“Ele pode”
Quem nunca viu uma baita cagada e, na hora de detonar o autor parou, pensou e disse… “Ele pode!”?
E se Pelé perder um pênalti, “ele pode”. Se Schumacher, aos 42 anos, fizer uma barbeiragem… “ele pode”. Love não é Pelé, nem Schumacher. Mas por conduta exemplar, inteligência administrativa de comportamento e vergonha na cara, “ele pode”.
Rubro-negro é povão. Até aquele que não é, quando de vermelho e preto, finge ser. O povo não precisa de caviar, mas não aceita a falta de arroz com feijão.
Love entrega todo santo dia seu prato feito na gávea. Aos domingos, mesmo errando tudo, tenta e corre. Seu esforço é tamanho que mesmo a atual incompetência de frente pro gol é facilmente perdoada.
E não é um caso onde os gols não façam falta, bem pelo contrário. Mas Love é um jogador diferente.
Vai pra balada como muitos outros vão, mas as 8 da manhã está correndo no treino. Toma a sua gelada, ganha seu alto salário e faz seu cabelinho invocado. Mas todo domingo se mata de correr, acertando ou não, como um legítimo rubro-negro.
Aquele “mulambo” que está de frente pra tv ou no estádio não consegue dizer: “Ganha tudo isso pra andar em campo!”. Com Love, errando ou acertando, ele só pode lamentar a sorte ou exalta-la. Nada além disso é discutível.
O alvará para errar foi conquistado pelo atacante, não doado. E mesmo no dia que se torna o humor do domingo a noite por um erro bizarro, sai aplaudido.
Não porque rubro-negro é tonto, longe disso. Eles são “o povo”, e o povo erra, pede desculpas, tenta, erra de novo, mas não desiste.
Love é Flamengo, sem deixar nenhuma dúvida sobre tal afirmação cada vez que entra em campo.
Nunca prometeu ser Pelé, e não é. Mas prometeu ser Flamengo, e tem sido.
abs,
RicaPerrone