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“Ai, Jesus!”

Queria que Nelson Rodrigues estivesse vivo.

Se tivesse e ainda assim suportasse ao Fla-Flu desta tarde, faria uma crônica memorável, digna do jogo que acabamos de assistir no Engenhão.

Engenhão que pode ter recebido seu último Fla-Flu, dependendo da tabela do carioca e a entrega do Maracanã. E se recebeu, entendeu porque não o merece.

Nenhum estádio, a não ser o Maracanã, é digno de um Fla-Flu.

Fred, Cavalieri e Deco, são.

O time do Flamengo, hoje, foi.

A coluna pós jogo deve seguir a linha de sempre e exaltar o vencedor, deixando pra depois qualquer crítica ou análise do que agora se lamenta.

Mas quem se lamenta, hoje, vai se orgulhar de ter visto o que viu dentro de algumas horas. A dor de uma derrota só vale a pena quando pode ficar guardada, e esta ficará.

O Flamengo não perdeu um jogo por sua incapacidade de armar, criar, defender ou até finalizar. Foi o Flu que não sofreu o gol de empate com sua gigantesca vontade de ser campeão brasileiro.

Acuse o Fluminense de um desvio de caráter tático ao fazer 1×0, do que for. Não de não se doar em campo. De forma errada, arriscada, desnecessária, mas se doa.

E se a bola não quis entrar, quem sou eu pra discutir com ela?

O Fla Flu desta tarde não teve perdedor. Teve sim um grande vencedor, o Flu, que agora começa a ver o caminho do tetra clarear.

Se este jogo for servir de lição pra alguma coisa, que seja “lição de casa”. Gravem, entreguem nas escolas e passem pra molecada ver explicando porque diabos brasileiro adora esse tal de futebol.

O Flamengo ataca com 11 canivetes, o Fluminense com um revólver de 4 balas. Uma delas pode determinar o fim da briga mesmo em meio a um massacre.

Fred atirou, e matou.

Mereceu? Não mereceu?

Um diz que será um “Ai, Jesus”, e foi.

Outro que “vence o Fluminense”, e venceu.

Pintou um campeão, sumiu um rebaixado.

abs,
RicaPerrone

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