FutebolSem bola

Bad news, John!

Imagine um mundo melhor. Mais humano, mais justo, menos dividido e mais feliz. John imaginou e fez de sua idéia um hino. Um hino aclamado pelos mesmos hipócritas que jamais farão desde mundo sequer um pouco melhor, imagine o idealizado por John.

Ontem na França um médico deu uma entrevista sugerindo que algumas experiências para a cura do Coronavirus fossem feitas na África, já que “as pessoas não usam máscaras nem tratamentos de reanimação. Isso acontece em casos de Aids, onde prostitutas são usadas para testar certas coisas, porque sabem que estão muito expostas e não têm proteção”, disse o doutor.

Alguma surpresa? Drogba e Etoo, africanos, responderam se sentindo ofendidos. Disseram não ser cobaias por serem pobres ou negros e, com razão, se revoltaram.

Saiu uma notinha. Uns RTs no twitter. E nenhum espanto na França, na Europa em si.  O que tem de tão absurdo em sugerir que pobres sejam cobaias dos ricos em 2020 em rede nacional, não é mesmo?

Toda Copa do Mundo as pessoas me perguntam porque eu odeio a Argentina. E eu explico, toda vez, que esportivamente são nojentos. Desleais. Nos eliminaram de duas Copas roubando. Acham graça. Eu não acho. Não foi um erro desportivo do juiz. Foi a compra de um adversário e o doping de jogadores adversários.

Lá, o “macaco” é comum. Sai no jornal,  é dito na tv.  Melhorou, mas há pouco mais de 2 meses havia manifestação racista no estádio sem qualquer espanto ou rejeição em torno do idiota.

Mande um jornal brasileiro chamar um negro de macaco e você verá que, minimamente, causa revolta e rejeição. Em alguns países é normal. Cultural. E em respeito a maioria negra do meu país me recuso a achar que não exista, mas me recuso ainda mais a tratar com naturalidade.

Separe o “macaco!” do penalti no final do jogo do “macaco” dito serenamente no dia a dia, por favor. O calor de um momento faz você dizer coisas horríveis, ameaçar pessoas com “vou te matar!”, e nem uma mosca você mata. O “macaco” cultural, do dia a dia, sem espanto, é o mais absurdo.

O teste na África por ter menos condições nem sei se posso chamar de racismo. Mas de discriminação pela classe social, no mínimo.

Que mundo é esse onde torcem contra um remédio pra ter razão? Que planeta melhor podemos imaginar se entre ajudar quem precisa e usa-los de cobaia a segunda opção não causa sequer espanto?

John, meu caro, não rolou. E nem vai rolar.

RicaPerrone

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