Como esse, nunca tinha visto.
Vi entre eles, da arquibancada. Fui à Arena nos jogos de mata-mata e andei aquele estádio 300 vezes pra lá e pra cá. Conheci gente, vi reações, reza, desespero, lágrimas, euforia, medo. Vi famílias, vi gente maluca. Vi de tudo. Mas vi sobretudo futebol.
Não apenas bem jogado. Me refiro a tudo em volta. Paixão de fato, loucura, limites quebrados, doença por um clube, amor doentio por um torneio.
Se a Libertadores fosse um ser humano ela estaria bebada na porta da Arena usando uma camisa antiga do Grêmio por superstição e gritando “Queremos a côôôpa….” feito um argentino, que diga-se, é o unico defeito dessa gente.
A Libertadores não é um ser humano. Então ela pode ser vencida ou conquistada. Raros são os que a conquistam.
O Grêmio conquistou a América de uma forma poucas vezes vista. Indiscutível, simpática a todos, com um futebol bem jogado, domínio completo dos jogos, vencendo as duas finais. E com um treinador que todo mundo odeia amar, ou ama odiar. Tanto faz.
O primeiro tempo da final foi pornográfico. Poucas vezes vi algo parecido e se o Grêmio puder, faça um quadro em sua sede transcrevendo a narração destes 45 minutos, ou um quadro de imagem viva reprisando em looping eternamente esses minutos.
Sua gente chorava de alívio e alegria no gol do Luan, de joelhos, abraçado ao desconhecido ou ao próprio pai. Mas agarrado a camisa como quem agradece por ter tido o privilégio de ser um deles.
Filhos, avôs, netos, pais, amigos, conhecidos e desconhecidos. Bêbados, sóbrios, a base de remédio ou de alcool, mas suportando a semana que levou mais de 45 dias pra passar.
Ao gol do Luan, que foi uma obra de arte, o gremista desmoronou. A minha volta não havia um só torcedor comemorando com raiva, socando o ar, desabafando contra o Lanus. Era uma alegria deles para com eles mesmos. De joelhos, chorando, abraçado a alguém, mas era uma declaração de amor “muda” que poucas vezes eu vi na vida.
Tu és muito bem amado, Grêmio. Tua gente te merece, e vice-versa.
Salve Luan, Portaluppi, Geromel, Grohe, Arthur e os 5 mil heróis que estiveram em Buenos Aires.
Salve o Grêmio! Salve banda da Geral!
Salve o povo da Arena no telão!
Salve cada lágrima que tu derrubou por este clube na vida.
Parabéns! Vocês são diferentes. Tal qual seu clube.
abs,
RicaPerrone