Um Flamengo “pra casar”
Em alguns momentos de sua gloriosa história, é claro, o Flamengo jogou um grande futebol. Também viveu raros períodos onde rascunhou um futuro brilhante, organizado e profissional.
Já teve sua torcida carregando no colo e levando o time até onde ele nem sabia que poderia ir. Já vimos jogadores medianos jogarem o fino da bola sem a menor explicação, tal qual sua nação invadir cidades que não o Rio de Janeiro para fazer jogos fora virarem “jogos em casa”.
Vimos também o Flamengo sobreviver sem o Maracanã. Longe do Rio, dos seus.
Mas nunca vimos tudo isso acontecer ao mesmo tempo.
O que torna esse domingo memorável?
O Pacaembu rubro-negro, o bom futebol, a vitória, a paz, a campanha regular e constante de um Flamengo que sempre prezou pela loucura e pela irregularidade.
Um torcedor que não sabe como lidar com o cenário construído planejadamente e que ainda olha pro campo tentando encontrar o causador do “milagre”. Só que dessa vez não tem milagre. É colheita.
Há 10 anos o Flamengo teria reintegrado Adriano, comprado o Diego pelo dobro do valor e estaria em crise porque não paga salários mas contrata um camisa 10. Esse 10 estaria sendo o dono do time pedindo bola com a mão na cintura e a torcida protestando o décimo sexto lugar na gávea.
Rodrigo Caetano teria caido quando pressionado e não ganhado o crédito de mostrar a qualidade que tem. E um treinador novato teria sido esculachado no anúncio. Lembra?
É o Flamengo que não pode morrer, mas que quer ser um plano B. O Flamengo do imponderável dá espaço ao clube que planeja e conquista metas, não apenas vitórias e títulos improváveis.
Ao contrário. Esse Flamengo é cada vez mais provável. Faz campanha de Cruzeiro, paga em dia como São Paulo, usa a base como Santos, mas ainda tem em sua torcida algo que só o Flamengo tem.
O Pacaembu hoje celebrou mais do que 3 pontos ou uma “invasão” a outro estado. Celebrou um Flamengo que colhe o que plantou, e não um místico clube que consegue o que nao era pra conseguir.
Confesso sentir um amor bandido pelo outro. Mas que esse é pra casar, é!
abs,
RicaPerrone