O combustível
Se imagine ator. Você entra no teatro e tem 40% de lotação. Você fará seu trabalho, é claro, mas não fará o seu melhor. Simplesmente porque a primeira reação que você teve ao pisar no seu local de trabalho foi de frustração.
Aquele público te diminui. Te diz que você não é esse sucesso todo e inconscientemente você produz menos do que poderia.
Quem me explicou isso uma vez foi um amigo ator. E logo levei ao futebol. Quando perguntei, na mesma mesa, para um jogador e um treinador, ambos concordaram que era “exatamente isso” também no futebol.
Um estádio vazio é a garantia de um jogo menor. Toda vez que há um estádio cheio, o jogo tende a melhorar pelo simples fato de haver platéia. Jogador de futebol vive de vaias e aplausos, e todo jogo que gere interesse é também de maior intensidade.
No Pacaembu, ontem, o ex-morno São Paulo empatou um jogo que deveria vencer. Mas pelas circunstancias, esteve perto de perde-lo.
Não fosse o estádio cheio, o ambiente de grandeza a sua volta, fatalmente o 2×0 viraria vaias, “olés”, melancolia e explicações no final. Um jogo de futebol tem todo seu sentido na arquibancada. É pra eles que jogam, é pra lá que correm no gol, é pra lá que se viram pra pedir silêncio.
Um jogo sem torcida perde mais do que uma torcida sem um grande jogo.
abs,
RicaPerrone