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Vasco

Porque levar seu filho ao estádio

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O garoto no colo do Edmundo é filho de um torcedor, e o garotinho se chama Edmundo…

 

Eu insisto nesse pedido aos pais e ouço as mais absurdas desculpas para a recusa. As vezes quase desisto, entrego pro Chelsea os nossos garotos e que se foda. Mas aí a vida me dá uma injeção e eu volto a entender o porque da “briga”.

Sábado houve um evento muito legal no Rota 66 da Tijuca. Mais de 100 torcedores do Vasco pagaram para passar uma tarde com o ídolo Edmundo.  Por mais de uma hora eu comandei um talk show com ele interagindo com os torcedores e em seguida ele abraçou, tirou fotos e conversou com um por um.

Achei que iria pra um evento onde pessoas como as das redes sociais fariam perguntas e mais perguntas sobre as coisas que ouvimos todo santo dia. Que ele as responderia, sairia pra casa dele e que se dane. Idem pra mim.

Mas aí abro as perguntas para os torcedores e o primeiro pega o microfone e diz: “Edmundo, em 97 você disse que se pudesse abraçaria cada torcedor do Vasco ao final do jogo do título.  Eu sou de Minas e vim até aqui hoje receber esse abraço. Posso?”.

Pronto. Edmundo chorando, eu já estava desmontado, o ambiente era familiar e a partir dali ninguém mais sabia exatamente o que perguntar.

Veio um homem mais velho que o primeiro rapaz e disse: “Não quero te perguntar nada. Eu cresci vendo futebol com meu pai, hoje ele não pode vir porque a saúde não permite.  Mas eu vim te agradecer porque as maiores alegrias que passei com meu pai foram pelos seus pés”.

Ao lado dele um garotinho, seu filho. Devidamente fardado de vascaíno e não de um mongoloide torcedor de playstation que acha que sabe o que é futebol vestido de Manchester.  Ali tínhamos uma história que fez o futebol valer a pena, e entendemos porque tanto dessa nova geração não terá esse futebol.

Um outro rapaz pediu o microfone e entregou um desenho que ele mesmo fez do Edmundo. Dizendo que seu avô o adorava, e que por isso ele foi lá agradecer e dizer que o amava.

Eu vi o Edmundo jogar. Vi o Edmundo falar merda em mesa de restaurante, já vi o Edmundo correndo atrás da filha, enfim. Eu nunca tinha visto o Edmundo tão desarmado. Ele chorava a cada 15 minutos olhando pra idolatria daquelas pessoas e sabendo o que ele representou na vida delas apenas por jogar futebol.

Eram pais e filhos, famílias unidas pelo Vasco e portanto, por ele também.

Você realmente pode achar que gostar de futebol trata-se de ver um jogo pela tv. É um direito seu limitar-se a olhar pela janela e achar que conhece o bairro.  Mas não proíba seu filho de descer pra rua.

É no estádio que a gente ama futebol. É através dele que aprendemos a perder e ganhar, que sabemos sacanear e ser sacaneados, que colecionamos amigos, aumentamos o elo com nossos pais e avôs e, porque não, somos mais felizes.

Não tirem o nosso futebol dos nossos garotos. Todo mundo merece conhecer seu “Edmundo” um dia e poder chorar feito uma criança.  Não pelos gols que ele fez, mas pelos abraços que você deu no seu pai através deles.

É disso que se trata. Não é um esporte. É futebol.

Obrigado aos vascaínos que estiveram lá sábado. Me fizeram reviver muita coisa que trabalhar no meio vai tirando de  você.

abs,
RicaPerrone

Atlético MG

Saldo de compra e venda dos últimos 10 anos

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Nos últimos 10 anos os grandes clubes do Brasil alternaram momentos. Alguns em profunda crise, outros nadando em ouro, mas todos ainda tendo nas receitas de jovens uma grande parte do seu faturamento.

E portanto, considerando as temporadas 14/15 até a 23/24, fizemos um balanço de acordo com os dados do Transfermark sobre o fluxo de compra e venda de jogadores de cada um dos 12 grandes.

Claro que existem salários, luvas, “compras” sem repasse ao ex-clube por fim de contrato. Mas aqui consta apenas o que é valor final e oficial.

Quanto seu clube comprou e vendeu nos últimos 10 anos?

Algumas curiosidades sobre:

  • O Fluxo de compra e venda do Grêmio, somado a resultados, nos últimos 10 anos é muito bom.
  • O Fluminense segue vendendo suas jóias e comprando pouco tendo recentemente conquistado títulos em 2023.
  • O Flamengo é uma máquina de ganhar e gastar.
  • O Botafogo tem uma divisão de base terrível. Não gera quase nada ao clube.
  • O investimento do Vasco foi quase todo feito em 22/23.
  • A temporada de maior gasto foi a do Flamengo de 19/20, com 250 milhões em contratações.
  • A maior janela de vendas também foi do Flamengo em 18/19 com 483 milhões de reais.
  • Nenhum dos 12 grandes comprou mais do que vendeu no saldo dos últimos 10 anos.

Rica Perrone

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Vasco

“O Vasco lá”

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O Vasco se complicou. Em qualquer hipótese ele precisará vencer o Red Bull na última rodada.

Ora, vamos ser justos. Se não bate no Goiás, no Corinthians em crise, o Red Bull é favorito? Não.

Eu me recuso a aceitar que o Vasco não seja favorito quando em casa, esteja ele na condição que for. Simplesmente porque fui o adversário do Vasco a vida toda como torcedor e sei o que significa “O Vasco lá”.

E por mais emblemático que seja São Januário, sinto dizer ao vascaíno que isso é uma ligação interna. Só vocês tem essa imagem de ter mais força lá do que no Maracanã. O Brasil tem o Vasco do Dinamite pra 100 mil pessoas na mente quando se fala no “Vasco lá”.

Quantas vezes perdemos pra times sulamericanos muito inferiores por ambiente? E não, não é esse papo bobo de “ambiente hostil”. É ambiente de domínio completo e grandeza.

Você vai intimidar o Corinthians em São Januário. Mas vai intimidar a cidade inteira se for no Maracanã. São 70 mil, camisas pela cidade toda, mobilização, grandiosidade.

São Januário é um patrimonio. Mas não é condizente com o tamanho do Vasco. Estamos falando de um estádio mal localizado com capacidade pra 20 mil pessoas. Que seu coração me perdoe, mas qual time grande joga pra 20 mil pessoas no máximo?

O Santos. Que é o único time grande de uma cidade que não é capital no Brasil. Se fosse o ideal não haveria conversa de reforma pra ampliação há 40 anos.

O Vasco é maior no Maracanã. Intimidador, remete a um passado poderoso e sim, isso impacta.

Joguem de branco. Joguem no Maracanã. Joguem pra 70 mil pessoas.

A camisa preta é linda, São Januário é místico, mas o Red Bull não pensa nisso quando dorme imaginando “o Vasco lá”. Ninguém cria esse cenário na cabeça. E se criar é recente, e se for recente é pouco intimidador, convenhamos.

Pode morrer. Mas morre atirando. E atire com o máximo de armas que você tiver, ainda mais quando você já está pra morrer e não tem nada a perder.

Se eu fosse presidente do Vasco eu levaria esse jogo pro Maracanã custe o que custar. E lá, quem sabe, o sobrenatural resista a tanta incompetência. Se você tem um último tiro, vai dar de pistola ou de bazuca?

RicaPerrone

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Vasco

A mão de Eurico

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A espetacular série da Globoplay é um curto circuito na cabeça dos mais jovens, céticos, chatos e web-perfeitos da nova geração.

Como pode um homem fazer tudo aquilo e ainda ser uma referência? Como gostam dele? Ele passava por cima de regras, ele as criava, decidia, confrontava, perdia a mão.

Perder a mão e a cabeça é o que falta no mundo moderno.

Os maiores casos de sucesso do mundo não ouviram ninguém, fizeram o que achavam certo e atropelaram o “certo” e “errado” pré estabelecido socialmente.

Eurico é um case. Como foi Castor de Andrade, entre tantos outros mais ou menos criminosos, mas todos protagonistas em mudanças importantes para seus setores.

Quando você assiste a série de Escobar se pega gostando dele diante das barbaridades humanizadas ali contadas. A mesma coisa vale pra qualquer criminoso. Você tenta entendê-lo, é uma magia louca da nossa cabeça que os psiquiatras explicam e eu não vou tentar reproduzir a tese. Mas ela existe.

Eurico não matou ninguém. Foi apenas um dirigente meio maluco que não tinha medo de nada e de ninguém. Que defendia o que ele acreditava até mesmo quando não acreditava porque o personagem havia o consumido.

O Vasco de Eurico já foi um sucesso e um fracasso. Mas foi o Vasco de Eurico goste você ou não.

Eu não gosto dele. Estive com ele uma vez só. E não gosto.

Mas eu não renego o que ouço de quem de fato o conhece. O que a mídia lhe vende é o que a ela convem. Em todos os casos, nunca feche sua opinião sobre alguém pelo que quem não o conhece te contou. Sua chance de errar é enorme.

Todos os jogadores e dirigentes que conheço falam de um Eurico que a mídia nunca vendeu. Um sujeito de palavra, com mil defeitos, mas mil qualidades.

E repito. Eu não gosto do Eurico.

Mas entre gostar e não compreender seu papel vai um abismo.

Na real essas pessoas que citei tem o papel que tem porque onde o estado não atua alguém atua. Milicianos são assim. Eles encontram um local onde o estado deixa faltar e faz as regras. Em qualquer outro setor é assim que funciona. Onde ninguém manda, alguém vai aparecer pra mandar.

Quem mandava no futebol brasileiro na década de 90? Ninguém. Eurico tomou pra si as decisões e se fez nesse vazio de regras e liderança.

Se sua idéia principal era colocar o Vasco no papel do Fluminense na história do Fla-Flu, conseguiu.

E a história humanizada, com família falando, bastidores, um pouco da fragilidade de um homem sempre muito forte pros outros mexe com você.

Porque embora muito do que ele tenha feito seja ruim, havia um proposito na maior parte dos erros. E o seu proposito maior era movido por um amor. O Vasco.

Um dia uma chefe me disse a frase que mais gostei na vida. “É melhor segurar um maluco do que empurrar um imbecil”.

Eurico é o maluco. E o futebol brasileiro era comandado por um mar de imbecis. Quem você acha que ganharia no grito?

Eu não gosto do Eurico.

Mas eu gosto do filho dele. Euriquinho, com quem já tive problemas em redes sociais, e hoje pode frequentar minha casa se quiser.

Como?

Pessoalmente tudo é 200 vezes menor do que parece. Levamos 9 anos sem nos falar. 4 minutos pra um abraço e pedidos de desculpas, tudo certo, pega a cerveja, vamos contar história.

A vida como deveria ser, e foi um dia. Na época do Eurico, inclusive, pra ser mais exato.

Mas ainda assim, eu não gosto do Eurico.

Talvez porque eu tenha um lado parecido com o dele. Talvez eu seja o trangressor da mídia esportiva e isso me remete a algumas atitudes dele das quais não me orgulho, nem julgo, pois faria igual se preciso.

Eu seria o jornalista mais insuportável da vida dele se existisse naquela época. Iriamos nos odiar, mas nos respeitar. E rapaz… como eu queria ser o Rica de hoje na época do Eurico. Teria 20 vezes mais material pra trabalhar. E eu seria o cara que conseguiria sentar na mesa com o Eurico e no outro dia com o Julio Brant.

Aliás, fui por curto período antes de sua morte.

10 minutos de porrada sem perder a amizade. Eurico me parece esse cara.

O Vasco poderia estar melhor não fosse ele. Talvez pior. Mas o mesmo, nem pensar. E isso faz de um personagem protagonista. Séries, livros e documentários existem para protagonistas, não pra figurantes.

Minha esposa é Vasco. E ao ver a série ela disse a frase mais espetacular que essa série poderia gerar.

“Eu não sei se gosto ou se odeio o Eurico”.

E é isso. Absolutamente isso.

Mas indiferente a ele você não pode ficar. Então, assista. A única coisa que a Globo não desaprendeu a fazer foi conteúdo desse tipo. Aproveite.

Ainda que no fim, tive o prazer de conversar e apertar a famosa, controversa e forte “mão do Eurico”.

RicaPerrone

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