Tudo sob controle
Uma vez eu cheguei na concentração da minha escola de samba na Sapucaí e parecia que o mundo ia desabar. Nada funcionava, as fantasias estavam incompletas, a luz do abre-alas não funcionava, e o carnavalesco estava ali, fumando, olhando pro nada calmamente.
Eu fui até ele em desespero e disse: “Oi! E ai? Vai dar? Quer ajuda?”. Ele balançou a cabeça de um lado pro outro e disse: “É assim mesmo”.
Naquele momento eu não sabia ainda que faríamos um desfile “ok” e terminaríamos numa colocação “ok”. Mas eu sabia que não sairia nada brilhante dali.
Tenho comigo que qualquer pessoa que mexa com entretenimento e portando reações de pessoas, deve ter os olhos brilhando, as veias saltando no pescoço e em algum momento sair do controle.
Não porque perder o controle é positivo. Mas porque ser parte do sentimento que envolve aquilo é tão ou mais importante quanto a frieza de administrar a situação.
Zé, eles não querem que você escale esse ou aquele. Eles querem que tu chute a porta. Eles olham pra você e não enxergam o líder. Eles enxergam o Parreira. Sempre a mesma cara, o mesmo tom, a mesma reação. Tudo sob controle.
E quem é que quer controle no futebol?
Esses caras, e me refiro a torcida não ao time, querem você tão puto quanto eles quando não funciona. E veja que falamos de uma gente puta em terceiro lugar. Ou seja, não é resultado. É desempenho.
Não se trata de quantos gols, mas como eles foram marcados. Não se trata de ganhar apenas, mas sim de brilhar. O hino diz, ouça-o! Vencer, vencer, vence! Mas… o maior prazer é vê-lo BRILHAR!
E ninguém brilha com essa simpatia pela nota 6.
Arrumem as finanças, paguem em dia, estruturem o clube, mudem o Flamengo todo! Mas não tirem dele a graça de ser o que é. E isso aqui não é Flamengo.
abs,
RicaPerrone