de investidores que, sem nenhuma dúvida, vão cobrar retorno financeiro. Ou seja, a venda do jogador. Ganso, portanto, não cumprirá contrato com o SPFC. É óbvio.
Se vendido por 50 milhões, por exemplo, o SPFC recupera o que pagou, sem contar salários.
Pode sair por 80? Pode. Joga muito. Mas você acredita?
Qual argumento Ganso tem a seu favor após 2 anos no departamento medico ou se arrastando em campo?
O de ser uma aposta. E apostamos com alto risco se quisermos um lucro maior.
Não acho ruim, acho contraditório um clube que tem Lucas olhar com tanto desejo pra um Ganso, garoto que faz exatamente o oposto do sãopaulino do lado de lá.
E quem faz lá, faz cá.
Lucas é um exemplo de jogador, investimento, relacionamento e profissionalismo que jovens de 20 anos não costumam ter. Ganso tem 23, e não tem.
Deram 100 paus no Lucas porque sabem quem estão levando. Ganso, mega-craque que “teria resolvido a Copa”, pra muitos, hoje sai por 20.
O mercado é cruel, mas segue uma lógica.
Quem ficou chateado com o Inter por dar “abrigo” ao rebelde Oscar não pode ir na Vila dizer que vai fazer o mesmo, apesar de não ser na justiça, com o Ganso, que sai do Santos sem o aval do clube.
É diferente? É. Mas nem tanto.
Burros, duelam por migalhas. Oscar que vai pro Inter, que ri. E amanhã, perderá um jovem pro Fla, que dará risada. E perderá um pro Cruzeiro, e por aí vai.
Quando todos colocarem seus garotos em seus devidos lugares, o índice de “piti” diminuirá e a gratidão vai ser imposta por mercado.
Se não funciona por valores de berço, que seja pelo bolso. Mas que fique claro quem é o clube, quem é o funcionário.
Gansos teremos dezenas. Santos, só um.
Lucas, idem. E sabendo disso, se porta como tal.
Torcedores, com o direito a bipolaridade que o nome lhes dá, achavam Ganso um ingrato. Hoje, indo pro seu time, acham que “tem que ver o lado dele…”. E amanhã, com gols, será “uma burrice do Santos”. Sem gols, “mais um moleque mimado, erro do Juvenal”.
Lá se vai o fato. Vem chegando o sonho.
E o Santos, que sonhou com milhões e lances geniais nos últimos 2 anos, acordou com uns trocados e sem um camisa 10.
abs,
RicaPerrone