Sem saída
Quanto mais eu ouço ataques ao futebol brasileiro mais eu noto que a maioria das pessoas nunca se deu o trabalho de tentar entender a estrutura real dele pra encontrar sugestões reais para melhora-lo.
Não me refiro a estrutura física. A grande questão é estarmos sempre buscando “um modelo europeu” quando tudo lá se baseia na venda dos clubes e nossos clubes não podem ser vendidos. Ou seja, estamos andando em circulo.
A cota de tv é uma briga eterna. Mas quando a Globo passou a fechar individualmente com os clubes o acordo, morreu qualquer possibilidade de acerto comercial equilibrado. Mas ainda assim, se houver uma leitura mais inteligente e menos clubista, é bom que Flamengo e Corinthians ganhem cada vez mais.
Simplesmente porque não haverá uma reunião de clubes onde um deles diz: “Ok, pelo bem do torneio, ganharei menos pra equilibrar”. Isso não existe, nunca acontecerá, e é perda de tempo e atestado de burrice sugerir ou esperar essa conversa.
Portanto, sendo individual a negociação, quando um clube conseguir não dever pra Globo e puder escolher, ele poderá talvez dizer “não” aos X milhões dela. Mas nunca reclamar do fato do outro estar ganhando mais, afinal, é com o aumento de um da mesma classe que se aumenta os demais.
Cada centavo a mais que ganham Flamengo e Corinthians reflete num valor de mercado maior para o produto como um todo. Se até 2005 a camisa valia 8, hoje vale 50. E se vale 50 a do Flamengo, a do Fluminense valerá mais também. Não 50, sempre haverá uma dose de “tamanho de torcida” envolvido neste valor. Mas ganham todos.
Porque não ganham hoje então? Mentira. Ganham. Os clubes ganham hoje muito mais do que ganhavam antes com as cotas divididas. Todos eles, inclusive os que reclamam da diferença. A questão é que o Flamengo ganha 150 e numa negociação onde você deve dinheiro a Globo não tem como peitar, recusar 80 e pedir 120.
Ela, que não é uma ONG e sim uma empresa, vai tentar baratear pra lucrar. E o clube, com rabo preso, não pode barganhar muita coisa.
A Globo não coloca arma na cabeça de ninguém. Os clubes assinam com ela porque querem, porque é vantajoso e porque devem a ela.
Costumo dizer que o mais mediocre jornalista que conheci ficou puto quando seu colega passou a ganhar o dobro dele. Burro, parou de produzir e foi mandado embora. O que entrou em seu lugar entrou ganhando 50% mais do que ele ganhava.
É o mercado. Uma coisa puxa outra. E se os clubes não tem gestão contínua, ou seja, se a cada 3 anos querem deixar tudo fodido pro próximo por politica, não é a Globo ou uma impossível união entre eles formando uma liga que vai resolver.
Esquece.
Ou alguém “compra” o campeonato no Brasil, ou vamos andar em circulos. Ainda que assim nos permita ser o terceiro melhor campeonato nacional do mundo. Imagina se tivessemos rumo.
abs,
RicaPerrone