Devo ter conversado com uns 40 rubro-negros e uns 15 cruzeirenses nos últimos dias. Eles tem absoluta convicção de que só há dois roteiros para a decisão, e não há um só cidadão que tenha coragem de discutir com a história do futebol e dizer que de véspera eles não tem razão.
Porque daria Flamengo?
Porque ficou menos provável após o primeiro jogo. Porque tem Diego. Por vários motivos, mas a que todo rubro-negro tem desenhada é o Muralha herói pegando pênalti e mandando o jornaleco e seu editor pra puta que pariu no microfone da Globo ao vivo.
É real. Eles não chegam a sonhar com isso. Na cabeça deles isso já aconteceu.
Porque?
Porque o Flamengo não ganha títulos sem uma história pra contar. E nesse Flamengo, o mais Cruzeiro de todos os tempos, não há outra história que não Muralha.
O Cruzeiro, que é tão Cruzeiro quanto sempre foi, conquistaria o título “à lá Cruzeiro”. Merecido, no tempo normal, indiscutível. É assim que ele faz, é assim que ele se fez.
O que pra muita gente é “sem sal”, pra alguns clubes é a forma rotineira de ser campeão.
Fato dos mais incontestáveis: Se algo absurdo acontecer, 90% de chance de ser com o Flamengo. 10% de ser do Cruzeiro. É isso que o futebol nos ensinou.
E por ter neste Flamengo um momento pouco brilhante, um clube frio, metódico, que comemora resultados na planilha tal qual no gramado, e que encontra motivos em todos os seus méritos, o flamenguista desconfia.
Fosse o Fla de Adriano, em crise, devendo 2 meses, o título era certeza. Esse aí, vai saber?
E assim vamos dormir essa noite. Sabendo tudo que vai acontecer, até que de fato aconteça. E então os que terão razão dormirão amanhã felizes ou tristes, mas com o saboroso “não falei?”.
E alguém terá dito. Porque como toda final de dois times grandes, não se fala em outra coisa.
abs,
RicaPerrone