Connect with us

Campeões de audiência

365 days in Rio

Published

on

O amigo leitor Pedro Elias traduziu o texto “365 dias no Rio” para que mais gente além dos brasileiros possam ler.  Obrigado!


And then I stopped the car, pulled the handbrake and thought, “I came home.”

It has been one year. I landed with wife, dog and some bags. The move came the next day. It took me 33 years imagining “how would it be”, and now I have one to tell “how it was”.

Rio de Janeiro is my Paris. I do not dream of such a tower, nor care about the Louvre and do not even think it would be cool to drink coffee in that Champs Elysees. I find it charming to go to Copacabana beach, drink beer wearing slippers in Leblon and go to a samba at one of the big samba schools.

I heard a thousand lies and a thousand truths about Rio while I lived in another state. All fair in the end.

A Carioca exaggerates everything, for better and for worse. If he compliments the beach, he praises it saying it’s “the best beach in the world.” Talk about Rio being dangerous, he does not deny. He says it is “dangerous as hell.”

He treats his city as his child. Only he can criticize.

Cariocas don’t make plans to meet up they just meet up.

Confirming an invite here doesn’t mean anything. You suggest “let’s go?”, I say “Let’s.” Which does not imply necessarily accepting the suggestion.

Appointments in Rio are “around this time”. Sunday is Sunday. And relax, brother. Why the rush?

Within 5 minutes you become childhood friends, the second time you meet they embrace you and put a nickname on you!

They don’t take you home. They invite you to the streets. It is curious. But it is that the “street” here is so beautiful that being confined at home is a waste.

Cariocas walk in flip flops with no self judgement. They are free, devoid of any sense of sophistication.

On the contrary, they seem to feel bad in a formal setting and some refinement.

“Porra”(word with many meanings all considered at least rude) is a term that opens any sentence in town. I am still to go to a church to check, but I suspect that even Mass begins with “Porra, Our Father who art …”.

Cariocas are not competitive. I think it’s wonderful, after all, I come from the most competitive land in the country. And I confess: to compete all the time tires you.

I find it funny when they defend the rival club by the mere pride to say that “Rio’s football ” is well. They don’t even notice, but sometimes protect themselves.

They love this shit. It’s impressive!

Carioca is the person who is most Brazilian but they are so proud of who they are that they don’t even seem Brazilian.

Carioca has a nice smile, an arrogant air of “I know what’s up”.

Big mouthed, slick, short fused. They talk a shit load. And they know they are exaggerating.

They think they know what cold is. Imagine, they make fondue at 20 Celsius!

Barra (few miles away) is far. Buzios(beach paradise much further), right there!

Niteroi is a piece of Rio they don’t tell tourists about. Only they get enjoy it.

Nilópolis is far. Bangu too.

Cariocas, in general, think they are doing you a favor even if they are working. It’s all absolutely personal, informal.

If they like you, they serve you well. If not, they don’t.

You in a hurry? You gonna get irritated. They are in no hurry for anything.

You know that tasty(hot) girl “gostosa”who knows she is hot? Cariocas know where she lives.

Their localism is unique. Neither separatist nor playing victim. Just proud. Instead of hating a neighbor state, they make fun of it and kill themselves laughing at whom it offends.

Rio is meant to be happy.

They are traditional, they don’t like the world to evolve. A new building in place of the old house on the block is not seen as progress, but missed dearly.

They are loose and very outgoing. They swear to be the luckiest people in the world.

And who’s to say otherwise?

In Rio you become even more religious. That Christ looks at you every single day, with open arms. You can’t! You get to like the guy …

And here comes Friday and the gift to change the environment without moving at all. The Rio that labors turns into a vacation town. The clothes disappear, candid smiles appear for no reason, the sun, football, samba, Rio.

I’ve heard a guy tell me one day that “Rio is a lie well-told by the media.” He was from São Paulo, hated Rio, had never been here.

And he’s a smart guy. If you do not like Rio de Janeiro, stay away from it.

It’s the only way to keep your opinion …

In almost every major city I will notice an extreme effort to make tourists feel at home. An Italian in Sao Paulo is in Italy depending on where it is. A Japanese, ditto. An Argentinian goes to restaurants and an Argentinian environment in any major city.

In Rio de Janeiro no one gives you what you already have. Here, or you turn “carioca”, or you will waste too much time looking for a piece of your land.

It is not true that they are prejudiced to others. One must understand that the Carioca doesn’t claim to be Carioca for being born in Rio. Carioca is a profile!

Renato, the Gaucho(term for people from south of Brazil) is one of the most Carioca guys in existence.

There’s a whole ritual, a little way of approaching.

Call the waiter by their first name, the fellas “brother.” Smile, hug when you see someone you know. Accept the invitation, even though you won’t go.

Make plans for tomorrow, forget them 10 minutes later. Make friends, as many friends as you can.

The more friends, more beer, more laughter, more barbecues, more Carioca you get.

And the more Carioca you are, more you love Rio. As they do.

I like them. I like to look ahead and not see where it ends. I like the sun, hugs, to laugh too loud and not feel like shit for being broke.

I like how they make it happen. I like the simplicity and informality that approaches them to amateurism.

Life does not have to be professional.

It has to be “Gostosa”(tasty)

And of tasty ones, lets face it, Rio is full!

Oops! Sorry love! It escaped.
abs merrrrmão!
RicaPerrone

Campeões de audiência

10 anos no Rio

Published

on

Oi. Eu sou o cara que escreveu aquele texto sobre os 365 dias no Rio e viralizou, virou música, quadro em bar, etc, etc, etc. 

Agradeço.

Quando escrevi muita gente me disse “mora 10 anos ai pra tu ver…“. E eu morei. Agora vim contar o que mudou.

Quando escrevi eu era um apaixonado pelo Rio. Era recente, tudo novo, aquele começo de namoro fulminante. Hoje não sou mais. Agora eu o amo, é diferente. 

Aprendi que o Rio é o lugar mais irregular do  Brasil. Tudo tem um esquema. Todos os setores da sociedade tem alguém mandando não oficialmente. Sempre tem alguém ficando rico com o que não deveria. 

O Rio é a cidade que se auto-organiza pela contravenção. Alguém vai tomar seu bairro e te vender segurança. Alguém vai ao seu restaurante te cobrar um por fora pra garantir a lei. Alguém vai te adiantar na fila do gás se você for “gentil”.  O passaporte da vacina nunca existiu. Só pra rico no Village Mall. 

O crime no Rio é fatiado por setores. Aquela violência que tanto se fala pelo Brasil não é exatamente como imaginam. Ninguém aqui é “mais assaltado” do que em São Paulo. O que assusta aqui é a guerra entre bandidos. Essa é pesada, surreal e na nossa cara.

Mas meio que “foda-se”. Só quem se importa com bandido morto é a Globo e o Freixo. Num geral as pessoas adoram contar histórias delirantes de bandidos que fizeram algo épico numa comunidade qualquer. 

Sim, são “herois” de muita gente. É maluco, mas é real. O carioca acha do caralho ser “bandidão”, “malandrão” ou conhecer os bandidos da cidade. É um status. 

“Tá ligado o fulaninho da baixada? Meu parceiro mané…”.  Ai, nossa, como eu sou perigoso! 

Mas tem um porém. O carioca é amigo de bandido sem saber. Como aqui alguns setores do crime são quase oficiais e permitidos, você tem amigo ligado a tudo que é merda e não sabe. Aí você liga a tv e fala “caraaaaca maluco! O fulano preso! Joga bola com a gente…”. 

É foda. O Rio não é pra “manja-balão”.  

O carioca é o desenho da frase “tá rindo de que?”. 

Mas ele ri. De tudo. Todo dia. E se você o lembrar dos problemas ele ri de novo e faz uma piada. 

E eu adoro isso. 

O único lugar do mundo onde a última opção é pagar. A primeira é conhecer alguém, a segunda é ser convidado, a terceira conseguir entrar. Se nada der certo… “quanto custa?”. 

O caso “Barra da Tijuca” é a melhor definição do amor do carioca pelo “Rio”. É um bairro mais afastado onde tem espaço, estacionamento, hoteis, restaurantes, prédios novos com estrutura, baladas, eventos, praia bonita, enfim. É o Rio melhorado. 

Mas eles se recusam a aceitar isso. Todo carioca que não nasceu na Barra vai morrer dizendo que a Barra é uma merda. Mas se ele ganhar um dinheirinho, ele corre pra lá.

A Barra e o Recreio são os bairros onde moram artistas, deputados, senadores, youtubers, prostitutas, jogadores de futebol e contraventores. 

Você sai numa bela manhã de sol e dá de cara com o Zeca Pagodinho andando na orla. Ai vai almoçar e senta ao lado de um bicheiro com 10 seguranças armados, depois encontra 4 artistas no shopping e no fim do dia dá de cara com o Zico jantando. 

No mesmo lugar, o mais “seguro” eleito pela elite carioca pra morar, você acorda lendo que um carro tomou 35 tiros e morreu fulaninho, que era empresário e tinha ligação com não sei o que. 

É foda. 

Mas vale a pena. Porque só aqui você tem a nossa hipocrisia verde-amarela oficializada. Você se sente um otário por viver num país desses, mas se sente de alguma forma menos otário por saber que é assim e ninguém tá te escondendo isso.

E aqui tem a pior espécie de ser humano que existe:  a gostosa que faz marquinha de biquini.

Filha da puta! 

Elas sabem que a gente não suporta isso, não resiste, não tem como não ser abduzido por aquela linha branca entre duas partes sensuais mais morenas de sol e jogam na nossa cara usando uma calça ou uma blusa que foram feitas especialmente pra te fazer nota-la.

É de propósito. Filhas da puta! 

As cariocas são insuportavelmente gostosas. E quando vim, há 10 anos, não tinha experimentado ainda. Aí separei, casei, separei, namorei, terminei, fiquei solteiro e agora eu sei: filhas da puta! 

Vou me casar com uma só pra ouvir “Ricarrrrdo” todo dia. Ou então pra ela perguntar de manha se eu quero “nexxxcau”.  

Filhas da puta… 

Mas enfim, nessa terra de filhos da puta, eu me incluo. Gosto de samba, gosto de gente, de chinelo e de marcar encontro pra não ir. 

Me sinto num direito delicioso de ter um compromisso e não aparecer sem dar satisfação e não estar sendo um cretino por isso. 

O Rio é o botão do foda-se. 

É assim que é, então que assim seja. 

Se o Brasil mudar, não será por aqui. Mas se o Brasil mudar, é pra cá que você virá passar férias. Então… 

Somos o bordel do Brasil. A mistura de prazer, contravenção, risos, bebida, amigos e belas mulheres em meio a um bairro nobre rodeado por delegacias e políticos que, em tese, deveriam reprimir o bordel mas tem carteirinha de cliente vip dele.

Olha eu falando “nós” sendo paulista. 

Após dez anos de relacionamento sério renovo meus votos. Não sei se pra sempre, mas por enquanto. E por enquanto, pro carioca, é suficiente. 

Se um dia o Rio de Janeiro for seguro, tiver um pingo de bom senso quanto ao absurdo e parar de conviver passivamente com o crime, nunca mais alguém irá discutir o melhor destino do planeta. 

Precisamos de “ordem no puteiro”. E veja bem, eu nem cogitei deixar de ser um “puteiro”. Só pedi ordem nele. 

Agora eu “fui” porque tenho um compromisso inadiável com alguém que não combinei num pagode qualquer que eu não ia. 

RicaPerrone

Continue Reading

Campeões de audiência

Oi, vô!

Published

on

Oi vô! Tudo bem? Saudades. Faz tempo que não te escrevo. Acho que a última vez foi pra contar que seu Palmeiras havia sido campeão. O que, aliás, continua sendo. Você adoraria estar aqui. 

Eu também. Poderia te levar no estádio de camarote, te apresentar os jogadores e até os ex-jogadores quem sabe. Ia ser divertido, mas você não me esperou. 

Aqui as coisas estão terríveis, vô. Na família tem gente sem se falar por causa de política. Acredita? Nem eu. 

Esse ano teve eleição. Dois candidatos muito complicados. Todo voto era justificável, embora a justificativa pro que venceu tenha sido a maior farsa da história.  “Amor”. Porra, vô! Já viu amor em assalto? Eu nunca. 

Lembra que quando eu era moleque você dizia pra mim a frase “ser homem é dizer não”? Eu demorei pra entender. Mas entendi. 

Ser homem é caro, vô.  Dá muito trabalho dizer não pra onde todo mundo quer te levar. Mas foi assim que nunca enfiei pó no nariz e nem cometi qualquer crime na vida. Falando não. Então, agradeço. Foi o melhor conselho que ouvi na vida.

Mandei um pessoal tomar no cu também, vô. Mas eu nunca fui a pessoa que o senhor conseguia ser. Então me desculpa. 

Aliás, entrevistei 120 pessoas esse ano. Foram vários ministros, chefes de polícias, artistas, músicos. Foi bem legal, vô. Eu falei com o Romário, sabia? 

Vô, o Zico me chama de “amigo”.  É muito louco isso. Mas é muito bom. 

Ah velho, tu faz muita falta. Ao ponto da minha última coluna do ano não ter tema, direção, nada. Só ser o papo que eu adoraria poder ter contigo e não dá mais. Queria que você visse minhas vitórias, me puxasse orelha pelas cagadas e me ligasse tirando sarro porque o Palmeiras ganhou.

Aliás, tem uma neta sua que virou palmeirense. Mas não vou falar o nome dela porque embora eu a adore, quero agredi-la por isso. Mas me controlarei. 

Mamãe ta bem, meu pai também. Só o Brasil que não, vô. As pessoas se odeiam, não se falam, brigam por política, destroem os outros por pensar diferente. Acho que na sua época não era tão ruim, né? 

Nem queira saber o que é isso. 

Vô, eu sei que você não vai gostar mas eu caso e separo muito. Mas eu trato elas como você ensinou, prometo. Pago a conta, faço o “carinho no rostinho” como você me disse que tinha que fazer. Apesar que hoje em dia tem umas que se você tratar bem demais elas acham que é machismo, acredita? 

Ah! To morando no Rio! Já faz 10 anos.  Não, nem começa. Não é tão perigoso assim. É bonito, gente maneira, feliz. Eu adoro aqui.  Não tem muita cantina italiana, o que é ruim. Mas tirando isso, é bem legal. 

Só é longe da Praia Grande. 

Teve Copa esse ano. Aqueles filhos da mãe ganharam.  Tem um tal de Messi, baixinho, joga parecido com o Zico. Ele é muito bom, mas nasceu lá na Argentina. E ele ganhou a Copa pros caras. Tô puto, vô! A Itália? Nem foi! Duas Copas que não vai. Acho que você ia ficar meio puto. 

Mais um ano, vô. Tô com 44 agora. Sem filhos, mas viajei muito tá? Se você tivesse aqui juro que te daria um bisneto. Só pra você ensinar os seus valores pra ele como fez comigo. 

Uma última coisa. Tão falando aqui que pode ser que você receba um cara muito especial em breve. A gente torce pra ele ficar, mas também pra ele não sofrer. Você vai reconhecer rápido se encontrar.  Não esquece de agradecer ele por tudo, porque aqui a gente não fez isso como deveria. 

Beijo, vô. Até qualquer dia. 

Continue Reading

Campeões de audiência

O que o tempo não pode apagar

Published

on

Caro Tempo; 

Não te conheço mas reconheço sua força. Sei te medir, dosar, te gastar. Mas não consigo te compreender. 

Porque ora passa tão rápido e ora tão devagar? Porque tão implacável, silencioso e traiçoeiro? 

Você, Tempo, é nosso bem maior. Queria eu ter “todo tempo do mundo” pela frente, ou mesmo poder te parar. Se pudesse, hoje, te retrocederia, inclusive.

E não, não seria eu. Eu pediria ao Rei Pelé. Pediria que lhe desse o poder de assistir, em vida, o que estamos todos dizendo hoje, quando ele está morto.

Esse país tão vagabundo só sabe dizer “te amo” pra quem não pode mais dizer “eu também”.  É preciso morrer aqui pra ouvir o que se merece. E aí você não permite. 

O tempo de quem reverencia é um, o do reverenciado é outro. E nesse intervalo se desencontram o “obrigado” e o “não tem de que”. O “eu te amo” e o “eu também”. 

Porra, Tempo. Você é radical demais.

Eu sei que você vai me dizer que “era a hora dele”. E quem sou eu pra discutir com o Tempo, mas … precisava esconder dele, justo dele, o maior de todos, o quanto a gente queria dizer “obrigado” e não encontrava… tempo? 

Só que agora você foi longe demais, Tempo. Porque pela primeira vez você vai descobrir que nem tudo você cura ou apaga. 

Você vai passar, passar e passar. E não vai conseguir esquece-lo.  Não por nós, que somos uns infiéis que sequer conseguimos dar a quem nos deu tanto um pingo do reconhecimento que merece. Mas por ele. 

Esse cara que você levou hoje não te respeita. 

Foi sempre a frente do “seu tempo”. Nos deixou esperando o Natal para que desse tempo de termos uma ceia feliz. E agora, quando você acha que escolheu a hora, foi ele quem decidiu quando, onde e perto de quem. 

O que se fazia num tempo de 2 segundos ele fazia em meio segundo. O tempo pra se consagrar foi infinitamente menor pra ele. O tempo pra estar pronto, pra mudar nossas vidas e pra transformar pano amarelo em lenda você não conseguiu controlar. 

Mil gols numa vida não daria tempo. 

Acha que agora, com ele morto, vai conseguir estipular o tempo que vai levar pra esquecermos dele? Nem perca seu tempo, Tempo.

Há tempo ainda de mostrar isso pro Zagallo, pro Zico, pro Dinamite, pro Romário, pro Ronaldo, pra tanta gente que nos deu alegrias, memórias e engrandeceu nosso país. 

E não ouse se precipitar, Tempo. Nos dê um tempo pra sofrer, pra aceitar, aprender e mudar. 

Por hoje chega. Não deu tempo de entender ainda. E nem com todo tempo do mundo eu escreveria algo capaz de sequer me aproximar do que merece nossa majestade, o Rei Pelé. 

Vida eterna ao Rei! E eterno é ausência de tempo. Esse você não vai levar. 

Continue Reading

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.