Vai chover dinheiro
Parece que depois de 200 anos brigando com fatos e achando que o importante era só ganhar campeonato e ignorar o marketing, os clubes brasileiros notaram, através do Ronaldo no Corinthians, que o mundo todo não é maluco. Se faziam, faziam por algum motivo. Então, testamos, aprovamos, copiamos e agora vamos colher.
Percebemos, mesmo que tarde, que contratar um craque de nome pode não ajudar em campo diretamente mas ajuda fora. E fora, com o dinheiro que ele gera, se resolve o problema do campo.
Notaram, aleluia, que futebol não é ganhar ou perder. Futebol é sonho, paixão, euforia, expectativa. Se você diz que o Ronaldinho PODE jogar uma barbaridade, gerará mais mídia do que um desconhecido jogando barbaridade.
É a lei do mundo capitalista, e eu não estou afim de discutir se ele está certo ou errado. É assim que funciona, ponto.
Briguei algumas vezes com dirigentes do SPFC quando trabalhava lá todo dia por isso. Dizia que valia a pena arriscar um nome pois o que eles chamam de “gasto”, para profissionais é “investimento”. Mas profissionais e futebol brasileiro não se misturam, sabemos.
Em janeiro vem uma bolada. Novos patrocinadores, cotas de TV altíssimas (e tinha quem defendesse a concorrência simples sem critérios), mercado badalado, salários altos, jogadores voltando e principalmente: Grife!
Jogador e imprensa adoram grife! O André Lima joga mais que uns 200 atacantes europeus, mas não tem grife. Por isso, vale pouco. O Fred, em forma, joga mais que quase todos eles. Ou melhor… Joga mais do que TODOS os centroavantes europeus. Mas, não tem a grife de quem está la.
Cansamos e notamos que podemos fazer grife. Vide Neymar, Ganso, Lucas e outras celebridades futebolisticas que já aprenderam a fazer dinheiro além do salário. Assim, podem ficar. E quando não ficam, as vezes, nem é grana. É grife.
É bonitão jogar no Manchester City, que nada mais é do que um Volta Redonda de dono rico.
Mas as pessoas vão acordando do sonho aos poucos e o futebol brasileiro vai deitando e rolando. Enquanto vemos tudo ser criticado e detonado como se fossemos a maior porcaria do mundo, também vemos a América do Sul falir seus clubes e campeonatos enquanto nós crescemos os nossos.
Vemos a Europa se afundar em dívidas enormes com seus grandes clubes enquanto começamos a equalizar as nossas.
O futebol que mais cresce é o nosso. O turco não cresce, nem o árabe. Eles estão sendo manipulados com dinheiro, pois mesmo com tudo isso não sairam de suas casinhas.
O nosso é real. Falta? Falta! Mas tem o que ser comemorado.
Em janeiro vai chover jogador voltando, e isso não será reflexo do fracasso deles lá. Será reflexo de uma vitória nossa aqui.
Sei que centenas de colegas que chupam limão quando acordam vão dizer que é uma vergonha, que o futebol brasileiro é horrível e lamber o lateral direito do Getafe pra fingir que tem algo bom pra passar domingo de manhã. Mas não é verdade. Não é comentário, é anuncio da programação.
Os milhões que vão entrar em janeiro servem para mostrar nossa evolução, é sim motivo para comemorar e também para colocar a prova quais diretorias sabem o que fazer com o dinheiro.
Vai chover dinheiro, jogadores de alto nível, ótimos investimentos e contratações absurdamente idiotas.
Mas vai movimentar. E, como disse, o futebol não vive de gols e títulos. Vive de euforia, expectativa e paixão.
Os apaixonados terão, enfim, a expectativa de um timaço e conviverão com essa euforia por meses.
Está feito o negócio. Só passar no caixa e buscar o lucro.
Enfim, seguiram a lógica.
Tão lógico que até criador de cachorro percebeu, quando aposentou o “pequinês”, de valor pífiio, e renomeou para “Lhasa”, “Yorke”, entre outros semelhantes valendo 2 mil reais cada.
É quase o mesmo cachorro. Mas o que vale no mercado é a grife.
Derretido, o ouro da Vivara vale o mesmo que o da caça das alianças. Não deve ser a toa.
abs,
RicaPerrone