E num ritual de fé, no clube da fé, pastor Carpeggiani gritou alto no Morumbi: “Sai!!! Sai deste clube que ele não te pertence, futebol covarde!”. E assim, perante milhares, o Tricolor conseguiu exorcizar o fantasma do futebol mediocre e retranqueiro que lá reina há 4 anos.
O Santos, que ainda mira o caneco, também fez o que podia. Mas está na hora de sermos honestos e admitir que aquele “super-Santos” do primeiro semestre acabou. Hoje, é apenas um time comum com 1 gênio.
Num esquema maluco, quase suicida, Carpeggiani arriscou tudo. Meteu 2 meias/atacantes abertos com velocidade, outros 2 atacantes centralizados e apostou que, quando tivesse a bola, seria letal.
Antes disso, com a zaga perdida, sofreu 1×0. O Santos se animou, foi pra cima e não notou que, a qualquer contra-ataque, teria dificuldade numérica para deter o quarteto tricolor. E assim Dagoberto fez 2, virando o jogo.
Em seguida, sem respirar, 3×1. Gol contra de Pará.
O Peixe reage, faz 3×2, e o desenho do jogo fica, enfim, claro a todos.
O SPFC quer contra-atacar e pra isso mantém seus “meias” abertos. O Santos quer atacar e não consegue entrar fácil na defesa do SPFC, que se posta com uma linha de 4 e mais 2 volantes a frente. A diferença é que a arma santista era um jogador, a do SPFC, a velocidade de uma formação “maluca”.
Quando voltam do intervalo o Carpeggiani erra. Coloca o Renato, fecha a zaga, e tira o Lucas. Não era na defesa o problema do São Paulo, era no meio.
Richarlyson, titular de todas as posições sem jogar nada em nenhuma delas, é expulso, pra variar.
O Santos domina o jogo, fica com a bola e tenta até conseguir o empate, num pênalti pouco convicente, mas que foi penalti.
3×3, o Tricolor com 1 a menos, e de novo o Carpeggiani se mete no jogo. Coloca Diogo na esquerda, retoma a linha, abre o Renato Silva e solta o Marlos pra levar a bola ao ataque. Brilhante, pois o Santos não tinha mais como voltar a formação que lhe daria segurança atrás.
Sem saida de bola, o Peixe assiste o SP crescer no jogo e tentar a vitória mesmo com um a menos.
Um SPFC suicida? Um SPFC ofensivo e sem medo de perder?
Exorcismo! Foi isso. Enfim, tiraram o fantasminha do jogo-feio e covarde do Morumbi e assumiram o risco da derrota em troca da grande vitória.
E no final, quando tudo indicava um empate épíco, Jean pegou um rebote e transformou o jogo numa vitória épica sãopaulina.
Vitória de quem arrisca, de quem tenta e quem vibra com o jogo. Vitória de um SPFC adormecido que hoje, mesmo sem um brilhantismo tático e técnico, conseguiu sentir como se porta um time grande num grande jogo.
E o Peixe, que ainda briga pelo título, não é nem de longe aquele time do primeiro semestre. Depende demais de um jogador e tem pouca criatividade antes da bola chegar nele. É Neymar, Arouca e outros 9 bons jogadores. Nada especial. Fez tudo que podia, jogou uma boa partida, mas é natural e nada absurdo perder para o São Paulo no Morumbi.
Das cinzas, o Tricolor sonha com a Libertadores. Mais relevante do que isso, ao meu ver, é saber que aquela camisa gloriosa voltou a ser ousada em campo.
abs,
RicaPerrone