Como perder uma nação em 4 dias
O Flamengo conseguiu algo raro. Perder um clássico e empolgar sua torcida. Não vamos nos enganar e tentar colocar a situação como desesperadora e, por consequencia, chamativa ao torcedor.
Rubro-negro foi ao estádio hoje porque o time está correndo e porque jogou uma grande partida no domingo. Futebol é resultado pra uns, postura pra outros. Ninguém gosta de perder, mas tem torcidas que prezam demais pela “correria” apresentada a cada jogo.
O Flamengo correu, ela apareceu.
Em 4 dias de euforia para a bola que não entrou domingo entrar na quinta, Dorival mexeu. Pegou o que funcionava, desafiou o óbvio e afastou a euforia que faria o Flamengo ser protagonista nas rodadas finais.
Não por Libertadores talvez, nem “pra não cair”. Mas Flamengo em casa cheia é sempre protagonista. Aquele que joga pra 10 mil pessoas, sem lutar por nada e com cara de ressaca não causa nada, nem raiva.
Hoje era o dia. Só correr igual e vencer, ela estaria conquistada para as proximas rodadas.
Nação de um lado, time de outro. Frente a frente, hora do flerte virar casamento, pela milésima vez.
Mas ele não quis. Meteu 2 volantes que não marcam forte, lentos, cobrindo laterais. Nenhum meia de criação, um lateral recem promovido a meia e uma bomba no ataque que até agora ninguém sabe como foi parar na Gávea.
A situação era simples! Com um volante fixo, o Ibson corria na frente dele, atrás do Léo e do Cléber. Havia cobertura para os laterais, espaço para chegar com mais perigo.
Resolveu complicar. Volta Renato e Ibson, só que desta vez como volantes de contenção. Nunca foram, mas hoje o professor resolveu que seriam.
Óbvio que o Flamengo se entortou todo em campo e só melhorou quando o natural aconteceu. Entra Adryan, o que deveria ser mais titular entre os 23 do elenco, e sai Hernane, o que nem deveria estar ali.
O time cresce, a torcida inflama, a bola não entra.
Aos trancos e barrancos, não dá pra dizer que “não correram”.
Correram, e muito.
Mas não há muito o que se fazer diante de 2 problemas transformados em 5.
Bons treinadores minimizam seus problemas. Dorival os multiplicou. Sem Love, estragou o ataque. Pra resolver os volantes estragou os laterais e a marcação em frente da zaga. Por consequencia natural o time todo sentiu.
Não foi mal. O jogo foi até bom.
Tem dia que a bola não entra, mas tem dia que fazem de tudo pra ela não entrar.
abs,
RicaPerrone