Talvez você entenda como sucesso ganhar muito dinheiro. Talvez pra você seja ter uma família grande. Talvez viajar o mundo. Talvez você só queira dormir até as 11.
O sucesso é algo muito particular e nesse mundo de coachs e vendedores de cursos sobre como viver bem virou um enlatado.
Adriano me ensinou muito mais sobre a vida do que qualquer mega empresário que ostenta na web o que tem pra compensar o que não é. E veja, entre ser e ter há um abismo invisível que cada dia mais ignoramos por aparências.
Você pode pensar: “ele poderia ter feito muito mais”. Essa frase é comum sobre atletas e beira o absurdo se você trocar de lugar. O que você quer dele é resultado e entretenimento. O que ele quer da vida dele só ele sabe.
Mas vamos determinar valores aqui. Se você estaria disposto a viver uma vida infeliz por parecer rico, famoso e ter mais e mais dinheiro, ok.
Adriano teve tudo que você não teve, alcançou trabalhando, mas não se sentia feliz. Ele largou mão de boa parte de tudo que o mundo diz pra ele que o fará feliz pra ser, de fato, mais feliz.
Qual de vocês dois tem mais sobre a vida pra ensinar?
Pra mim é fácil. Pra muito coach de vida prospera vai ter “porém”. Porém, todavia, contudo, a unica coisa que faz sentido nessa equação é a vontade dele de acordar feliz. E se ele é feliz de chinelo na favela, que seja!
Pega seu terno, ostenta seu carro, posta sua mulher de fio dental. É problema seu. Mas não tente definir que esse enlatado de bosta é a fórmula do sucesso.
Sucesso é ser feliz. E não há fórmula para ser feliz.
Feliz, pra mim, é o cara que abre mão de tudo que todos querem pra ser o que de fato ele é e aos 40 anos ri igual uma criança. Adriano ri igual uma criança.
Ele deve ter mil problemas. Todos tem. Mas o caminho mais fácil em determinado momento estava ali, desenhado pra ele.
Dinheiro, mulheres, fama, poder… tudo! O enlatado do sucesso aos seus pés. Agora? Apenas seja feliz, ué! Tá tudo aí.
Talvez por ter o que curso nenhum vende esse cara abre mão de tudo mesmo que tenha sido um processo duro até se aceitar como um sujeito simples que não vê nisso a sua felicidade.
Eu conheci o Adriano em 2008. O encontrei nos últimos anos umas 3 ou 4 vezes pelo Rio de Janeiro. Ele é rigorosamente o mesmo cara. Com a mesma roupa, o mesmo tipo de carro, os mesmos amigos e fazendo as mesmas coisas.
Se eu faria? Não. O estilo de vida dele faz ele feliz, não a mim. Mas se eu fosse ouvir sobre a vida e me dessem um coach de terno sufocado pelas proprias teses e Didico de chinelo com o povo aos seus pés, adivinha quem eu escutaria?
Adriano parou de jogar há muito tempo. Hoje não foi a despedida dele. Foi só protocolo. Eu aposto meu braço que ele se divertiu mais na prévia do jogo com os amigos bebendo sem camisa do que no estádio com 200 jornalistas tentando entrevista-lo.
E não, eu não estou relativizando a óbvia busca por dinheiro e sucesso profissional. Estou apenas reverenciando alguém que tem uma escolha que 99% das pessoas nunca chegaram perto de ter: ser feliz ou parecer feliz.
Ele teve. E com o mundo dizendo o que ele deveria fazer, ele fez o que ele queria fazer.
Se ele se arrepende? Não faço idéia. Se ele é feliz? Idem. Mas, de novo, a aula não é essa. A aula é a prioridade.
Entre ser e ter, Adriano quis ser. Entre sorrir pra foto e gargalhar de verdade, ele tentou a segunda.
E você pode se perguntar aos 48 do segundo tempo. “Porque todo mundo ama esse cara? “
Essa é a resposta, não a pergunta.
Adriano seria menos amado se treinasse tanto quanto o Cristiano. Seria menos admirado se andasse com a melhor roupa em eventos internacionais lutando por alguma causa que ele desconhece mas o assessor mandou ele falar.
Adriano foi Didico, virou Imperador e, nos braços do povo na rua, literalmente, virou Didico de novo.
A gente gosta, analise e comenta sobre o Adriano Imperador. O Didico a gente adora.
Ser o que é, sem fingir, sem pensar, e ser querido é um curso que ninguém deu ainda.
Adriano é adorado porque erra. É o Belo de chuteiras. As pessoas gostam de quem erra, cai, levanta. Simplesmente porque elas são assim.
Didico só quer ser feliz, andar tranquilamente na favela onde nasceu. E você? Tá feliz ou só postando?
RicaPerrone