Preocupado. A classe está desunida, sem rumos e sem critérios. Um patrimônio nacional sucateado pela própria falta de auto estima em tempos sombrios onde, por incrível que pareça, nossos corpos, vossas regras.
Refiro-me ao gordo, é claro.
Primeiro um gordo come a mulher do próximo e vaza na web. Um erro brutal, gordos sempre foram os amigos mais confiáveis exatamente porque a sua mulher nunca vai te trocar por um.
Deixamos passar.
Agora gordo discute política. Porra, Jô Soares! Quer discutir emagrece. O gordo tem por vocação a paz. Não porque ele é do bem, mas porque enquanto a mesa se distrai com um acalorado debate ele pega outra coxinha sem ser notado.
É na sua distração que o gordo come a mais.
Gordo não enche o prato mais do que você. Gordos engordam enquanto você não vê. É um método oprimido dos tempos modernos onde comer é quase crime.
Alias, assistimos vocês falarem em opressão e temos pena. Somos oprimidos por cintos, camisas, calças, 24h por dia, todo santo dia. Alguém briga por tendências a roupas mais largas?
Não. Cada dia a manga é menor. E aí a pelanquinha debaixo do braço aparece. Vocês querem nos fuder.
Aí vem a gorda e empurra o padre. Porra, gorda! Justo o Marcelo?! Tanto padre pra empurrar sem registro, tu vai no que tem mais camera? É pra fuder o segmento?
Dias depois, gorda indo pra cima de criança no estádio. Não tinha hambúrguer no estádio, não?
O corneto encolheu, não fizemos protestos e nem criamos uma ONG. Nos classificam como doença e ainda assim nos sacaneiam. Mesmo assim não reclamamos. Aceitamos piada, apelido e não pedimos uma reeducação politicamente correta.
A gente só quer nossa porção de fritas. Não se esqueça de quantas vezes sua auto estima melhorou por andar ao lado de um de nós. Quanta gente tu pegou porque a opção era você ou um gordo.
Aquela sua carinha de atleta só porque atravessou a rua mais rápido. Tu não é rápido, viado. Eu que sou gordo.
Enfim. Perdoai. Eles só estavam com fome.
RicaPerrone