Carnaval

A campeã do carnaval 2018

Domingo que vem haverá o desfile formal para o público em geral e jurados.  Talvez eles gostem, talvez não. Pode ser que o merecido título de 2017 venha em 2018 na quarta-feira de cinzas e não descobrindo um erro grotesco pelas justificativas depois.

Pode ser que a gente faça tudo errado no dia. Pode ser que a gente arraste a Sapucaí.

Pode ser.

O que já não pode ser é um fracasso. O que não será é um ano comum. E o que ninguém poderá nos tirar é a conquista do mais importante título do carnaval 2018:  pisar na Sapucaí como Mocidade.

Em 2017 fomos “surpresa”.  Ninguém achou que tão rapidamente viríamos de décimo pra campeão.  Em 2018 entraremos novamente como Mocidade. A favorita.

Foda-se se aumenta a pressão. Nós vivemos de favoritismo. Nós quebramos a banca do carnaval quando as mais tradicionais mandavam sozinhas. Nos revolucionamos, paramos a bateria, demos a ela uma rainha, enfiamos luzes e neon na festa e através do nosso líder criamos Liga, sambódromo, etc.

O carnaval é o que é hoje pela incrível história da Portela, da Mangueira, Estácio, Império, mas com a indispensável grandeza precoce da Mocidade. E quando ela é anunciada e o público não espera a campeã, algo de muito errado acontece.

Eu fui na Vintém. Nunca tinha ido. Vi o povo nas ruas invadindo a quadra antiga, a bateria espancando os instrumentos, a comunidade chorando e pulando sem ouvir o samba que era abafado pela bateria e a falta de equipamento de som.

Sambavam e cantavam se saber o trecho que a música se encontrava. E pulavam felizes, orgulhosos, como quem “volta pra casa”.

E não me refiro a voltas pra quadra não. Me refiro a ver a rua tomada, as pessoas da comunidade abraçando a escola, orgulhosos tirando suas camisas do armário e correndo pra dizer que “sou Mocidade”.

É ver o Dudu, filho do Coé, assumir a bateria do Andrezinho, filho do mestre André, e levar o trabalho ao “Dez!”novamente.  É ver as pessoas ostentando o enredo, ver “namastê” ser palavra comum em Bangu, o Marino e o Wander conduzirem a escola enquanto cumprimentam todos que os viram crescer a sua volta.

É a bateria na rua com os pais, filhos e irmãos do percussionista na calçada orgulhoso.  Porra, neguinho! “Meu pai é da bateria da Mocidade!”.

Eu não tenho um passado na Mocidade pra resgatar, contar ou me emocionar. Sou desde 1985, frequento desde que mudei pro Rio. Mas por tudo que vivemos esse ano, da apuração sofrida, ao resultado injusto corrigido, passando pelos ensaios de rua, a retomada da Vintem, a festa no campo de Golf até o ensaio técnico arrebatador de ontem….  o que os jurados vão achar é só um detalhe.

Quando a escola apontar na Sapucaí domingo, todos saberão quem tá entrando, se levantarão pra ver a possível campeã e esperar muito de quem sempre entregou algo mais.

A zona oeste vai ligar a tv e chamar de “minha escola”  de novo. E se isso vale menos que a opinião dos jurados, eu não sei mais pra que se faz carnaval.

Agora sim te conheço. Agora sim sei quem você é. E se eu já te achava tudo aquilo antes, hoje nem sei dimensionar o que sinto ao te ver passar.

Salve a Mocidade! O carnaval já valeu a pena.

abs,
RicaPerrone

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