Uma vez o Muricy, chato como sempre, disse: “Quer espetáculo, vá ao municipal”. Coisa de gente que pensa pequeno, que acha que bom trabalho é o simples dever básico cumprido e não enxerga o algo mais que a vida costuma premiar.
O Santos 2010 é uma luz no fim do tunel para este futebol chato que assistimos hoje em dia.
Quando tinha Pelé, o Santos fez o mundo buscar um jogo bonito, pra frente, cheio de gols. Quando o Brasil perdeu a Copa de 82, uma geração de jornalistas dos mais inconsequentes obrigaram nossos times e técnicos a jogarem pelo resultado, pois era o que importava.
Em 94, isso se consagrou nas mãos do pragmático mestre Parreira.
O Santos de Robinho e Diego, com o Cruzeiro de Alex deram uma esperança a quem gosta de futebol bem jogado. Em seguida, veio uma Copa com 4 craques no ataque e uma atuação pífia, o que fez voltar a tese do resultado, o lixo dos jogos por meio a zero e etc.
Em 2010, o Santos renasce com a esperança de se atrelar um bom futebol ao resultado.
Estes meninos, que já causam inveja e raivinha besta em alguns, são a mais simples tradução do que o mundo entende por “futebol brasileiro”. Moleques, atrevidos, irreverentes, irresponsaveis.
Querem gols, não pra humilhar, mas pra dançar.
Querem olé, não pra humilhar, mas pra dar risada.
É molecagem pura. A alma do nosso futebol veste branco e joga na Vila, hoje em dia.
Amanhã, se não ganhar nada, vai ter gente espinafrando o Santos, o futebol bonito, etc. Como quem comemora a vitória do Jacaré sobre o Tarzan.
Pra mim, mesmo que não ganhe, será épico e referência.
Isso que faz o Santos hoje é o sonho de todo torcedor.
Esperar o dia do jogo não pra VER SE GANHA, mas sim pra ver seu time jogar um grande futebol e te causar a emoção maior do futebol, que é o medo do resultado.
O Municipal fica na Vila, Muricy.
Isso é futebol.
abs,
RicaPerrone