Era óbvio que se um goleiro fosse falhar na final, seria o do Flamengo. Que se um fosse brilhar, seria o Fábio.
Mais óbvio que isso apenas a redenção do Muralha nos pênaltis. E quando o juiz apitou, aposto, não teve um brasileiro vivo que não pensou: “Futebol é foda. O Muralha vai sair herói”.
Porque há duas lógicas. A lógica, e a lógica do futebol.
É raro, mas as vezes a primeira prevalece. E como tal, o herói é o goleiro do Cruzeiro, o vilão é o do Flamengo. Convenhamos, uma criança de 12 anos diria isso ao ler o cenário antes da primeira partida.
Mas não temos 12 anos. Temos uma vida para saber que quem perde o pênalti é o craque. E aí sim, deu a lógica. Diego, que por lógica faria, pela lógica da bola, perderia. E perdeu.
Tal qual Thiago Neves, que escorregou e num ato de coragem e bravura brigou com a lógica do futebol e manteve a direção da bola. O craque, o pênalti decisivo… a lógica.
A primeira final européia do Brasil. O primeiro jogo decisivo onde os finalistas não queriam ver o rival perder. E não viram. Eram quase simpáticos ao título alheio. Nunca tinha visto nada igual.
O Mineirão tem volta Olímpica enquanto escrevo. É a quinta vez que acontece. Não é possível ignorar a ironia que há em ser o Cruzeiro, time mais enfático em suas conquistas no país, o maior campeão de um torneio de mata-mata.
Auto proclamados “maior de Minas”, o “maior do Rio”. Fofos, mas agora só há um que importa.
Cruzeiro, hoje, o “maior do Brasil”.
abs,
RicaPerrone