Se o Botafogo acha que Seedorf ataca, defende e cabeceia, se enganou. O holandês ajuda na marcação e na criação, mas não faz milagre.
O Fogão do Oswaldo é muito bem armado até o setor de criação. Ali, um monte de gente “indo” e ninguém “esperando”. Lado a lado eles tocam, avançam, rodam e voltam a bola.
Ou, quando mais ousados, queimam num chutão ou num cruzamento.
É o famoso “mosca de padaria”. Rodeia, voa pra lá, pra cá, mas não come o doce.
E o Vasco, ao contrário, pouco tem a bola. Hoje teve 40% de posse apenas, mas quando teve, sabia onde queria ir.
Cada bola retomada caia nos pés do Juninho que, sem olhar, sabia que teria Éder Luis aberto e Alecsandro na frente. Dali, uma jogada em busca do gol começava e, quase sempre, terminava na área.
Quando Renato, mais recuado ainda com a chegada de Seedorf, pega na bola é preciso parar, levantar a cabeça e olhar. Descobrir onde foi o Elkeson, onde estará o holandês, porque diabos o Andrezinho resolveu correr na lateral e tentar adivinhar quem está atrás dele pra dar cobertura.
Carrossel é bonito, molecada gosta, mas cansa. E pior: gira, gira, gira e não sai disso.
Acho lindo o romantismo do Oswaldo em procurar um time leve, solto, envolvente. Mas isso só é possível com muito treino, muito talento e com uma capacidade mental avançada por parte dos jogadores de frente. Quando se diz pra um jogador: “Corre ali, volta pra marcar e só”, ele entende. Quando manda ele pensar na melhor opção para abrir, fechar, puxar marcador e se movimentar, a maioria não entende.
Como uma mosca de padaria o Botafogo ficou rondando o sonho 90 minutos. Não pousou, só cercou.
Veio Juninho, dono da padaria, meteu-lhe a paulada e serviu o sonho a Alecsandro, que fez o que a mosca só pensou, mas não tentou.
Mosca morta pra lá, sonho vivo pra cá.
E sem surpresas, pois desde sempre quem manda na Padoca é o portugues.
abs,
RicaPerrone