O Flamengo está classificado. A derrota por apenas um gol e o grande jogo no Maracanã foram suficientes para garantir a vaga do melhor elenco das Américas nas quartas de final.
Mas ao final do jogo vejo um misto honesto e justo de fé dos derrotados e desconfiança do vencedor.
O Palmeiras foi pra uma guerra, o Flamengo para um jogo de pontos corridos. Talvez sabendo de sua qualidade absurda, talvez pelo placar da ida, tanto faz. O sentimento ao final do jogo é de uma vaga que não é injusta porque no Maracanã só o Flamengo jogou. Mas tem consequências.
O palmeirense que desconfiava do poder de reação do time dorme chateado, mas não puto. Cheio de fé em dias melhores e com a certeza que aquele time competitivo e brigador está lá. Dormindo talvez, mas está ali.
O flamenguista segue entendendo que pode mais. E pode. Mas os resultados vem, e fica aquela dúvida entre a crítica do algo mais ou da satisfação pelo número final.
A alternância entre jogos bons e ruins não me espanta, é Brasil, calendário, viagens, etc. Mas a capacidade de jogar uma partida perfeita numa semana e entrar numa guerra de cabeça baixa na outra é incomum.
A real é que o Flamengo não tem sangue nos olhos desde 2020. Ganha, perde, o time é um absurdo de bom. Mas aquele tesão de decidir, de quem entra pra guerra, é raro. E o flamenguista adora isso. Não o novo. Aquele de 2019 pra cá só aceita espetáculo. Mas a maioria entende ainda que o Flamengo é o time que briga. E hoje brigou pouco.
As finais da Copa do Brasil, tanto a que ganhou do Corinthians quanto a que perdeu do SPFC, foi a mesma coisa. O adversário brigou mais nos dois casos.
O novo Flamengo é rico, competitivo, competente, vencedor. Mas talvez essa leve insatisfação do torcedor se dê por não exatamente o que sobra no Palmeiras: uma chave que vira entre jogar uma partida e jogar uma decisão.
Amanhã o palmeirense acorda eliminado e mais confiante do que hoje. O flamenguista classificado e cheio de dúvidas.
Isso é futebol. Tudo que não sai na planilha, ou seja, 90% dele.
RicaPerrone