Mulher de malandro
Algumas gostam e assumem, outras – a maioria – mentem para si mesmas a vida toda. Esperam que ele mude, que pare de agredi-las, que se torne fiel e que não durma mais fora de casa.
São noites e mais noites de “putaria” que, para ela, sempre cheia de esperança, é apenas “boêmia”.
Diz que estava entre amigos, sem mulheres, mesmo cheirando a perfume de vagabunda. Ela identifica, pois no fundo é igual.
O “malandro” deita e rola, e ela o ama cada vez mais. A sensação de indiferença não cansa. Na real, cativa.
Cada vez mais alucinada pela idéia de defende-lo da sociedade que tanto o julga, perde a razão. Enquanto tenta explicar as inexplicáveis noites sem notícias e os roxos espalhados pelo corpo, ele enche a cara e se prepara para, de novo, chegar bêbado, ser perdoado e ainda sair de coitado.
“Quem nunca bebeu demais?”, ela pergunta…. Todo santo dia.
Ele acorda, o café está na mesa, a roupa pronta e separada para usar depois do banho. Sabendo da resposta, não pergunta onde ele esteve. É aquela que não tem mais fé, apenas fechou os olhos para defender a relação.
Relação infiel, injusta, humilhante. Mas, para ela, ainda é uma relação.
Já nem diz que vai mudar, pois nem mesmo o mais idiota dos seres humanos acreditaria. Mas se disser, ela acredita.
Ela o ama, bem mais do que ama a si mesma, diga-se.
E ele sai para “trabalhar” e, sabendo que não volta cedo, promete trazer a janta. Ela, sabendo que não vai vê-lo tão cedo, faz que acredita.
Pior. As vezes ela de fato acredita e o aguarda.
Então, as 2 da manhã, quando ainda esperando o jantar ela percebe que, de novo, ele ficou na “boêmia” e não chegará tão cedo, vai dormir.
Mas antes, prepara o lado dele na cama e deixa um sanduiche na cozinha.
Sabe como é, ele pode chegar com fome. Coitadinho….
A vizinhança ri, ela faz que não liga, ele de fato não se importa e vivem todos felizes para sempre.
Até que ele note não ser nada sem ela ou ela note não precisar dele.
Enquanto isso, perdões e mais perdões.
De novo.
abs,
RicaPerrone