Quanto custa não ser um cuzão?
Eu sei que você adora as pessoas que quase todo mundo adora. A fórmula simples da simpatia alheia é determinada pelo perfil do país, do mercado publicitário e da mídia: seja um cuzão.
Quanto menos você achar alguma coisa, menos gente terá algo contra você. E quanto mais neutro e pica sonsa você for, mais fácil é pra uma marca se atrelar a você.
Logo, quanto mais cuzão, mais dinheiro.
Um departamento de marketing de uma empresa não tem culhão pra meter o Gustavo Lima numa propaganda hoje cedo porque ele, DENTRO DA LEI LOCAL, usou uma arma de fogo. Pior: emitiu a opinião dele que não é 100% bem vinda. E se desagrada alguém, não serve pra publicidade.
Não porque o Gustavo não mereça. Mas porque as empresas são fruto de uma sociedade cuzona, manipulada por uma mídia covarde que massacra e por um grupo de intelectuais/artistas que ditam o que pode ou não se achar.
Não vai ter propaganda com o Gentili e com o Gregório. Porque você sabe o que eles pensam. Tem bastante com o Leifert, e veja o dia de hoje na rede social o inferno que se tornou a vida dele porque disse algo que pensa.
Crescemos num país que não acha nada, que tem padrões determinados do que se deve ou não achar. Num país onde é permitido defender um bandido, mas não se pode emitir opinião favorável a um candidato que não agrada a classe artistica.
Onde a mídia camufla e manipula descaradamente os tons de cada palavra dada pelos seus inimigos/amigos conforme convém. E que até mesmo os resultados da política norte-americana nos são omitidos pela vaidade do jornalista/editor que bancou que não daria nada certo com fulano.
Quantos “famosos” você acha que votarão no Bolsonaro e não tem coragem de dizer? Quantos queriam gritar “Lula 2018” mas perderiam uma parte dos fãs e portanto uma fatia de publicidade.
– Fulano, manda um abraço pra Belém!
– Nossa, Belem! Beijo Belem! Adoro Belem! Sempre que posso vou a Belem!
Mentira. Ninguém sempre que pode vai a Belem. Vai a Disney. É só clichê, e como esmola, você agradece.
Somos treinados para ser cuzões. O que você espera de um cuzão?
Quanto menos se pensa, menos se acha. Quanto menos se acha, mais você é aceito e mais você vende. Quanto mais se vende, mais importante fica. E quanto mais cuzão, mais relevante se torna.
Essa é a lógica de um país que “briga” feito uma menininha de 10 anos pelos seus direitos. Grita, berra, puxa cabelo, mas nem sabe exatamente o que está fazendo e menos ainda se está batendo ou apanhando.
Aqui ninguém bate, nem apanha. Porque a dica é passar ao lado da pancadaria. Ali não te leva a nada, não te faz melhor, não te ajuda a crescer. Mas paga bem. E que mal tem ser cuzão se for tomando champagne?
Duro é chegar aos 39 anos tendo como característica falar o que pensa e ser independente e notar que cada dia que passa você sonha em conseguir, quem sabe, se tornar um cuzão. Porque entre brigar sozinho e ficar rico… talvez seja melhor ser cuzão do que burro.
abs,
RicaPerrone