Futebol

Срећан рођендан, Pet!

Um dia Deus olhou pro futebol brasileiro e pensou: “Como o país do futebol pode ser tão burro ao ponto de querer copiar o europeu, que é pior que o dele?”. E assim, revoltado, enviou pra cá um anjo de origem européia para tentar dizer: “Tá tudo errado, voltem as suas tradições”.

E na Bahia, mais especificamente no Vitória, desembarcou Dejan Petkovic, o gringo que ninguém conhecia, que havia fracassado na Espanha e que era uma “promessa frustrada” na europa.

O que um sérvio pode acrescentar ao futebol brasileiro?

Brilhou, e brilhou tanto que logo voltou a Europa. Na Itália, no mediocre Venezia, fez 13 jogos e apenas 1 gol. Porque o homem lá em cima não permitia que ele mudasse seu destino. Craque que é craque brilha em terra de craque.

Pet não veio ao Brasil para ganhar dinheiro. Veio porque o futebol brasileiro precisava rever conceitos.

Na volta, pelo Flamengo, virou ídolo e deu sentido a camisa 10 mais vazia do mundo. Desde Zico o Flamengo não tinha tido outro 10 tão talentoso, tão técnico, tão decisivo e tão brasileiro. Enfim, a maior torcida do planeta tinha um verdadeiro Craque com aquela camisa sagrada abençoada pelo Galinho.

E ali, naquele Maracanã lotado, palco do maior futebol do mundo, o tal sérvio fez um dos mais épicos gols da história de um gigante.

Quis o destino que em 2002 ele vestisse a camisa de outro gigante, só que desta vez a vítima de seu gol antológico.

Então vascaíno, Pet brilhou outra vez. Mesmo não tendo levado o clube a títulos, foi dos pés de Pet que saiu o cruzamento que decidiu o Brasileirão, só que a favor do Santos.

Brilhante, foi a Arabia ganhar dinheiro. Novamente, o destino disse “não”.

Volta e veste outra grande camisa do futebol carioca. Aos 32 anos, já chamado de “veterano”, faz boa campanha, belíssimos gols e ainda registrar uns “olímpicos” pra história do nosso futebol.

Decadente, vai ao Goiás. Sem retomar sua grande fase, já com a idade pesando, passa pelo Santos. Sem brilho, vai ao Galo, onde consegue fazer algumas boas partidas mesmo com todo roteiro indicando um final de carreira.

Pet pára. Vai cuidar de sua pizzaria e um belo dia é chamado para um acordo financeiro no Flamengo. Ele diz que quer jogar, o Flamengo, então, para diminuir a dívida, aceita. E Pet é colocado no grupo, com piadinhas pra todo lado.

Ali o sérvio de 37 anos recupera sua forma e começa a ganhar espaço. Era um milagre! Como um ex-jogador aposentado pode, aos 37 anos, brilhar no meio de garotos de um futebol tão rápido, corrido e de pouca técnica?

Pet destoa. Coloca a bola onde quer e dá o recado bem alto, pra quem conseguisse entender: “Quem corre é a bola”.

Eles não entendem. A mídia segue endeusando os limitados da raça e questionando os craques que pouco se mexem em campo. Mas Pet insiste, continua, comanda, lidera um grupo e consegue fazer do Flamengo campeão Brasileiro após 17 anos.

Foram gols mágicos, passes de rei, nenhuma jogada de força física ou velocidade. Apenas categoria e talento.

Pet termina o ano consagrado, aos 37 anos, diante da maior torcida do mundo.

O sérvio que não brilha na Europa coloca de vez seu nome na história do futebol brasileiro.

Hoje, aos 38, Pet é banco do Flamengo, prestes a encerrar a carreira. Titular ou não, tem seu nome gritado todo jogo pela nação e tem mais do que isso: O respeito de todos os torcedores de todos os clubes do país.

Um sérvio, fracassado na europa, que veio ao Brasil nos devolver parte da nossa cultura e tradição ao jogar futebol. Parece filme, parece mentira, mas não é.

Hoje ele completa 38 anos, e em respeito a sua origem, que foi um acaso do destino, desejo ao craque um Срећан рођендан!

Que não irei traduzir, pois quem fala com os pés não precisa de legenda.

Pet é craque. Pet é brasileiro. Pet é uma lição ao nosso futebol “moderno”, “tosco”, “covarde” e ainda brilhante.

abs,
RicaPerrone

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