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“É preciso ir pra Europa”

É comum, chato, repetitivo e cansativo ouvir que, para evoluir, Neymar precisa ir pra Europa. Eu entendo pelo reconhecimento, pela fama, pela moral mundial. Afinal, se nós que aqui estamos “precisamos ver ele pela tv” porque ao vivo não basta, é de fato preocupante.

Mas defendo que não. Neymar não “precisa” ir pra Europa. Pode ir, e se for, vai brilhar. Mas não é necessário que vá para amadurecer como jogador ou atingir um outro nível dentro de campo.

Comparam a Europa com o Brasil de forma idiota. O futebol europeu soma diversos paises, o Brasil é um país. Se comparado o futebol brasileiro a um dos países de lá…  sinto pena. Tirando o inglês, que tem mais de 3 times grandes (menos de 6, porém), o resto não passa de um estadual com grife. São 20 times para saber qual daqueles 2 ou 3 de sempre faturam.

E sabemos, até porque assistimos, que o nível dos times “não grandes” da Europa é tosco. Cada dia mais, diga-se.

Você pode me dizer: “Mas o Villareal tem o Nilmar!”. Sim, o problema são os outros 10. Lá eles fazem muito isso. Contratam um grande jogador e colocam em meio a um mar de mediocridade. Vide Denílson no Betis, Nilmar no Villa, entre tantos e tantos exemplos. Não a toa são sempre os mesmos os campeões, com raríssimas exceções.

Mano Menezes quer ver Neymar na Europa. E eu quero ver você, Mano, desempregado. Pois quando um técnico de seleção fala o absurdo que você falou é motivo de demissão, cadeia e tortura.  Ficaria preso 20 horas por dia vendo campeonato espanhol e russo, até aprender a dar valor.

A questão é simples e não precisa de tanto drama. Os grandes do CONTINENTE europeu são muito grandes. Mas os pequenos são muito ruins. O Barcelona é melhor que todos os nossos times grandes. O Real, provavelmente, o Chelsea… talvez. Mas todos os outros nossos times do Brasileirão são melhores, por exemplo, que o Getafe.

E aí se faz uma conta interessante. Talvez ninguém tenha tido essa curiosidade, mas eu tive.

Na temporada atual o Real Madrid, poderoso, maior clube do mundo,  fará (SE FOR A FINAL DA CHAMPIONS), 17 partidas contra grandes clubes. Sejam eles só com camisa em má fase ou não. Tô sendo bonzinho.

Entre estes 17 jogos, são 7 adversários. Tem ida e volta e só o Barcelona ele enfrentou 6 vezes na temp0rada. Aqui, qualquer banalização de Fla-Flu vira motivo de 2 horas de debate na tv. La, é “lindo”  ver o clássico.

Enfim, esta é a conta final.

Se o Real Madrid for até a decisão da Champions League, terá feito 17 partidas contra grandes adversários an temporada, sendo que estes 17 jogos terão sido realizados contra no máximo 7 clubes diferentes. E sim, estou incluindo até o CSKA na lista de “grandes”.

Se o Santos for a decisão da Libertadores, terá feito 34 jogos contra grandes clubes num ano. Considero apenas os 12 grandes do país, que naturalmente são quase sempre jogos de bom nível,  somei uma semifinal (só jogo de ida) e a s finais de um estadual. Considerei que na Libertadores o Peixe enfrentará apenas 3 times grandes.

A soma dá 34 grandes jogos por ano, sendo 14 o número de adversários de alto nível.

Se for mal, numa temporada onde nem jogue a Libertadores, nem chegue a final do estadual, fará no mínimo 24 jogos contra grandes sendo 11 adversários.

Sim, é mais difícil jogar com o Manchester do que com o Atlético MG. Mas é incontestável que você não sabe se jogará com o Manchester. Sabe que jogará com o Getafe, enquanto aqui, sabe que pegará o Galo em Minas, o Gremio no Sul, entre outros.

Mesmo que você queira dizer que nossos 12, normalmente, são 6, a conta é vantagem pra jogar aqui no que diz respeito a dificuldade que será encontrada.

Se Neymar for ser testado como jogador de futebol é melhor que seja contra o Coxa e o Atlético PR do que contra o Getafe e o Malaga.

E se numa temporada ele pode fazer 34 grandes jogos, porque é mais vantagem e “melhor pro seu desenvolvimento” fazer 17, no máximo, contra míseros 7 clubes, considerando estar em TODAS AS FINAIS? Caso contrário, meus amigos, um Real Madrid pode, se cair na primeira fase da UCL, ter míseros 2 jogos de alto nível pra fazer em uma temporada.

Então, defenda a grife, a ótima Champios League, o dinheiro, o mercado, a fama… Mas não a dificuldade do que ele irá encontrar.

Jogar no Real e no Barcelona, em 90% do tempo, é mais fácil que treinar na praia do Gonzaga e desviar dos fãs.

abs,
RicaPerrone

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