Era 11 de março de 1997 e, portanto, faz 20 anos. Eu entrei na Band FM em São Paulo a convite de um vizinho que era diretor da rádio, nem me lembro o nome. Morreu já.
Cheguei umas 17h. A primeira pessoa que vi na Band foi Luciano do Vale, que passava na catraca na minha frente. Fiz Palmeiras 7×1 River-PI pela Copa do Brasil, 3 gols do Viola.
Foi a primeira vez que “trabalhei com futebol” na vida.
Pouco depois fui demitido e, puto, resolvi que faria o material e venderia pronto pra emissoras. Veja você, moleque folgado, aos 19 anos, querendo produzir jogo pra Sportv, Rádio Globo, Rádio Record e Tv bandeirantes. Nem faculdade eu fazia ainda.
Fiz pra todos. Todos eles usaram. A Band me contratou pra TV após isso. Eu fiquei dois dias, pedi demissão.
Ninguém acreditava. “Maluco! Saiu da Band com 2 dias! Puta chance!”.
Chance o caralho. Se era pra fazer aquilo eu preferia ser veterinário. Odiei. Só filha da puta, ego pra caralho, panela pra cacete, nego veterano tratando mal quem chegou. Peguei um ambiente péssimo, era a época da Traffic. Enfim, não era aquilo.
Sai. Fui cobrir F-1 para um site do Deva Pascovic na AOL. Deva morreu no acidente da Chape. De reporter de F-1 fui fazendo, fazendo, até vender pra America On Line um site de Fórmula 1. Ele se tornou de automobilismo, depois foi pra outros parceiros e em um momento, acho que 2003, eu asseguro que tinha o maior site de automobilismo em lingua portuguesa no mundo. Era bizarro! Tinha transmissão ao vivo de Nascar, irmão!
Dali fiz a Rádio F-1 na WEB, há quem diga que foi o primeiro “programa de rádio” sobre o tema na web. Nunca confirmei. Em seguida começou a ter “blog” de menininha postando a vida delas. Eu fui o idiota que pensou: Porque as colunas semanais não viram blogs e postamos quando queremos sem data fixa?
Fiz isso. O primeiro. E voltei atrás com uns 3 meses porque não entendiam aquele mecanismo. Em 2006, quando já tinham alguns, voltei e está até hoje. Mas quem transformou a “coluna” em blog pela primeira vez entre os jornalistas foi esse cara aqui.
E de 2005 pra cá eu fiz SPnet, criei a Rádio SPNET, fiz a Estação Tricolor, fechei o F1naWEB, fiz do meu blog referência na web e passei por um período onde o blog foi parceiro da Globo.com. Note: Eu jamais TRABALHEI lá. Fizemos parceria, ao contrário do que pensam.
Minha carteira de trabalho está em branco. Eu abri uma empresa com 19 anos. Nunca tive um décimo terceiro, férias, nem mesmo uma indicação pra prêmio ou algo do tipo.
Batalhei todos os meus patrocínios, consegui meus views, escrevi meu livro e fui o único jornalista sem um grupo de mídia credenciado pela FIFA na Copa do Mundo. A sugestão da própria FIFA.
Não fiz grandes amigos no meio porque não gosto do meio. Não frequento, não ando em bando, pouco os conheço. Não sou “jornalista”. Trabalho com entretenimento.
Mas nos clubes, entre os treinadores, profissionais, jogadores e gente que de fato faz a coisa girar, tenho amizades e o respeito que gostaria. Não tenho inimigos no futebol. Só na imprensa esportiva.
Conheci os meus ídolos, o Zico lê meu blog. Na Copa os jogadores compartilhavam meus textos no grupo deles de whatsatp. E a CBF me pergunta o que acho sobre algumas coisas.
Fiz o texto dos 19 clubes da série A para a Chapecoense a convite deles, lido pelo Galvão na Globo. Fiz textos que rodaram a internet, que viraram do Verissimo, de outros tantos. Mas eram só do Rica.
Briguei pra ser o Rica enquanto o Ricardo já existia no UOL, na Folha, na Placar. Adotei o apelido e hoje sabem que tem dois Perrones. E as diferenças.
Eu não fiquei rico. Continuo sendo apenas “Rica”. Conheci muita gente legal, muita gente escrota. Vi jogos memoráveis, 95% da arquibancada mesmo credenciado. O 7×1 eu vi de imprensa. Talvez porque eu como torcedor não merecesse aquilo.
Passei por umas rádios. A última, a BET 98, onde fiz por 3 anos um programa de humor e futebol com Marcelo Adnet, Gustavo Pereira e Paulo Beto.
Eu não sou sortudo. Eu trabalhei pra caralho.
Eu tenho 20 anos de independência “jornalistica”, falando o que bem entendo e NENHUM processo contra mim. Eu jamais criei uma crise, jamais menti sobre uma transferência, cravei uma notícia por ejaculação precoce ou causei mal a alguem do futebol.
“Chapa branca”. Não… honesto. É diferente.
Acrescente também a coerência do que prego em ter feito 2 cursos de treinador e um estágio com o Espinosa pra aprender e melhorar o meu conhecimento sobre o tema e me tornar, de fato, “especialista” em alguma coisa.
As vezes nego pergunta de onde vem o blog, o sucesso, etc. E eu respondo: “Sou sortudo”. Mas é só preguiça de contar tudo isso.
Eu abri um mercado. Eu criei uma alternativa que será usada por diversos novos jornalistas e até os atuais. Não porque sou gênio, nem melhor do que ninguém. Mas porque fui maluco, teimoso e abusado.
Falo demais. Mas ainda assim, nunca me deu problemas o que falo.
Sou a falsa bomba relógio que os velhos acham que é questão de tempo pra “se explodir”. Mas não explode. E nem vai.
Porque atrás dessa marra toda tem alguém que sabe exatamente o que está fazendo. E que embora tenha tido sorte, teve bem mais do que isso pra ser a referência, o alvo ou o “filha da puta que eu odeio” de tanta gente.
Não vão ter mais 20. Eu fiz da minha meta parar com o hexa em 2018 e fazer outra coisa dentro do futebol que não mais “jornalismo”. Talvez você tenha notado com os textos sobre outros temas.
A melhor coisa que fiz foi o Cara a Tapa. A pior foi o Futebol na WEB, um site que não vingou.
E a que mais me orgulho é de ter todo dia um e-mail na minha caixa de alguém dizendo que não concorda comigo sempre, mas que corre pra me ler quando o time dele é campeão ou ganha algo épico.
Era isso que eu queria. Mais nada.
Obrigado a quem ajudou, me desculpe com quem fui injusto e um abraço pra quem duvidou.
Porque eu tô escrevendo esse post? Porque poder escrever o que eu quero, quando quero, da forma que sinto e ter quem leia é a maior conquista da minha carreira.
Abs,
RicaPerrone