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Que brilhem as gravatas!

Há alguns anos tenho batido numa tecla que causa polêmica. Hoje, parece que a maior parte dos tricolores consegue entender o que eu digo quando questiono o futebol apresentado pelo SPFC, apesar dos resultados.

Hoje, como há alguns anos, o time joga para vencer achando um gol e se defendendo bem. Ponto final. Não há qualquer extra de motivação, alegria, inspiração, vontade, nada. É o time mais frio e “sem graça” do Brasil, e também o mais vencedor deles.

Vencer é um objetivo claro no esporte. Mas, é bom lembrar que existem diversos tipos de campeonatos, e há anos o Tricolor engana com apenas um tipo de torneio, que se ganha mais no planejamento do que na bola.

Em 2004, o SPFC tinha um bom time e “o cara”, que era o Luis Fabiano. Quase chegou, e faltou este cara, que na época não passava de um talentoso irresponsável que ia expulso sempre que precisavam dele.

Em 2005, me lembro bem, questionei o time quando campeão paulista. Dizendo e apanhando por dizer, que o time PRECISAVA de “um cara” pra ser campeão da Libertadores. Não por acaso, quando saiu Leão, entraram Luizão (até então reserva do Tardelli) e Amoroso. E assim, o time venceu.

A lógica é tão simples quanto qualquer conta de 2+2.

Quando se joga um campeonato de 38 rodadas, o time que menos vende, que mais peças tem para repor e que mantém uma base, leva vantagem. Jogue um grande futebol ou não, este time disputará o titulo, como acontece no SPFC  na fase de pontos corridos dos campeonatos há seculos.

Note: Todos os titulos que o SP ganhou, tirando 2005, foram deste tipo. Inclusive o Paulistão 2005, ainda sem Amoroso.

São titulos baseados no planejamento, não necessariamente no futebol apresentado.

Porque?

Note, de novo: Nas Libertadores, o SPFC atuou de forma ridícula nos últimos anos. Jogava mal, muito mal. Teve sua eliminação anunciada em todas elas. E sempre para times brasileiros, que por acaso ou não tinham mais jogadores diferenciados que o Tricolor ou, no mínimo, mais tesão pelo jogo.

Porque em mata-mata, diz a história, ganha quem joga mais e quem tem um fator determinante para decidir jogos importantes: TALENTO!

Pode meter 40 no elenco, todos do mesmo nível. Sabe o que você faz com isso num mata-mata? Nada. Só jogam 11.

No pontos corridos, te dá pontos e mais pontos.

Mas, como todos sabem, campeonato dificil é o mata-mata, tanto que é assim a Champions, a Copa, a Libertadores e a enorme maioria dos campeonatos super-valorizados no mundo. Sim, porque futebol é paixão e emoção. E não existe 50% da emoção de uma final no fato de ser campeão contra “ninguém” e ainda ter que pegar a taça na segunda-feira, e não no campo.

Este time do SPFC repete a mesma besteira da diretoria dos anos anteriores. Insiste num elenco bom, cheio, porém, sem brilho.

O SPFC tem diversos bons jogadores. Mas são apenas bons. Não tem “o cara”, e não gosta de ter. Pois, quando tem, diz aos 4 cantos que não tolera.

O clube que contrata por perfil, dizem. E que perfil é esse?

O perfil do Ricardo, que é um treinador elegante e sem nenhuma credencial pra dirigir um clube deste tamanho?

O perfil do Hernanes, que é educadinho, boa gente, bom jogador, não falta no treino e também não decide nada quando precisa?

Ou o do Washington, que é outro profissional exemplar, mas que não vai driblar 2 e resolver a final?

O perfil do SPFC é simples: Lá, ganha o clube. Nenhum jogador pode ser mais importante que a falada “diretoria de primeiro mundo”. O planejamento tem que ser o mais falado ao final do torneio, por isso a adoração por estes titulos nacionais, merecidos, e sem brilho, dos ultimos anos.

Libertadores você joga nos pés do Adriano, do Thiago Neves, do Fernandão, do Tinga, de jogadores diferentes. Não adianta ter um ótimo elenco se nenhum dos 30 jogadores do time se diferencia ofensivamente da maioria.

Quem vai pegar uma bola, naquele 0x0 sofrido, e resolver tudo? O Miranda? O Hernanes? Não, não vão.

A filosofia do SPFC é essa: Ter um elenco recheado, competitivo e pronto para disputar o pontos corridos.

Foda-se o futebol apresentado. Foda-se tudo. Basta vencer por 1×0, até porque, assim, sem destaques individuais, as glórias vão todas para a super-diretoria do clube mais estruturado e nojentinho do país.

Aquele que você não pode questionar jamais, porque a diretoria te censura de forma discreta.

Aquele que não pode abrir problemas, porque se diz perfeito.

Aquele que atrasa premiação e impede que os jogadores digam isso.

Aquele que, porcamente, não pagou Amoroso, e que perdeu na justiça ações para Aloísio, Adriano, entre outros que sairam de lá com pendencias.

Aquele clube gigante, que jamais aceitou o futebol mal jogado.

Aquele clube que tem um estádio fabuloso, cheio de história e conquistas em alto nível técnico.

Aquele clube de dirigentes corretos e de visão, como Marcelo, que hoje não está mais conosco.

Aquele clube que volta as mãos do presidente que rebaixou o time no Paulistão, e que se torna o mais arrogante do país.

Aquele clube que afasta os bons dirigentes em troca de ter ao lado do presidente apenas seus puxa-sacos.

Aquele clube de torcida infiel, que adora uma final, por costume.

Aquele clube que tem uma torcida apaixonada por uma competição que sua diretoria não sabe mais privilegiar.

Aquele clube de Careca, Raí, Zetti, Muller, Cerezo, Leonardo, Amoroso e outros tantos CRAQUES que decidiram titulos pro clube, e que não por acaso tem seus nomes quase esquecidos lá dentro.

Nomes como Raí, que tiveram sua despedida fora do SP, porque ele representava os titulos da oposição, não da egoista situação.

O ego no SPFC é maior que o clube, infelizmente.

O simpático, respeitavel e de boa conduta clube do Morumbi se tornou um império de ditador.

O clube que não erra, que não precisa de nada e nem ninguem.

Que engana sua torcida com um discurso quase europeu, sendo apenas mais um time brasileiro administrado por velhos de charuto e copo nas mãos, barrigão, e voz grossa.

Que perdeu a simpatia de tantos, por empáfia.

Que consegue ter internamente uma filosofia tão arrogante que algumas pessoas da própria oposição preferem não expor os problemas para manter a fama de “clube mais organizado”.

Clube tão grande, de tanta história de de tanta gente.

Clube que não mudará uma virgula de sua grandeza em virtude desta atual visão deturpada de gestão.

Torcida que não será mais iludida por simples resultados quando ver o que, ao longo dos tempos, o SPFC sempre fez, que foi CONQUISTAR seus titulos, não apenas cumprir o dever de brigar por eles.

Time sem brilho, sem alma. Time que entra em campo como se fosse mais um treino.

Clube da fé. E haja fé para imaginar um novo cenário diante do nosso Mustafá, Dualib, Eurico.

O que poucos notam é muito claro.

O Tricolor é o clube que menos faz uso do verdadeiro motivo do futebol:  a fantasia, a paixão, a emoção.

Empresarial, quase uma geladeira administrativa. Fantástica medida para o sucesso.

Lamentável consequencia de levar esta postura pro campo, onde o futebol tem que ser jogado, suado, sofrido e inventado.

Sãopaulinos apaixonados, que odeiam ler o que diz este blogueiro “pseudo-torcedor”, que ousa questionar o seu clube do coração.  Saibam, quando digo isso é por ainda amá-lo, não por querer diminuí-lo.

Futebol se ganha com talento. Torcida vive de derrotas e vitórias, na mesmíssima medida, já que a vitória aumenta seu peso diretamente atrelada ao período de derrotas.

Feliz é o torcedor que pode ver seu ídolo ter a imagem eternamente atrelada ao clube em constantes homenagens.

Infeliz o clube que renega seus heróis em troca de ter os méritos todos para sí.

É isso que faz, hoje, o São Paulo Futebol Clube.

Ignora seu passado, desrespeita sua boa conduta desportiva em virtude de um grupo arrogante e de ego inflado que o dirige.

Não, me expressei mal.

O SPFC não, este não muda.

Seus atuais dirigentes, estes sim. Verdadeiros responsáveis por uma lenta transformação de um clube de futebol numa geladeira competitiva e odiada.

Este São Paulo, que se diz moderno e sempre na frente dos outros, é o mesmo que recusa o óbvio caminho natural do futebol brasileiro de investir em ídolos e exposição, em troca de times sem brilho, mas que em dezembro levantam uma tacinha.

Essas tacinhas podem custar caro.

Alguém pode achar que eu digo isso em virtude de uma derrota num clássico, mas… não. Disse isso quando o time ganhava, e repito quando perde. O que vejo não se atrela ao placar final do jogo, mas sim ao que assisti em 90 minutos, ou em anos de futebol cada vez pior e mais frio.

Elogiei essa diretoria no começo.  Dei um passo atrás no meio, e hoje me posiciono totalmente contrário a filosofia e a postura dos mesmos.

Cresceram mais do que o clube, se tornaram mais importantes que os jogadores, e adoraram tudo isso.

O SPFC não se fez por estes dirigentes, mas sim pelos ídolos, pelos gols, pelos lances e, também, pelas derrotas.

Ídolos renegados em virtude da diretoria que os contratou.

Que Marcelo Portugal Gouvea e Eduardo Mesquita Pimenta sejam inspiração para os próximos, e não estes pop-stars de gravata que hoje dirigem o Tricolor.

abs,
RicaPerrone

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