Sem bola

Humildade na era do “eu acho”

A gente acha tudo sobre tudo. E pior: em segundos.

As redes sociais nos impulsionam pra uma dose de arrogância sem perceber já que somos adaptados a responder rapidamente o que achamos sobre coisas que sequer deveriamos achar alguma coisa.

Hoje discute-se a quarentena. E eu lhes digo: “não sei”.

Essa é a resposta que 99,9% da população deveria dar, embora na internet este mesmo percentual esteja avaliando os infectologistas, a OMS, as discussões técnicas e complexas como se estivéssemos na padaria resolvendo levar pão frances ou bisnagas.

Humildade é, por definição, virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; modéstia, simplicidade.

Método lógico pra vida funcionar: Alguém aqui sabe algo de virus?
Não.

Alguém aqui já esteve lidando com uma pandemia?
Não.

Alguém estudou o suficiente pra entender os impactos reais disso?.
Não.

Imagine a cena: 30 infectologistas premiados numa sala discutindo o que fazer pra diminuir o impacto global. Na sala ao lado conferência entre os líderes dos países, ministros da economia, inteligência dos EUA, países europeus, todos juntos tentando encontrar uma saída.

E você na porta, formado em, sei lá, engenharia. Ou sendo caixa de banco, jornalista. Tanto faz. Gritando: “Eu acho que não! Você estão loucos! Me ouçam”.

Não te soa meio estúpida a cena?

Então, sugestão: humildade. Deixa quem estudou infectologia discutir com quem sabe muito de economia, com quem tem poder de argumentação em nível global e eles chegam no que devemos fazer.

Democracia é o direito a falar qualquer merda. Sobrepor quem se preparou pra algo não é democracia, é apenas burrice e arrogância.

Não estamos discutindo humanas, religião, valores morais ou costumes. É ciência.

Respeite-a.

RicaPerrone

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