Normal. Ou quase normal…
Caro Amaral,
Sei que és garoto, que não está acostumado e que pode cometer erros. Sei que se arrependeu. Sei que você também sabe que o placar de hoje é culpa sua.
Não sei, porém, o que te deu na cabeça quando olhou pra aquele mexicano e pensou que era argentino. Se fosse, saberia em 2 minutos, pois teria fechado o tempo e ido 4 pro chuveiro junto com você, dois de cada lado.
Infelizmente não era.
Sei o quanto você torceu pelo empate lá do vestiário esperando pra saber se seria vilão ou apenas um rapaz que cometeu um erro bobo. Taí, vilão.
A Libertadores é um torneio cafajeste. Ele te insinua ser sobre futebol, mas não é. Diz que é guerra e quando você entra nesse espírito, te expulsam. É mesmo complicado.
Hoje você aprendeu que da cintura pra baixo não é tudo canela. E que quando for, vai ter que ser mais discreto.
E não vou mentir, não. Uma hora você vai ter que enfiar a porrada pra conseguir ganhar o jogo. Mas essa hora não chegou, nem passou perto.
Nos próximos dias você será o anti-cristo rubro-negro, o culpado por todos os problemas de alguns milhões de pessoas. Como já foi, um dia, a razão da alegria delas.
Pouco importa.
Importa mesmo é saber expor ao time neste momento o que é guerra e o que não é. O Flamengo nunca soube jogar a Libertadores. E não é necessariamente um novato nela.
Você é.
Aprenda mais rápido que o clube. Libertadores se ganha com a cabeça e com os cotovelos. Ambos sem que ninguém note.
Especialmente a parte dos cotovelos.
abs,
RicaPerrone