Um Fogão mais comum
A euforia por Seedorf é grande, natural, importante. Mas é preciso parar nesta sexta-feira, mesmo que por alguns minutos apenas, e aplaudir o passado recente.
Loco Abreu deixa o Fogão ouvindo intelectuais da bola analisarem sua postura tática ou condição física, quando na verdade merecia ouvir apenas o som das palmas.
Louco, corajoso, líder, marrento, Abreu deu uma cara diferente ao Botafogo. Com ele o time sabia se impor, sem ele se perdia. Foram 30 meses de alegrias e decepções, mas sempre com uma referência.
As vezes em campo, mas especialmente fora dela. Há anos e anos o Botafogo de Tulio não era de ninguém. Até ontem, era o Botafogo de Loco Abreu.
Amanhã, Botafogo de Seedorf.
Gostem ou não, pra melhor ou pra pior, importante e relevante ídolo recente de um clube. Nem por isso é preciso inventar técnica onde não havia. Abreu é um bom jogador, mas com personalidade de craque. Centroavante nato, de respeito, daqueles que coloca medo.
Nos outros, é claro. Quem tem medo não faz cavadinha em decisão e em Copa do Mundo. Ele faz.
Abreu é o anti-botafoguismo. Ousado, folgado, marrento, quase “escroto”. Tudo que seu clube precisava ser e, as vezes, não consegue.
Vai um ídolo, chega outro. Nada demais, pelo contrário, aprecio a atitude do Loco em sair ao invés de conturbar em busca do espaço.
O Figueirense agradece, pois terá um nome muito acima do que suas perspectivas permitiam até ontem.
Dizem que volta. Nem acredito.
Mas se não voltar, nem precisa.
O cara que deixou o Botafogo mais “loco”, hoje deixa “mais comum”.
Mas deixa com o dever cumprido.
Menos do mesmo.
abs,
RicaPerrone