Fluminense

Ele ou o futebol?

Vamos falar de Luxemburgo. Não exatamente do Flu, nem de pra onde ele vai. Mas por onde ele esteve e o que realmente não deu certo para tirar o melhor técnico do país da lista dos mais desejados pelas torcidas.

Hoje, também muito influenciado por insinuações não provadas de jornalista bunda-mole, o torcedor tem “medo” do Luxemburgo e acredita que ele fará mal a seu clube.

Entre o que insinuam e o que temos, sempre fico no meio do caminho.  Quem sabe o que diz não insinua, simplesmente diz.

E ninguém diz.

Minha questão é mais ampla. O Luxemburgo “emburreceu”?

Claro que não. O cara que fez talvez 10 dos melhores 8 times dos últimos 30 anos do futebol brasileiro não esqueceu do que sabe nem do que fazer. Talvez tenha cansado, se viciado numa rotina, desviado o foco, enfim.

Fato é que quem vai as Laranjeiras diz ver um treinamento de muito mais alto nível e intenso do que antes. Luxemburgo raramente é contestado pelo que sabe, pelo que faz, mas sim pelo que insinuam dele.

Eu gosto do Luxemburgo. Muito. Acho o melhor treinador que já vi na vida. Mas também me confunde um pouco a fase atual.

As vezes pondero os times que andou pegando e penso que as escolhas foram muitas delas por dinheiro e não por acreditar num time.  O Palmeiras do Luxemburgo foi o melhor Palmeiras dos últimos 10 anos. E ele foi demitido.

Alguns pontos precisam ser levantados:

– A cobrança nele é sempre o dobro do que nos demais.
– Em time do Luxemburgo a imprensa cobra dele, não do time
– A mídia em geral não gosta dele

Isso tem um peso na hora de avaliarmos o que ouvimos e lemos sobre um profissional.  A imprensa é extremamente tendenciosa quando alguém não segue sua cartilha. Luxemburgo é disparado o mais perseguido e odiado treinador dentro da imprensa brasileira.

Justifica seus últimos trabalhos? Não. E é aí que quero chegar.

Vamos colocar aqui que até 2005, no Real Madrid, ele viveu um grande momento.  Chegou a bater um recorde lá de invencibilidade, até que perdeu o time,  como aliás, TODOS os que passaram por lá “perderam” aquele time de estrelas.

Voltou. Ganhou 2 estaduais pelo Santos e sem nenhum atacante no time foi a semifinal da Libertadores, onde perdeu com um golaço do Diego Souza, ainda pelo Grêmio.

Em 2008 foi pro Palmeiras. Ganhou o estadual, que há 12 anos o clube não vencia. Em 2009 foi até a Libertadores com esse time e lá, sem perder pro Nacional, foi eliminado pelo gol fora numa partida revoltante da arbitragem.  Saiu do clube porque peitou Keirrison, enquanto a diretoria o defendeu.

Deixou o Palmeiras líder do Brasileirão. Muricy assumiu e sabemos o resto.

Passou pelo Santos mais uns meses, foi pro Galo.  Ganhou o estadual e depois se enrolou todo. Foi parar no Z4 e demitiram-no.

No fim de 2010 ele assume o Flamengo pra não cair, e não cai. Em 2011 chega a setembro com 1 derrota apenas e leva o time a Libertadores.

Em 2012 tem problemas com R10 e deixa o Flamengo classificado para a segunda fase da Libertadores.

Assume o Grêmio. Leva o time pra Libertadores.

Assume o Fluminense em julho, encara boa sequencia, dá uma ajeitada no time e faz a torcida falar em G4. Perde meio time pro DM e entra em campo com Biro-Biro, Samuel, Rafinha, Igor Julião, Diguinho, e um banco de reservas inteiro formado por jogadores que nunca ninguém ouviu falar.

Perde 2 jogos, empata outros. Está na corda bamba,

Luxa não é mais o mesmo.

Mas notou a distância entre o rótulo de “ex-treinador” e o que de fato aconteceu nos últimos anos?

Curiosamente ou não, foi no momento em que Luxemburgo parou de vencer que surgiram Muricy, Roth, Abel, Mourinho, Grécia, Portugal, Once Caldas, e mais mil exemplos mundo a fora.

O futebol de resultado engoliu o bom jogo. E talvez isso também tenha refletido nos resultados do Vanderlei, que nunca topou jogar por uma bola parada.

Eu já defendi em julho que ele não voltasse a trabalhar em 2013. Que tirasse férias, gastasse sua enorme grana viajando, esquecendo tudo isso e voltando após um ano.

Renovado. Sem mais conviver no insuportável ritmo que o futebol coloca pra um profissional.  É treino, jogo, imprensa, porrada, insinuação, processo, jogo, treino, porrada. Ninguém aguenta.

Se demitido ou não, Luxemburgo devia parar.

Por longos 12 meses onde fosse o suficiente para muitos daqueles que não suportam ver a sua cara na tv o esquecessem e, talvez, até, sentissem falta.

A guerra entre Luxemburgo e imprensa é intensa e dura anos. Só quem é do meio consegue notar o tamanho da perseguição de alguns e até onde levam isso na tentativa desesperada de provar algo de errado com o cara.

Desde então, Luxemburgo não venceu mais grandes campeonatos. Mas também não assumiu nenhum time com condições pra isso, a não ser o Flamengo de salários atrasados em 2012.

Há uma queda de rendimento. Mas há também um abismo entre o que ele tem feito e o que dizem que ele não tem feito.

Insinuações rotulam um homem através da covardia alheia.

Vamos falar de futebol quando falarmos do Luxemburgo?

Ah! O Flu?

Eu o demitiria sim. Não porque acho que ele é culpado por não ter tido time pra por em campo nas últimas 4 rodadas, mas porque lá na arquibancada sinto uma rejeição a ele de véspera. E eu não trabalharia onde o presidente da empresa não me quer.

abs,
RicaPerrone

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