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Clubes

Obrigado, meninos

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A gente se odeia, se xinga e pra se defender um do outro até se distancia. Somos hipócritas, ignorantes, estúpidos e as vezes até inconsequentes. Em tese, pra quem é de fora, as brigas no futebol são todas causadas pela paixão por um clube.

Pra nós, aqui de dentro, nunca aconteceu. As brigas sempre vieram de facções que brigam pelas facções. Nunca pelos clubes.  Simplesmente porque quem ama o clube sabe o que tem do outro lado.

Por mais doente que nós sejamos por futebol, a gente sempre conseguiu olhar pra arquibancada do outro lado e ver um espelho. Não vamos reconhecer nunca, nem sob tortura. Mas sou eu  com outra camisa. Só isso.

Quando caiu o avião da Chape eu ouvi dezenas de pessoas dizendo que a comoção entre torcidas era por ser um clube pequeno que não tinha rejeição. “Ah queria ver se fosse o Flamengo…”

E foi.

E 99,9% dos torcedores estão comovidos, se rendendo a impossível sensação de sentir algo bom pelo rival. Porque basta ter 1 mes de torcedor na vida –  e me refiro a quem torce não a quem é “fã de futebol” – que você sabe que a base do seu time significa a única coisa genuinamente “sua” no futebol.

Todos os torcedores do mundo sonharam em algum dia da vida em tentar o que esses meninos tentaram. E se hoje eles estão mortos, um pedacinho do nosso sonho entende.

Hoje é um daqueles dias apaixonadamente tristes onde o vascaíno olha pro rubro-negro e dá um sorriso de trégua. Porque ele entende. Nós sempre nos entendemos.

Somos a maior tribo do mundo, a mais radical, passional e estúpida delas. Mas somos uma só, por mais que nossa razão de ser pareça a competição.

Nós amamos odiar o nosso rival. E odiaríamos ainda mais não tê-lo. No final do dia só queremos sentar com o torcedor do outro time, tomar uma e discutir. Sem ele nada faria sentido, e mesmo sob o código de ética de jamais reconhecer isso, é uma verdade indiscutível entre nós.

Choramos todos. Porque somos, no fundo, a mesma coisa. Loucos por essa coisa que não tem explicação,  que nos aproxima de nossos pais, que nos faz sonhar em mudar a condição de nossas famílias e que num domingo qualquer consegue transformar o mais bem sucedido dos homens num merda e o pior deles num invejável campeão.

Futebol nos tira o controle. E se nos últimos anos o mundo se entendeu algumas vezes e sobrepôs política, guerra, vaidade e dinheiro… sempre foi quando havia uma bola entre nós.

Hoje o Futebol está mais triste, mas ainda mais forte. Não há nada que pague a vida e o sonho desses garotos, nem um torcedor do Botafogo olhando pra tv abraçado a um amigo rubro-negro chorando a mesma lágrima.

Nós somos o futebol. Nós somos o que há de mais puro e instintivo no mundo. E nós vamos voltar a nos odiar amanhã, até que uma nova tragédia nos faça relevar que somos um bando, mas o melhor dos bandos.

Talvez vocês, meninos, onde estiverem, não saibam.  Mas se não realizaram o sonho de se tornarem craques, realizaram uma das mais notáveis páginas do futebol. Vocês uniram as pessoas, torcidas e clubes.

Nunca pensem que não conseguiram fazer nada no futebol. Fizeram PELO futebol. O abraço de cada tricolor num vascaíno nesta sexta-feira sob o argumento da dor pelo Flamengo é maior do que todos os títulos que vocês fatalmente ganhariam.  E assim serão lembrados.

Obrigado.

RicaPerrone

Atlético MG

Saldo de compra e venda dos últimos 10 anos

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Nos últimos 10 anos os grandes clubes do Brasil alternaram momentos. Alguns em profunda crise, outros nadando em ouro, mas todos ainda tendo nas receitas de jovens uma grande parte do seu faturamento.

E portanto, considerando as temporadas 14/15 até a 23/24, fizemos um balanço de acordo com os dados do Transfermark sobre o fluxo de compra e venda de jogadores de cada um dos 12 grandes.

Claro que existem salários, luvas, “compras” sem repasse ao ex-clube por fim de contrato. Mas aqui consta apenas o que é valor final e oficial.

Quanto seu clube comprou e vendeu nos últimos 10 anos?

Algumas curiosidades sobre:

  • O Fluxo de compra e venda do Grêmio, somado a resultados, nos últimos 10 anos é muito bom.
  • O Fluminense segue vendendo suas jóias e comprando pouco tendo recentemente conquistado títulos em 2023.
  • O Flamengo é uma máquina de ganhar e gastar.
  • O Botafogo tem uma divisão de base terrível. Não gera quase nada ao clube.
  • O investimento do Vasco foi quase todo feito em 22/23.
  • A temporada de maior gasto foi a do Flamengo de 19/20, com 250 milhões em contratações.
  • A maior janela de vendas também foi do Flamengo em 18/19 com 483 milhões de reais.
  • Nenhum dos 12 grandes comprou mais do que vendeu no saldo dos últimos 10 anos.

Rica Perrone

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Cruzeiro

Saudades, mundo!

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Eu sinto muita falta do mundo real. Cada dia que passa eu me sinto mais enfiado num planeta virtual de pessoas que não existem ditando regras pra uma maioria covarde calada que as aceita em troca de paz.

Conseguiram achar homofobia numa piada que nem o cruzeirense se incomodou.

Nem mesmo a mais pura e acéfala paixão clubistica encontrou os problemas que a mídia caça no desespero por cliques.

Marcos Rocha chamou o Cruzeiro de “Marias”, apelido que os rivais usam pra tirar sarro do gigante Cruzeiro. E só.

Conseguiram colocar homofobia numa ligação dele e bota-lo na capa dos sites, as vésperas de ser campeão, de forma negativa.

As vezes acho que se o mundo fosse perfeito a imprensa não existiria. Ela é incapaz de extrair uma pauta de algo que não seja destruir alguém ou alguma coisa.

E segue o baile. Porque nós, que vivemos ainda em terra firme, achamos ridículo mas preferimos não confrontar a minoria doente e barulhenta que dita a sua vida hoje.

RicaPerrone

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Flamengo

Filipe Luis: meu calado favorito

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Era 2014. Eu escrevi ou falei alguma coisa sobre o tal do Filipe Luis lateral da seleção. Meu telefone tocou já tarde da noite e era uma mensagem de um amigo empresário do futebol que me dizia “eu concordo com 90% do que você escreve, mas sobre o Filipe você está errado”.

Eu havia dito que ele era um lateral muito burocrático. Que era muito bom jogador mas que eu tinha dúvidas da capacidade ofensiva dele.

Só que esse amigo é amigo também do Simeone. E ele me explicou que não era uma opção. O Simeone jamais daria liberdade naquele time pro lateral dele criar ou ficar indo a linha de fundo. Que o Filipe jogava muito dentro do que permitiam.

Ok, ouvi, guardei. Ele acabou não indo pra Copa, seguiu na Europa, saiu e voltou pro Atlético e nunca consegui ve-lo jogando com mais liberadade pra mudar de idéia até ele chegar ao Flamengo.

Um dia, já em 2023, um dirigente do meu SPFC me perguntou: “O que voce acha do Filipe Luis? Ta velho?”.

Respondi que não. Que caberia na zaga ou na lateral do Tricolor ainda. Hoje sei que a oferta foi feita, mas ele não aceitou. Tirando esse erro brutal de sua carreira que foi não ter jogado no SPFC, Filipe fez tudo certo.

Tão certo que é até constrangedor avalia-lo. Onde ficam os “poréns”?

Final de 2022 Filipe e eu conversamos pelo whatsapp e ele me disse algo que me deixou ainda mais seu fã. Falavamos sobre a Copa, a chance dele talvez estar nela, e eu brinquei que ele poderia ser chamado pra ser auxiliar do Tite. Ele me disse que se chamassem pra carregar as redes de bola no treino ele iria só pra estar com a seleção na Copa.

Cara, isso é muito foda. Ele falou isso em off, não pra ir pro ar e parecer interessado. Ele realmente abriria mão de tudo pra estar lá e ajudar a seleção. E eu ainda brinquei com ele (falando a verdade) que também pararia a carreira se me levassem pra empurrar as malas dos jogadores, meramente pra estar ali.

No final deste ano ele me ligou e combinamos de almoçar. Não o conhecia pessoalmente, só a relação comentarista/comentado mesmo. E em algumas horas eu conheci alguém que era exatamente como eu jurava que seria. Sereno, educado, cabeça boa, focado. Outro patamar, como eles gostam de dizer.

E por algum motivo que não me lembro qual, chegamos numa discussão sobre “poder”. E no meio disso eu falei pra ele que o “poder” é um equívoco, porque ele só te mata aos poucos em troca de ego. O “poder” que importa é outro. É o “poder” olhar seus filhos orgulhosos de você. “Poder” ver orgulho nos seus pais por quem você se tornou. “Poder” vencer sem ter prejudicado em ninguém.

E caraca, Filipe. Como tu é “poderoso”, irmão.

Quandos “podem” contar o que você conta? Quantos “podem” dar a sua família o que você dá pra sua? Quantos “podem” dizer que venceram na vida sem sombra de dúvida ou espaço pra interpretações?

Eu vou sentir muita falta daquele lateral meio calado, “burocrático” do Simeone e bem mais criativo do Jesus. Vou te dizer até que você não é um dos meus preferidos, pois óbviamente eu vou preferir um passado do futebol mais técnico e lento. Mas você foi o primeiro lateral brasileiro que hoje o mundo considera o ideal.

Você é a virada de chave. O lateral que joga, mas que marca. Alto, que cabeceia se precisar, que vira zagueiro, vira ponta e que não depende de dribles mágicos pra se tornar fundamental.

É o futebol de hoje. E por pioneirismo ou vocação, você foi o primeiro a entende-lo.

Boa sorte, Filipe! E muito obrigado por tanto.

Agora descansa que pelo jeito vou passar os próximos 20 anos discutindo se você escalou bem ou mal, se mexeu certo e se deve permanecer ou ser demitido. Porque é óbvio que você será protagonista no que quer que seja.

RicaPerrone

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