O Galo pulsa
As pessoas costumam colocar toda discussão sobre futebol na questão de títulos. Quando sai disso, “torcida”. E quando passa isso, apelam pra qualquer coisa que coloque seu clube acima do rival.
Nem mesmo o maior atleticano renegaria: o Cruzeiro é bem mais vencedor que o Galo, é internacionalmente mais conhecido e mais tradicional. Tudo isso é parte do inaceitável mérito alheio que só se aceita em casa no banho. Mas, sabemos.
Clubes tem características e eu as respeito. Gosto quando torcidas as entendem e levam adiante. Tenho preguiça de torcidas que tentam forçar rótulos que não cabem para sacanear adversário. É o botafoguense falando em casa cheia, o alteticano falando em títulos nacionais, o sapaulino (como eu) falando em torcida fiél.
Ultimamente o Atlético esteve mais presente nacionalmente em decisões. Eu não quero fazer comparações que menosprezem esse ou aquele, apenas que os separem.
O Galo parece representar um sentimento e o Cruzeiro a glória.
Lutam pelo título, estão lá pela decisão, espalham suas conquistas. Também o faria se cruzeirense fosse. Mas não sei o que faria se fosse minoria e com um rival mais vencedor que eu.
Talvez eu fosse menos fanático, ficasse mais calado, ou talvez fosse apenas chorão e revoltado. Mas eu queria mesmo era ser como um atleticano.
Embora não possa, e aqui não vai nenhum deboche, porque meu time é amplamente vencedor, eu consigo sentir sintomas de inveja quando estou em BH ou quando vejo sua torcida pela tv.
Ela pulsa.
O grito de “Galo!” no meio do nada nas ruas de Belo Horizonte é uma das coisas mais inacreditáveis do futebol. E é real. A pessoa grita, do nada, no meio da rua: “Galoooo!”. E alguém responde: “Galooo!”. E segue o dia.
Eles se impõem. No grito, na camisa, na ostentação ao que tem e talvez até ao sofrimento. Mas de alguma maneira o Galo consegue bater num peito menos estrelado e fazer mais barulho do que outras constelações.
Hoje recheado de craques, com elenco farto e marra de títulos recentes, soma a paixão do sofrimento ao sorriso maroto das glórias. E gritam, do nada, no meio do que for… “Galooo!”.
E sempre tem outro maluco pra responder.
Galooo!
abs,
RicaPerrone