A.N. / D.N.
O futebol brasileiro vive um momento maravilhoso. Com receitas dobrando, triplicando, jogadores voltando, estrelas ficando e os clubes crescendo, só não nota os “chupa-euro”, mas esses não tem conserto.
Pra estes, que infelizmente não são poucos, “shit” fede menos do que “merda”.
Neymar assume um papel assustador e jamais visto antes. Ele quebra todos os dias o discurso moralista de que “jogador não pode pensar em fazer propaganda”, “muita mídia atrapalha”, “quando se faz muito trabalho paralelo cai o rendimento”, “se não focar só no futebol não rende”, entre outras idiotices que só sendo criado em condominio pra acreditar.
Neymar vive, sai, faz festa, vai em todos os programas, se vende, faz propaganda, tem agenda cheia e voa em campo.
O problema não está nele. O problema está em quem não consegue gravar algo sexta a noite e jogar bola sabado a tarde. Neymar consegue, afinal, sabe o que quer, onde quer ir e, apesar de viver ouvindo que “sem ir pra porra da Europa ele não será o melhor”, ele fica, e será o melhor.
Ele não é ainda por ter 20 anos, passar menos na tv mundial e por ter alguém mais velho a sua frente. Até por respeito ao que Messi ja fez e Neymar poderá fazer, o argentino é hoje o melhor. Neymar não se incomoda, concorda, como quem soubesse e tivesse certeza que isso é questão de tempo.
Também tenho, devo confessar. Mas não posso afirmar que será, só opinar que está perto de ser.
O garoto sorri, joga bola, brinca, cativa os fãs, não se mete em problemas, vai na tv e dá um show de carisma sem ser polêmico. Se veste como quer, ganha mais do que se jogasse no Real Madrid, é feliz e faz tudo isso num time de torcida “menor” que as maiores massas do país.
E aí aquele discurso todo do “impossível” começa a ser contestado com fatos. É possível, e está ai pra quem duvidar, um garoto ganhar aqui o que ganha lá. E se é possível no Santos, que não tem a mídia de um Flamengo, ser o que ele é, é bem claro que os 12 grandes podem ter seus “Neymares”.
A Copa vai mudar nossos estádios, as empresas vão notando o quanto podem ajudar. Neymar está aqui porque vende, e as empresas estão bem felizes com ele. Ronaldo abriu uma empresa pra ensinar brasileiro a parar de babar e começar a trabalhar. Dá pra fazer. Não há nada que um europeu faça que eu ou você não possamos fazer. Somos tão humanos quanto, basta se organizar e querer.
No Brasil queremos emprego. Não tem. Mas trabalho, tem. Se procurar, acha. Trabalho é diferente de emprego, e mudar uma situação histórica e cultural dá trabalho.
Se ele quiser, fica. Se ele quiser será o melhor do mundo sem ir até a Europa. E se o fizer, além de já ter feito do “salário europeu” um mito, vai quebrar outro tabu. Se sair, jogará com times muito mais fracos mais vezes e, obviamente, fará mais nome ainda. Se ficar jogará contra times menos fortes que os tops da Europa, mas jogará mais vezes. Lá, conforme conta que já apresentei aqui, se finalista da Champions, um Real Madrid pega 7 adversários de nivel por ano.
Não, não me convença que isso é “crescimento ou desafio profissional”. Isso é melhor oportunidade de fazer história, afinal, é mais fácil.
Duro é fazer o que ele está fazendo aqui. Inteligente será a CBF quando tiver um Ronaldo na presidencia, ou quando os atuais notarem que “doar” o Brasileirão pras TVS do mundo todo seria uma jogada genial, ao invés de ficarem brigando até com FiFa soccer pra tentar pedir algo por um campeonato ainda mal explorado.
Neymar é um marco. Pode se desfazer, mas hoje é. Se amanhã topar sair pra um grande da Europa terá feito o que os outros genios também fizeram. Se ficar pode até ser o maior gênio de todos. Talvez não com a bola, pois Pelé é Pelé. Mas fora dele, mudando pra sempre a história do “coitadinho” futebol brasileiro.
Neymar não se acha coitadinho, não acha o Santos menor que o Inter de milão e faz com que não seja. Quando também acharmos isso do que é nosso, seremos como Neymar.
Enquanto não sabemos como fazer, aplaudimos qualquer arroto em ingles e menosprezamos qualquer poema em portugues.
Neymar ainda não pode ser colocado num pedestal, é cedo. Mas desde Ayrton Senna não vemos um sujeito que não tenha complexo de inferioridade por ser brasileiro como ídolo. Neymar não tem.
E por isso pode mudar o nosso futebol para Antes de Neymar / Depois de Neymar.
abs,
RicaPerrone