Ronaldinho tinha 4 possibilidades. Poderia optar por continuar fora do Brasil, passando frio e morrendo de vontade de poder usar o dinheiro que tem com seus amigos, pagodes e churrascos. Poderia voltar ao Grêmio, clube que o revelou, clube que ele traiu, torcida que se divide sobre sua volta.
Poderia arriscar o Palmeiras, onde teria uma torcida pra lá de chata em cima dele o tempo todo, além de criar problemas num elenco que está sem receber. Ou ir pro Flamengo, onde não tem histórico e a torcida demonstrou apoio.
Resolveu pela mais fácil, menos arriscada, mais inteligente.
Não porque Palmeiras ou Grêmio fossem apostas burras. Mas porque o cenário não é tão fácil pro jogador nestes 2 clubes.
No paulista pela pressão quase absurda que a torcida faz em cima da vida pessoal dos jogadores e pelo fato de já ter sido citado pelo capitão do time como um eventual “problema” no elenco em virtude dos salários atrasados.
No Grêmio porque ele teria eternamente uma parte da torcida levando em consideração a “sacanagem” de 2001, quando ele mentiu pro clube e pra torcida pra sair de graça. Desde então, os mais jovens o idolatram, os mais velhos se dividem, os mais respeitosos com a camisa do clube não gostam nem de ouvir o nome.
No Flamengo a situação é bem mais tranquila pra ele. Tem a torcida a favor, histórico zero com o clube, um treinador que ele conhece e já trabalhou, um clube que tem tanta ou mais facilidade de devolve-lo a seleção do que os outros dois e com o aval do Milan.
Ou seja, das 4 escolhas possíveis, fez a mais segura.
Pode dar tudo errado, é claro. Nem confio tanto assim no cara, e pra falar a real acho ele um puta craque assim como um puta pipoqueiro. Mas, pelo menos, a tolerância deve ser maior na Gávea do que no Olímpico e no Palestra Itália.
Decisão 99,9% tomada, segundo dirigentes de Flamengo e Milan, vamos aos premiados da semana.
O Palmeiras leva nota 8 porque apenas um cara saiu falando um pouquinho mais que devia. Sua torcida não arriscou em bancar o “ídolo” antes dele vir, e a diretoria não deu coletiva pra anunciar nada.
O Flamengo leva, até agora, se confirmar o 0,1%, nota 10. Se manteve calado, não prometeu nada, foi atrás e não reagiu publicamente a nenhuma manifestação dos rivais, que diziam estar perto. E, é claro, por ter levado. Algo incomum pra um dos clubes mais bagunçados do mundo, mas… desta vez foram muito bem.
O Grêmio leva nota 2. Seria zero, mas vou dar 2 porque sem ele não seria tão divertido. Que diabos foi aquela coletiva, presidente? Foram 3, com a de hoje. Pra dizer o que? Pra dar satisfação pra quem? Pra bancar a informação de quem? O Tricolor é tão rival do Inter que não aguentou em ver a presepada no Mundial e fez pior.
Assis leva nota 10. Ele levou 3 clubes no bico, a imprensa toda, decidiu o futuro do cara, valorizou 200% mais, fez todo mundo de babaca e ainda saiu levando o cara pra onde ELE queria. Quer empresário melhor que esse? Sem jogar o sujeito ganhou mais mídia do que jogando…
E o Ronaldinho, que ficará sem nota. Não podemos avaliar a participação de alguém tão pouco importante nessa história toda. Em momento algum foi a reuniões, foi a coletiva dar risada, só quis saber de balada, não se posicionou, não fez nada e foi mero “argumento” pra todo este circo. Até hoje ninguém ouviu da boca do jogador, que tem 30 anos, o que ele acha, onde quer, porque quer, quando quer e como quer. Como sempre, alguém responde por ele.
Agora é hora de parar de especular, enrolar e imaginar. Ronaldinho decide tudo em alguns dias, veste a camisa e treina pra jogar.
E é bom jogar. Pois nem o mais apaixonado torcedor é capaz de engolir seco toda essa novela pra nada.
abs,
RicaPerrone