Eis o fruto da politicagem
Na vida, no trabalho, em qualquer ramo, o grande dita as regras, o menor aceita e tenta, através de méritos próprios, se tornar grande. No futebol, não. Aqui, e acho que só aqui, eles tentam transformar o esporte em negócio, o negócio em cooperativa, e a cooperativa em politicagem.
O resultado disso foi o melhor pra eles, o pior pro futebol. Mataram, mas tem vergonha de enterrar.
O que faz a CBF para “alegrar” os pequenos? Cria vagas na Copa do Brasil, amplia estaduais, deixa as federações estaduais fazerem palhaçadas de calendários, deixa com que um grande invista 200 milhoes pra passar meses jogando contra nanico, afinal, é a tradição, os “direitos iguais”, aquela ladainha tosca que ouvimos e adoramos repetir, mas que não se aplica na vida.
A Blockbuster não perguntou pras locadoras de bairro o que elas achavam da sua chegada. Chegou, e matou as pequenas. Idem pras grandes redes de farmacia, mercados, etc.
Gostem ou não, é a vida. E mercado não é cooperativa, é apenas mercado.
O futebol virou negócio, certo?
Então, sejamos práticos.
Mandam os 12 grandes, e os outros que engulam. Afinal, como na F-1, como na NBA, como em qualquer ramo razoavelmente lógico, o que movimenta a maior parte do negocio costuma meter o dele na mesa e tomar as decisões principais, afinal, é dele que sai a grana.
Não existe campeonato paulista por causa da Ponte e do Barueri. Existe por causa do SP, do Santos, do Palmeiras e do Corinthians. Sem eles, não há futebol em São Paulo. Idem pros outros estados e seus gigantes.
Aí, como pra eles é burrice virar empresa, pois eles não poderiam roubar lá dentro, eles fingem que são refens de Federações, coisa que só sendo muito cego pra acreditar.
Banca-se, assim, uma forma mentirosa de alimentar os pequenos.
E o que eles fizeram, na verdade? Mataram os pequenos.
Hoje, são meros times falidos sustentados por prefeituras e empresarios, que USAM os nanicos para expor seus jogadores, ou, em casos mais escrotos ainda, para inventar clubes sem raiz em troca de uma grana.
O Barueri, agora Prudente, e amanhã sabe-se lá o que será, é o fruto mais notável do que fizeram com o futebol.
Um time sem alma, sem torcida, sem nome, sem cidade. Ele só tem empresários e uma lojinha de jogadores. Mais nada.
E ele está lá, meus caros, porque assim permitiram.
Era fácil. Era só ouvir os grandes e adequar ao que eles querem. Assim, mesmo pequenos, todos usam a “carona” e sobrevivem da migalha maior.
Mas, querem transformar uma bisnaga em alimento pra 20, sendo que a lógica diz que é melhor dar meia baguete pra 4 grandes e distribuir o resto entre outros 16 do que tentar dividir uma bisnaga por igual.
Mas, não sabem disso. Eles ignoram a logica em troca de resultados.
O time ganha, ninguem quer saber o tamanho da cagada que estão fazendo administrativamente.
Existem LIGAS no mundo todo. Simplesmente porque os grandes determinam o ritmo, sem hipocrisia.
Aqui, não.
Aqui é obrigatorio falar bonito da Lusa, da Ponte, do Macaé, do Caxias, como se eles tivessem, ainda, alguma relevancia no cenario nacional.
Não tem, lamento.
Se a Lusa joga a série B, não muda NADA na série A. Muda pra ela, só.
Ao contrário do Atlético MG, que, no mínimo, tira 2 classicos do torneio, e mais alguns milhoes de telespectadores.
Assim sendo, a tal Copa União deveria se repetir. Onde os 12 sentam, conversam e fazem o deles.
Os pequenos querem vir junto? Legal.
Nao querem? Azar deles.
Mas, não. Eles não se falam. Eles preferem brigar pelo pedaço maior da bisnaga do que ir atrás de uma baguete com gergelim. Pensam pequeno, mas nem tanto.
É mais fácil roubar sendo pequeno do que sendo grande.
E os grandes times do Brasil são grandes na camisa, não na administração.
Assim, dão alpiste pros nanicos, afinal, é da sobrevivência deles que vivem os empresarios, as comissões, as notinhas por fora, entre outros.
Surgem, então, Barueris. E cada vez mais surgirão.
Os clubes que já morreram, mas que eles tem vergonha de enterrar.
E nós, otários de camisa e bandeira, ficamos assistindo meses de estaduais sem sentido, outros meses de Copa do Brasil sem todos os grandes, outros meses de Brasileirão cheio de clubes perdidos, só porque eles não tem peito de sentarem numa mesa e jogarem limpo.
Preferem o discurso bonito do que a verdade nua e crua.
Pergunta na Inglaterra se a Liga, comandada pelos grandes, dá merda ou lucro. Pergunta na Itália. Na Espanha.
Aqui, não.
E assim será. Com mais Barueris surgindo, mais empresários deitando e rolando, mais grandes se apertando na grana, para que muitos ganhem uma graninha por fora.
O duro é esperar que as pessoas notem que por trás de um momento como esse exista muito interesse obscuro e não apenas “má fase” de um clube ou outro.
abs,
RicaPerrone