O fim de um ciclo
Não, o Grêmio não acabou nem entrará em crise. Mas há uma lição há mais de 100 anos no futebol brasileiro que muitos teimam em não aprender: vivemos em ciclos.
Não há um Real, um Barça e um monte de saco de pancadas. E por isso nossos grandes times duram alguns anos, passam, demoramos um tempo pra encontrar outro e retomamos o ciclo ou conquistamos alguns títulos isolados até um novo grande ciclo.
O Grêmio tem, pra mim, o melhor trabalho de administração do Brasil. Compra pouco, vende bem, repõe em casa, conquista títulos, prioriza os campeonatos identificados com sua torcida e lucra.
Mas o time campeão tem pilares. O Grêmio perdeu o goleiro, não conseguiu repor. Seu capitão faz aniversário todo ano e vai caindo de rendimento naturalmente. Não há crítica nisso. É natural o fim do Douglas, do Leo Moura, do Geromel, do Maicon. Jogador faz aniversário.
Você repõe imediatamente o Pedro Rocha. Troca um centroavante, perde um Arthur e tem o Matheus ali pra entrar.
Mas você não pode brigar contra o natural fim do ciclo de um grupo. Léo, Geromel, Maicon, Tardelli e Cortez tem, todos, mais de 32 anos.
O auge deste time já aconteceu e a entrega do protagonismo pode ter sido exatamente nesta quarta-feira em mãos.
Erros? Aconteceram. Dava pra ter tido um ano ainda mais competitivo com algumas escolhas mais bem feitas especialmente no gol e na camisa 9. Mas não dá pra condenar um time que joga em 3 anos 3 semifinais de Libertadores.
Acho que esse ciclo acabou. Se o Grêmio vai demorar 1 ano ou 15 pra fazer outro grande time e repetir a sequência de vários anos jogando em alto nível e sendo competitivo de novo, só o tempo dirá.
A goleada é como o “7×1”. Uma toalha jogada no ringue após o terceiro gol, uma consequência mista do “perdido por um, perdido por mil” com o balde de água fria que é saber, durante o jogo, que já acabou.
Não muda a avaliação do trabalho. E se mudar, é mero despeito. São 3 anos do melhor futebol do Brasil, conquistas e a dignidade de ter sido massacrado no Maracanã sem dar um pontapé.
Time grande também perde. E tem que ser grande até nessa hora.
Domingo tem jogo. A vida sempre continua.
RicaPerrone