Você acredita?
Se eu pudesse voltar no tempo e dizer a um atleticano que aquele Galo meio machucado de outro dia seria líder do Brasileirão com campanha incontestável, com Ronaldinho no elenco não sendo o “dono do time” e que na décima primeira rodada ninguém o chamaria de “zebra” mas sim de “favorito”, ele acreditaria?
Talvez sim, como em 2008, cheio de “poréns” alimentados pela sua memória recente. Ou não, mais cético ainda sobre o clube que ama e tanto lhe faz sofrer.
O Galo contratou Cuca, técnico que pra muitos é gênio, pra outros, tragédia. Foi buscar Ronaldinho Gaúcho, o “problemão” do Flamengo, e com algum esforço assustador formou um elenco que não tem uma cara humilde como o de outros tempos.
Mas aí você lembra do Ronaldinho no Fla, do Cuca no Cruzeiro e pensa: “Dá pra acreditar?”.
Lá se vão 11 rodadas e a resposta é óbvia.
Eufórico o atleticano se espalha em bares ou na web dizendo que “rumo ao bi”, “Galo forte e vingador”, etc. Mas no fundo, como qualquer torcedor, ele teme estar vivendo, de novo, um sonho de verão com final infeliz.
É parte do fim de um problema ter medo que ele esteja apenas começando. O Galo, enfim, joga como Galo. Se posta como tal, entra e sai de campo de cabeça erguida, gigante, imponente.
Coloca Ronaldinho em campo na condição de coadjuvante, que é o que de fato ele pode ser, e que por 300 mil reais é até bom negócio que seja.
E lá vai o Galo, de novo, arrancando no começo do campeonato.
E você, não atleticano, acredita?
Pouco importa. Incontestáveis vitórias consecutivas sobre Figueirense, Inter e Sport, cada uma com uma história diferente, todas elas gerando uma frase dura de dizer: “É vitória de campeão”.
Cedo, muito cedo. Mas dá vontade de dizer, sim.
Não sei se acredito, mas sei que não duvido. Sei que quero muito ver o Galo devolver pra sua torcida tantos e tantos anos de fidelidade. Sei que pode ser agora, em 2012, sem o Mineirão, o que torna tudo ainda mais “interessante”.
Como o Flu em 2010, o esperado caneco pode vir longe de casa. E você dirá: “A casa do Galo é Belo Horizonte !”. Mas não é, sabemos.
Fora de casa torna ainda mais valiosa e complicada a missão. Ainda assim, talvez, longe do verdadeiro significado dela.
Não sou atleticano, não faço idéia do que passaram nos últimos anos.
Faço, porém, a exata noção da mistura de sentimentos que cada vitória deste Galo causa no torcedor.
A sensação de “acreditar” mesclada ao medo de se decepcionar, somada ao passado recente, ao passado distante e glorioso. Afinal, que Galo é esse que estamos vendo?
O velho, o recente, o novo?
Acredite. É real.
Se não o título, um Galo gigante e protagonista.
Títulos são conseqüência de grandes momentos, não o contrário.
O grande momento está ai. Porque não o título no final?
Acredite. E se não vier, continue acreditando.
Como se fosse preciso dizer isso a uma das mais fiéis torcidas do mundo…
abs,
RicaPerrone