Sambas enredo 2013
Não sou músico, apenas ouço samba. Ao ouvir, sempre entendi que em algum momento, por mais dentro do enredo que precisasse estar, ele deveria falar com o povo. Este momento costuma ser o refrão, que pra mim, que estou na arquibancada 11 da sapucaí desde 1997, é onde a bateria sobe, a escola toda canta, as baianas giram e onde a escola ganha ou perde o público.
A análise abaixo fiz para o site carnavalesco, que me convidou para ser um dos “jurados” de 2013. Com muita honra, aceitei.
De lá pra cá ouvi muitas outras vezes cada samba e acho que fui injusto com a Mangueira. Apesar do samba de fato não me atingir, é de uma letra muito bem feita. De resto, mantenho.
Unidos da Tijuca – 9.8 – Gosto do refrão, gosto do ritmo e da melodia. O enredo é muito complexo, não é fácil falar de tudo que engloba o tema num só samba. Mas de todos os sambas a frase mais bem bolada do carnaval 2013 é da Tijuca: “Metade do meu coração é Tijuca, a outra metade Tijuca também”.
Salgueiro – 9.7 – Samba gostoso, bom ritmo, fácil em diversos trechos com um final antes do refrão bem bolado. Gosto de ouvir. não gosto das trocas de interprete, talvez por mera simpatia pelo Salgueiro de Quinho, talvez por ainda não ter me acostumado. Mas o samba é bom e tem a cara da escola.
Vila Isabel – 10 – Duas constatações simples: É um dos melhores sambas dos últimos 15 anos. Letra inteligente, refrão fácil e com sacadas geniais como o “portugues do interior” no refrão do meio. Outra constatação: O samba gravado na versão concorrente, pelo Wander Pires, ficou melhor do que a versão final do CD. Ainda assim, espetacular o samba.
Beija-Flor – 9,7 – O enredo não ajuda. Dentro do tema, o samba é bom. Mas é mais um samba da Beija-Flor feito para ganhar nota por estar bem enquadrado, bem levado pelo ótimo Neguinho e que não ousa em momento algum. Mais um que vai passar, não vai ficar.
Grande Rio – 9.8 – Típico samba que me agrada. Não sei porque, não tenho explicações técnicas, mas me agrada colocar pra ouvir. Gosto do refrão, acho a história contada de forma super simples e popular. Sem firulas, sem sacadas épicas, é apenas um bom samba. E não precisa mais do que isso.
Portela – 10 – Como o anterior, espetacular. Rápido, forte, cheio de trechos “grudentos” que ficam na cabeça facilmente. Samba das antigas, a cara da Portela. O melhor do ano junto da Vila.
Mangueira – 9.7 (mudaria pra 9,8) – Letra é até rica, mas o samba não é cativante em momento algum. Refrão complicado, longo, porém bonito, assim como boa parte do samba. Não gosto muito, nem odeio. Simplesmente não me atingiu.
Ilha – 9.8 – Gosto do refrão, da idéia, do ritmo e da simplicidade do samba. Pra cima, respeitando a identidade da escola. Adoro ouvi-lo.
Mocidade 9,6 – Quando uma safra inteira de sambas é fraca nota-se que o enredo é complicado. A gravação final, porém, não ficou tão ruim. Mas o samba é pra lá de comum, infelizmente. Um dos piores, conforme previsto desde a escolha do enredo.
Imperatriz – 9,7 – Outro samba que não diz muita coisa. Aliás, convenhamos, está passando da hora da Imperatriz fazer um samba ou um desfile ousado e notável. Mais uma vez, comum. Nem ruim, nem bom. Wander Pires deu algo mais ao samba.
São Clemente – 9.6 – O samba é popular. Dá pra identificar quase tudo sem “legenda”. Mas poderia ser melhor. Ao menos é irreverente, brincalhão, alegre, a cara da escola.
Inocentes – 9.5 – O pior de todos. Dificil de cantar, de guardar, de entender o que está sendo dito sem uma legenda.
abs,
RicaPerrone