Sem bola
Uber escancara a burrice
Aqui não posso fumar maconha, porque faz mal. Não posso levar um rojão no estádio, pois posso apontar pro lado errado e machucar alguém.
Não posso nada, para que sempre alguém tenha controle dos erros que eu possa cometer. Eu jamais vou aprender a arcar com as consequências do que faço se as causas são mais culpadas do que eu.
E então surge o Uber. Um tapa na cara de um país onde ser empregador ou patrão é uma função que lhe coloca imediatamente como vilão aos olhos da lei.
No país dos direitos trabalhistas, um sujeito não pode sugerir trabalhar por conta própria e ter sua condição de vida determinada pelo seu esforço. É um absurdo! Onde ficam os 20% do governo, os 20% de quem arrumou o ponto, os 20% de quem era dono da permissão pra ter o taxi, e mais os 20% daquele rolê a mais que damos com o gringo?
O brasileiro é tão domesticado a ver o mundo como um funcionário fodido que não enxerga nem as oportunidades que aparecem no seu nariz.
Sou taxista. Eu pago diária, impostos, uma taxa pro ponto, outra grana pra ter o direito de ser taxista, já que as permissões legais estão nas mãos de uma máfia há décadas e décadas.
Um cara do meu lado abre uma possibilidade de eu comprar meu carro e trabalhar livre disso tudo e ganhar meu dinheiro honesto sem ter que dividir com tanta gente que não merece.
O que eu faço?
Enxergo a oportunidade de barganhar com isso no meu trabalho e melhoro minha renda ou reclamo da concorrência e peço ajuda aos caras que me comem diárias absurdas pra distribuir na máfia dos taxistas?
O taxista não consegue entender que, embora seja justo que o Uber seja cobrado com impostos, o que está acontecendo é a abertura do mercado que ele trabalha.
Na cabeça do brasileiro médio as coisas não funcionam com fins lucrativos mas sim com algum ideal.
O Uber é a libertação do taxista. E ele, limitadíssimo em sua visão de negócio, fecha com a máfia que o extorque para protegê-la.
Falta ao brasileiro o direito de ganhar dinheiro, o prazer em tê-lo e a não ostentação em se foder.
abs,
RicaPerrone