Não tem alma
Não, não! Não é o que você está pensando. Eu não vou ser o “palhação” do twitter e dizer que é um Paraná com grife. Quero falar outra coisa.
Sabe quando eu digo que não mexe comigo? Nem eu exatamente sei explicar porque. Mas acho que hoje encontrei.
O cenário é: Um time ultra poderoso e rico que matou uma liga inteira pra ter o que tem contra um time bem menos rico de uma liga que se recupera de um escandalo de corrupção.
Um time joga pro mundo. O outro pra Turim. Um deles compra espermatozoides talentosos e o outro espera crescer pra ter certeza.
Um é o “novo rico”, o outro o velho socialite.
Os dois times tem em seus maiores ídolos 70% de jogadores que não são de seus países, suas seleções. Uma das torcidas é feita de “fãs”, a outra de torcedores.
O Barcelona é muito superior. Mas é futebol, e portanto temos um jogo.
Lá se vão 40 do segundo tempo, está 2×1 pro Barcelona. A Juventus, time de “torcida”, está a 5 minutos do fim do sonho profissional de todos os seus jogadores.
E eles assistem ao final do jogo.
Ninguém perde a calma, o controle, a posição. Não tem abafa, não tem pressão. Ninguém se joga pro ataque irresponsavelmente. Todos eles parecem olhar aquilo como “uma digna derrota por 2×1”.
Eu respeito pessoas assim. Mas no meu planeta, aos 40 do segundo tempo, perdendo o jogo da minha vida eu rasgo a cara na trave pra tentar empatar. Eu chuto a cabeça do adversário numa dividida, eu sou expulso, perco a razão, o jogo, mas eu tento.
A impressão que eu tinha era que ali tinha um espetáculo na casa de ninguém, com turistas ricos que foram lá ver o jogo, uma renda fodida, dois times de executivos profissionais do futebol e um consenso.
Encontrei.
É isso que não mexe comigo. E eu não estou falando de organização, blá blá blá. Eu me refiro ao detalhe que me tira o tesão.
Não é uma decisão. É um evento. E mesmo sendo do caralho… Eu gosto de decisões.
O que eu posso fazer se prefiro um estádio cheio sem banheiros a uma arena com 15 mil turistas e mármore na pia?
abs,
RicaPerrone