Quanto vale o ouro?
Dormi e acordei ouvindo essa discussão. Quanto vale o seu filho? Quanto valeu o nascimento dele? Quanto vale um abraço de um grande amigo que você não vê há muito tempo?
Quando vale seu tempo?
Quanto vale um sorriso? Uma memória feliz para a eternidade? Quanto vale o abraço entre pai e filho que estiveram no Mineirão há 2 anos ontem no Maracanã? Quanto vale ver a confirmação de um ícone?
Quanto vale a sua vida? Quanto vale a minha? Quanto valeu a pena até agora?
De um estúdio qualquer patetas de terno e gravata acreditam estar falando de futebol quando tentam dimensionar um momento épico. Pergunte a 70 mil brasileiros naquele Maracanã delicioso quanto custou o ingresso. Aposto que as 20h de sábado ninguém nem se lembrava.
Mas eu também sou jornalista, logo, me acho Deus. E nessa condição quero dar meu pitaco sobre o valor do meu ouro olímpico.
Acho que vale o quanto eu quiser que valha. Não fui eu que levei meu filho ao 7×1, nem eu que perdi um avô que amava futebol há 2 meses e me emocionei ontem com o último penalti.
Não fui eu que abracei meu pai num estádio chorando ao terminar aquele jogo. Não vivi nenhum momento especial com minha esposa nessa lua de mel que insisti que fosse no Rio olímpico. Não sei do câncer na família que tem me feito chorar há meses.
Sei que por um momento eu fui o cara mais feliz do mundo. Sei que 70 mil pessoas ali e mais alguns milhões pelo país sorriram e pularam para se abraçar sem um pingo de sentimento que não fosse a felicidade. Sei que sentimos orgulho de sermos brasileiros, e sei que jamais esquecerei o que vivi naquele Maracanã.
Agora por mim. Eu tive uma reviravolta na minha vida há poucos meses. Coisas ruins, outras nem tanto. Mas o maior sorriso que me tiraram da cara nesse período foi ontem quando eu ouvi aquela torcida explodir no último pênalti e poder dizer que acabou! Que é ouro.
Então, meus caros profetas do apocalipse, não discutam meu ouro. Não tentam avaliar o quanto ele brilha porque ele não é seu. É nosso. E sendo meu, eu faço valer o quanto eu quiser.
abs,
RicaPerrone