Porque, Neymar?
Eu ouvi muitas vezes uma pergunta. “Porque você gosta tanto do Neymar? Ele nunca te deu nem entrevista!”. E hoje, nesse momento, consigo responder isso como nunca antes.
Primeiro porque ele é um monstro jogando futebol. Isso me basta, já que não sou fofoqueiro e sim apaixonado por futebol. Eu tenho o que fazer e portanto estou cagando pra quem ele come, onde ele vai e o que ele faz da vida dele. Só torço pra que seja feliz.
Há mais de um mês eu sai do Brasil por um tempo. E no meio desse monte de novidade, de surpresas desagradaveis diárias ao constatar nossa distância do óbvio, a mais clara lição é a da importancia dos amigos.
Você sente falta a cada minuto. Até dos que não via sempre. Parece que eles vão se desconectando de você pela distância, pela falta do dia-a-dia e você vai ficando sozinho, mesmo conhecendo outros novos amigos.
Quando eu olho pro Neymar eu vejo um garoto. O tal do “menino Ney”. Ele sorri como um garoto porque não tem problemas com isso. Eu também odeio o conceito de “parecer maduro” ou adotar um estilo conforme a idade.
E muito do que ele faz eu tenho certeza que também faria se tivesse na condição dele. Mas a coisa mais importante que ele fez na vida pra me convencer de que trata-se de um sujeito ponta firme e de valores foi ter levado os amigos de infância com ele.
E veja, não foi hoje. Nem duas vezes. Ele levou os caras pra VIDA com ele. Abriu mão de muita coisa, mas não dos amigos.
Ah mas os parças! Calma aí. É um ponto de crítica alguém carregar seus amigos de infância consigo mesmo tendo se tornado amigo das maiores celebridades do planeta? Quem te educou, irmão? Quais valores te deram?
Eu hoje aqui longe dos meus consigo dimensionar o tamanho da decisão que ele tomou quando se cercou de quem estava ali quando ele ainda não era o Neymar.
Um dia me levaram no Instituto Neymar. Eu jurava que era em Santos, não sei porque. E já simpatizando com ele fui seguindo o waze até chegar no mesmo bairro que eu cresci na Praia Grande. Era ali. Ele cresceu no mesmo lugar que eu, só que anos mais tarde. De qualquer forma, ele atingiu exatamente o mesmo ponto do mapa que eu gostaria de ajudar se pudesse por gratidão a tudo que vivi ali.
Neymar é um “colega distante” com quem falo as vezes. Nos damos bem. Mas não somos amigos. Mas acho que ficou fácil entender a relação que tenho com esse “moleque”.
Ele carrega demais a bola e também os mesmos valores que eu. É instintivo pra mim protege-lo porque estou defendendo os meus valores, não os dele.
Se isso me faz um “neymarzete”? Sem problemas. Eu nunca “pedi nada” pros meus idolos. E me sinto tendo feito a escolha certa em notar que nenhum deles também nunca usou da minha admiração pra pedir nada em troca.
Como ele mesmo repostou na sua chegada ao PSG, um dia eu disse: “carregue por toda parte o que for mais importante pra você”.
RicaPerrone