Neymar é um tipo diferente. Aos 10 anos já dava entrevista sabendo que seria um craque. Aos 17, era craque. Aos 19, é seleção, cobiçado, campeão, indiscutível. Nada disso, porém, o isenta da possibilidade de não ser o que esperam que ele seja ainda.
Dizem que pra ser um galático é preciso ir até a Europa dar olé em beque do Getafe. História comum, quase batida. Se é tão diferente – e é mesmo – porque não arrisca e faz história a sua maneira?
Não, não estou “desafiando” o Neymar. Estou dando uma sugestão.
Quando moleque o Neymar deve ter visto ídolos e mais ídolos irem embora em troca de ganhar 3 vezes mais do que aqui. Hoje, lá, pagam quase o dobro. Nem isso.
Ele sofreu com a perda dos seus ídolos e se perguntava: “Quando um deles vai ficar aqui?”.
É claro, os euros do Real Madrid e a camisa deles pesam uma barbaridade. Eu iria!
Mas eu não sou Neymar, não tenho 19 anos, não passo perto do talento dele, nem do carisma.
Um moleque. É isso que ele é, o que diz ser e adora ser.
Atrevido, quase arrogante.
Pelé não foi. Está rico e ganha cada vez mais. Zico foi, voltou, e segue ganhando alto.
Neymar pode ir. Mas não PRECISA ir.
Ele vai ficar muito rico aqui e pode trocar a sua ida aos 19 por, talvez, uma ida aos 26. Ou, quem sabe, com a Copa e o crescimento claro e evidente do futebol brasileiro, acabar nem precisando sair pra ganhar o que sonha.
Se for, trilhará o caminho de jogar num grande clube, conquistar uns 20 campeonatos nacionais que lá são patéticos e quem sabe umas 2 ou 3 Champions League. Na seleção fará sua fama ou não, pois é nela que separamos os craques dos gênios.
E, após ganhar o prêmio de melhor do mundo umas 3 vezes, volta pra fechar a conta aqui.
Esse é o caminho esperado pra Neymar. Mas ele não gosta de fazer o que todos esperam. Ele é brilhante, único, diferente.
Porque não, caro Neymar, ousar ser o melhor do mundo aqui no Santos?
É mesmo impossível? Será?
Destrua o Barcelona em dezembro e eu quero ver eles terem muita opção de escolha além de repetirem o Messi, que é jogador de clube até aqui. É possível, em dezembro, estar na lista dos 3 melhores.
Já seria brilhante.
No centenário do Santos, ser o principe de onde reinou Pelé. Nenhum Real Madrid é maior que isso.
Os números não são mais tão assustadores. Lá se ganharia, talvez, 50% mais do que aqui. As coisas não são como antigamente.
Aqui, aos seus pés, a chance de ser único. Ser o “que ficou”, o que puxou uma geração a crescer seu campeonato e não apenas correr pro mais rico.
Ser o primeiro jogando aqui a ganhar o prêmio de melhor do mundo.
Dar ao brasileiro a possibilidade de ter um ídolo nacional, independente de clube, coisa que depois de Ronaldo e Romário, não temos.
Pra que ser Neymar, mais um craque brasileiro lá fora se você pode ser O CRAQUE brasileiro aqui dentro?
Não é mais uma questão de grana. Ela pesa, mas não é tão determinante assim em casos como o dele, que pode ganhar 1 milhão por mes AQUI.
Já virou meta. Jogador quer ir pra Europa porque quer ir pra Europa. Não importa se é na porcaria do Hamburgo ou no Real. Ele quer dizer que joga lá.
Mentira que quer conhecer cultura diferente, segurança pra família. Se fosse verdade não voltariam correndo quando dá dor de barriga.
É grife. É bonito jogar na Europa.
E, sem dúvida alguma, é mais fácil jogar lá.
Faz história. Neymar. Não a que todos esperam, mas a que só você pode escrever.
Pelé não precisou fazer gol no Getafe pra ser Rei. Você não precisa disso pra ser o que fatalmente será.
Pode até querer. Mas “precisar”, não.
abs,
RicaPerrone