Tricampeão!
Em agosto eu escrevi isso aqui. Hoje, campeão brasileiro, o Fluzão me dá razão quanto a idéia de que grandes títulos raramente são construídos em 6 meses. Este do Flu, em especial, levou 5 anos pra sair do rascunho e virar realidade. Mas virou.
Foi ali, em 2005, que o Tricolor venceu o estadual, foi vice da Copa do Brasil e quinto no Brasileirão. Um ano não tão vencedor, porém… promissor.
Em 2006 o Fluminense não tem um bom ano. Mas é terceiro na Copa do Brasil. Vai se tornando forte em mata-mata, e isso vai ajudando a amadurecer o time neste tipo de torneio.
A torcida passa a entender sua importância e começa a comparecer em jogos decisivos. Seja pra não cair, seja pra buscar algo maior. Acomodada por natureza, a postura da torcida começa a mudar.
Em 2007 o Flu é quarto no Brasileiro e campeão da Copa do Brasil. Era o time do Renato começando a dar as caras.
Em 2008, na Libertadores onde só se falava em SPFC, Flamengo e outros com mais história no torneio, o Tricolor veio mansinho e jogando o fino da bola. Derrubou um por um, inclusive os dois “maiores” do torneio e foi roubado na final. Caso contrário, teria sido campeão.
O time se desmonta, o projeto recomeça, mas na verdade é apenas um ajuste natural. Nada foi “refeito”.
O Fluminense bom de mata-mata tava ali, igualzinho. Com ou sem Thiago Silva, com ou sem Thiago Neves. Troca aqui, arruma ali, o Flu continuava forte.
Aí alguém pode dizer que um time quase rebaixado em 2009 não estava dando certo e nem continuando um bom caminho. Mas também há quem diga que a épica virada no final de 2009 e a fantástica final da Sulamericana do mesmo ano foram tão relevantes quanto as decisões perdidas nos anos anteriores.
Só perde final quem chega. E só chega em final quem brilha.
O Flu brilhava, mas não levava.
E pra levar, era preciso menos brilho e mais praticidade. Pra isso, nada melhor que a fórmula mágica de Muricy + Pontos corridos.
A união do pragmatismo do técnico com a fórmula de disputa que premia o que “perde pouco”, não o que brilha.
O Flu tinha um time brilhante. Em momento algum foi brilhante.
Até porque, raramente estiveram juntos em campo.
Mas ali, de ponto em ponto, jogando cada dia mais feio, perdendo cada vez menos, o Fluminense bom de mata-mata aprendia a ser bom na regularidade.
Era a cereja do bolo. Faltava, veja você, uma dose de pé no chão.
Muricy é um treinador único. Ele detesta futebol. Mas sabe “perder pouco” exatamente por não ter vergonha nenhuma de fazer um futebol voltado 99% pra bola parada, contra-ataque e cruzamentos.
E nos pontos corridos, campeonato onde se joga 38 partidas pra não guardar 1 na memória, o que vale é só isso. Pontos, não perder, zaga forte, detalhes.
Não requer brilho. Não requer frieza na decisão. Não há decisão.
Muricy sabe fazer isso como poucos. E o Flu foi buscar aquela dose de pés no chão e resultados que lhe faltava.
Com ele, todo sonho de 2007, 2008 e 2009 virou realidade.
E veja você o que é o futebol.
Nenhum torcedor do Flu dirá que 2010 o time foi tão emocionante, vibrante e empolgante quanto nos anos anteriores. Mas este venceu, e é isso que, pra muitos, importa.
Não ficarão os três gols de Thiago Neves numa final de Libertadores. Ficará o gol do Emerson, um desarme do Gum e talvez um carrinho do Bob.
É a lei do futebol.
Quando ganha, é tudo perfeito. Quando perde, tudo deu errado.
O Fluminense não fez tudo errado nos últimos anos, nem tudo certo em 2010.
Apenas somou, construiu, semeou, até o dia em que o futebol lhe devolveu o que já era merecido há algum tempo.
Fluzão campeão. De volta ao topo, seu lugar de direito.
Torcidas são quase todas iguais. A do Flu, historicamente, é uma das acomodadas e pouco participativas que temos por aí. Há alguns anos ela vem mudando e aparecendo pra ajudar, não apenas pra tentar esperar a festa.
Isso faz dela, também, parte desta conquista.
Nem Conca, nem Fred, nem Muricy. Ninguém merece mais este título do que a torcida do Fluminense. Dona de espetáculos memoráveis nos últimos anos, seja pra ganhar, seja pra não cair.
Tricampeão brasileiro. Gigante adormecido que resolveu acordar.
Apenas mais um daqueles 12 que fazem do nosso futebol o melhor do mundo.
Parabéns!
abs,
RicaPerrone