O SPFC comete, em 2010, os mesmos erros de 2009, 2008 e do começo de 2007. Joga mal, joga feio, com a diferença que, desta vez, ao contrário de muitas outras, a bola parada não tá entrando, e a defesa não está sendo praticamente insuperável, como foi durante estes anos todos. Não adiantou muito mudar o treinador, pois infelizmente o SPFC trocou um teimoso com moral por um educado sem grande qualidade.
Ele é bom, como o Muricy tem seus méritos também. Mas… nenhum deles é capaz de transformar um time robô num time de futebol. E quando uso o termo “futebol”, espero que a geração winning eleven pelo menos tenha visto em DVD e saiba o que é.
Futebol é o que o Santos tem jogado. É o que o Cruzeiro jogou em 2003, o que o Santos jogou em 2002, o que o SPFC jogou em 2005, o que o Palmeiras do Luxa jogou na década de 90, o que o Corinthians jogou em 98/99, entre outros vários exemplos de quem alia resultado a bom desempenho.
O SPFC, tricampeão brasileiro, ganha jogos. Jogar futebol, raramente.
Essa critica, que agora muitos fazem, é algo que repito desde janeiro de 2006, quando achei péssima a troca de Autuori por Muricy. Portanto, fico bem a vontade pra fazer na derrota, já que fiz as mesmas quando vencia.
A diferença é muito simples: A bola não entra. Só.
O futebol é quase o mesmo. Só que a critica é 100% feita sobre o resultado, o que não deveria ser. Se faz 1×0 lá e não toma, tá ótimo. Se toma, tá péssimo. E não funciona assim.
Os resultados são muito bons, indiscutivelmente. O futebol, porém, é muito fraco. E insisto: O que move a paixão não é a matemática, mas sim a emoção. Este futebol do SPFC, ganhando ou perdendo, não causa emoção a ninguem.
O atual, pior ainda. Pois as peças são de menor qualidade do que em outros anos. Imagine você que em 2008 o SPFC chegou a ter Adriano, Carlos Alberto, J Wagner, Dagoberto, Borges, Hernanes, Miranda, Alex Silva, R Ceni e ainda assim nao conseguiu jogar bola.
Não sei se isso tudo se deve só ao que o Muricy colocou neste time, se é questão também técnica ou se o próprio clube prefere ganhar com medo do que correr o risco de perder, só que jogando igual grande.
E jogar igual grande não é, nunca foi e nem nunca será se postar atrás e tentar achar um gol de contra-ataque ou de bola parada. Quem faz isso é time pequeno, e o SPFC não pode se submeter a isso, afinal, é um gigantesco clube brasileiro.
Agora, na questão tática do time, 2010 chega a ser preocupante. O time é uma contradição ambulante, e mesmo tendo o tal “melhor elenco do país”, não consegue sair disso.
O Paraiba fica “aberto” para dar opção. Eu custo a entender. A única coisa que ele sabe fazer é chutar no gol. E ele atua numa faixa do campo onde não haverá muito espaço pra bater. Ou seja, anula-se a rara qualidade do Paraíba, jogador que atua de cabeça baixa 90 minutos, e portanto não pode ser armador de time algum.
O Washington, coitado, é um trombador. Ele precisa receber pra empurrar pro gol, só. Mas, como do lado dele não tem nada e atrás não tem um meia pra enfiar as bolas, ele tem que dominar. E, de canela, ele erra todas as bolas. É um jogador que só se consagra se tiver que dar um toque na bola. Dois, já era. E o SPFC vem todo de trás, o que exige mais do que 2 toques do centroavante até que o time se aproxime.
O lateral esquerdo é meia. E não apoia muito. Não é veloz, logo, não tem linha de fundo. Não tendo, não usa sua principal arma, que é o passe. E assim sendo, mata a boa alternativa do crzuzamento do Jorge na cabeça do Washington.
Para que tudo isso aconteça, parece fundamental a qualquer treinador que jogue o Richarlyson. Volante, meia, lateral, zagueiro, tudo! Ele joga em todas. Corre uma barbaridade, até que acha que está jogando muito, resolve meter um passe de 3 dedos e afunda o time. Porque ninguém consegue dizer: “Richarlyson, você é só esforçado. Corre e só. Se tentar jogar, vira um jogadorzinho”. Mas não. Ele tenta, erra, e nada muda.
O Jean é lateral, volante, corre igual um maluco. Faz bem o papel dele. E, em tese, dá liberdade ao Hernanes. E não sei se isso é bom ou ruim.
Dar liberdade a um jogador nota 7 avaliado em nota 9 é perigoso. Ele pode achar que sabe mais do que sabe, ou então encostar a vida em 2 lances por jogo. E é o que vem acontecendo. Hernanes erra 20 passes de 3 metros por partida, aí, acerta um de 30 metros. Vai pros melhores momentos e ganha até prêmio. Durante 90 minutos, é um jogador a menos que o SPFC tem tido em campo. Mas não sai, nem a pau!
Um meia pode até sumir do jogo e só aparecer pra decidir. Um volante, não!
A defesa sofre com a saida do André, é natural. Vem aí o Alex pra resolver isso em breve.
O problema é a falta de passes, de jogada, de ousadia. Ninguem dribla, ninguem sorri, ninguem tenta algo novo.
Sinceramente, eu já começo a adotar a idéia de que seria bem interessante escalar Marlos, Henrique, Wellington, e dar chance. Não porque jogam mais do que os titulares, mas talvez porque queiram algo mais do que eles.
E assim, quem sabe, o SPFC volte a ser um time que ganha, perde, mas joga.
Não adianta enfiar 5 volantes e um atacante trombador no time, como terminou ontem. Não existe a menor possibilidade dos 5 volantes criarem uma jogada e chegarem ao gol com qualidade. Precisa de meias, de armação, de talento.
Correria é obrigação de jogador. Ter garra é o mínimo pelo que ganham. Precisa jogar, usar o talento, e não apenas o físico.
To de saco cheio de escrever isso. Mas, infelizmente, é a unica coisa que dá pra escrever quando acaba um jogo do SPFC. E não é de hoje.
Haja paciencia.
abs,
RicaPerrone